Varizes na menopausa: entenda a relação entre elas
As varizes na menopausa são apenas alguns dos sintomas que as mulheres precisam encarar quando chegam nesse período. A condição ocorre com maior frequência nesse período, já que o fim da fase reprodutiva da mulher, ou seja, geralmente entre 45 e 50 anos, acontece a queda estrogênica. Com isso, a pele fica mais frágil, acarretando em alterações diretamente nas veias, que ficam mais finas, dilatadas e tortuosas, favorecendo a aparição de varizes.
Entre outros efeitos da queda de progesterona e estrógeno está a redução da massa muscular, principalmente na musculatura das panturrilhas, pois envolvem as veias profundas e atuam como bomba para esvaziar o sangue das pernas.
Quais são as causas das varizes na menopausa?
De acordo com o Dr. José Ben-Hur Ferraz Parente, cirurgião vascular, as varizes podem aparecer ou se potencializar na menopausa por conta dessas mudanças hormonais. Dessa forma, deve ser observada a presença de vasinhos, evitando sua progressão. Se isso acontecer, pode dificultar o resultado estético, e até mesmo encarecer e complicar o tratamento.
O médico esclarece ainda que os quadros de varizes nas pernas estão relacionados à hereditariedade. Chamados de varizes primárias, elas começam a se tornar evidentes em alguns casos já na juventude, mas que podem apontar em qualquer época da vida. “É preciso lembrar também da obesidade, do sedentarismo e dos maus hábitos que contribuem significativamente para que as varizes se manifestem”, comenta.
Já as varizes secundárias estão relacionadas, sobretudo, a sequelas da Trombose Venosa Profunda, uma obstrução das veias que são envolvidas pela musculatura e responsáveis por 90% do sangue que retorna das pernas. “Essas varizes, que podem aparecer com pigmentações na pele e até provocar lesões, têm o intuito de compensar as veias que foram obstruídas”, explica o cirurgião vascular.
Diagnóstico evita progressão das varizes
As varizes, além do componente estético, incomodam muitas mulheres também por conta dos sintomas, como peso, cansaço e dor ao final do dia. Além disso, segundo o especialista, devido ao comprometimento anatômico e funcional, as veias dilatadas e tortuosas favorecem a formação de coágulos dentro delas, o que pode acarretar em inflamações e até mesmo trombose venosa e embolia pulmonar, quando o coágulo migra das veias profundas para o pulmão. Na evolução das varizes não tratadas, há a possibilidade de surgir manchas escuras na pele e até mesmo feridas, nas fases mais graves.
Por isso, o ideal é prevenir o seu surgimento. “Durante a menopausa, é recomendado que a paciente realize os exames que permitam avaliar a circulação das artérias e das veias por meio de método não invasivo. Eles podem prevenir o avanço da doença, bem como tromboses e derrames”, explica o médico. Além disso, pacientes que têm história de cirurgias prévias de varizes, tromboflebites e, sobretudo, episódio de trombose ou embolia pulmonar prévia, merecem um cuidado ainda maior, pois, com o avançar da idade, a diminuição no nível de atividade física e o ganho ponderal, o risco de recidiva de outros eventos de trombose aumentam consideravelmente.
Saúde vascular e os hormônios femininos
Além das varizes, outras doenças vasculares correm o risco de aparecer na menopausa. “A redução hormonal observada nesse período eleva os níveis de LDL (colesterol ruim) e abaixa os níveis de HDL (colesterol bom), o que favorece o aparecimento da aterosclerose, que é o depósito de gordura dentro do interior das artérias, e leva à obstrução das mesmas, com problemas circulatórios graves, como infarto, derrames, além do risco de amputações”, enfatiza o Dr. Fabio H. Rossi, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.
O especialista lembra ainda que o efeito protetor exercido pelos hormônios femininos, no endotélio dos vasos, que é a camada interna, se perde a partir da menopausa e aumenta muito o risco da formação dessas placas de ateroma, principalmente nas mulheres que possuem outros fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias e fatores genéticos.
O cirurgião vascular Marco Antonio Soares Munia alerta que a reposição dos hormônios femininos, comumente realizada nessa fase, aumentam o risco de desenvolver varizes e tromboses. “Se houver a necessidade de reposição hormonal, existe um consequente aumento do risco de trombose venosa, e ela deve ser feita apenas após a avaliação vascular, para avaliar o possível risco de complicações. Em muitos casos essa reposição pode até mesmo ser contraindicada. Cada paciente é única e as particularidades necessitam ser levadas em consideração para uma decisão acertada. Muitas vezes o trabalho do ginecologista junto com o cirurgião vascular leva a melhores alternativas para a saúde”, ressalta Dr. Munia.
Como evitar as varizes na menopausa?
Por fim, segundo os especialistas, algumas medidas são importantes para prevenir as varizes na menopausa. Entre elas a adoção de bons hábitos diários, como:
- Prática de atividade física, pois promove a redução do peso e fortalece a musculatura da panturrilha, favorecendo o retorno venoso;
- Realização de caminhada, que diminui o colesterol e reduz a pressão arterial;
- Manter uma dieta rica em fibras e hidratação frequente com ingestão de pelo menos dois litros de água por dia;
- Avaliação com médico vascular para eventual tratamento e orientação quanto ao uso de medicação;
- Fazer uso de meia elástica.
Fontes: Dr. José Ben-Hur Ferraz Parente, cirurgião vascular e membro da Comissão de Flebologia Estética da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, da Regional São Paulo (SBACV-SP); Dr. Fabio H. Rossi, cirurgião vascular e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular; e Dr. Marco Antonio Soares Munia, cirurgião vascular e membro da SBACV-SP.