Trombose: o que é, tipos, causas, tratamento e mais

Saúde
26 de Maio, 2022
Trombose: o que é, tipos, causas, tratamento e mais

A trombose é uma obstrução causada por coágulos de sangue em veias ou artérias. Às vezes, esses coágulos podem se dissolver de forma espontânea, mas alguns quadros geram complicações severas — como AVC, infarto agudo do miocárdio, embolia pulmonar, situações que podem levar à morte. Saiba tudo sobre o assunto e aprenda a se prevenir.

Tipos de trombose

São dois tipos principais — um atinge os vasos sanguíneos e outro, as artérias. Seus sintomas são diferentes, e ambos exigem atenção aos desconfortos para o diagnóstico precoce:

Trombose venosa profunda

Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBAV), é a manifestação mais comum da trombose. Atinge, na maioria dos casos, os vasos sanguíneos dos membros inferiores. Causa inchaço, dor intensa no local e sensação de peso e cansaço nas pernas nos primeiros estágios. Também desencadeia varizes, outra evidência visível do problema, que representa a ineficiência do trânsito do sangue para o coração e vice-versa.

Contudo, boa parte dos indivíduos não desenvolvem os sintomas ou aparecem de maneira discreta. Dessa forma, muitos pacientes diagnosticados já estão na fase crônica, “caminhando” para outras complicações decorrentes da deficiência na circulação. Como resultado, pode ocorrer a síndrome pós-flebítica, um conjunto de lesões com úlceras na perna, varizes grandes, escurecimento da pele e redução da mobilidade.

Trombose arterial (TA)

Como o próprio nome sugere, os coágulos da TA se desenvolvem nas artérias e provocam a diminuição da circulação de sangue para o coração. Assim, o órgão não consegue distribuir o sangue de forma adequada para outras regiões do corpo. Por isso, a pele pode ficar pálida, gelada e arroxeada nos locais com pouco fluxo sanguíneo.

Esse tipo de trombose pode manifestar uma fase aguda, chamada oclusão arterial aguda das extremidades, e normalmente afeta pernas e braços. Isso acontece devido ao entupimento de uma artéria, e traz a sensação de formigamento, ausência de pulsação e dificuldade extrema de movimentação. Quadros ainda mais graves correm o risco de causar gangrena na região prejudicada.

Causas da trombose

Existem muitos fatores de risco, hábitos e doenças que podem ocasionar a formação da trombose. Por exemplo:

Sedentarismo

A falta de atividade e movimento na rotina é um perigo para a saúde. Principalmente se a pessoa passar longos períodos sentada, pois a ausência de contração da panturrilha reduz os níveis de circulação do sangue. Por isso, a recomendação é fazer pequenas pausas para caminhar e ficar de pé ao longo do dia.

Viagens longas de avião

É um fator de risco pelo mesmo motivo de ficar sentado por muito tempo. Afinal, longas viagens de avião limitam a atividade física e favorecem o quadro de trombose, sobretudo se o indivíduo viaja com frequência.

Histórico familiar

A hereditariedade é uma característica determinante para a trombose. A hipercoagulabilidade, ou seja, a facilidade anormal de coagulação do sangue é um aspecto genético que torna-se um risco se estiver associado a outros hábitos e doenças favoráveis à trombose.

Uso de pílula anticoncepcional

De acordo com o hospital Oswaldo Cruz, algumas pílulas podem aumentar a probabilidade de uma trombose arterial ou venosa. No entanto, a pílula não é a única responsável pelo quadro — são necessárias outras variáveis, como predisposição genética, idade e estilo de vida, como tabagismo, obesidade e sedentarismo.

Tabagismo e obesidade

São uma dupla perigosa para o sistema cardiovascular: a obesidade favorece o quadro inflamatório generalizado do organismo, e o aumento de peso suprime as veias e artérias. Já o hábito de fumar estimula a coagulação do sangue e atrapalha a circulação.

Gravidez

Durante a gestação, o corpo feminino passa por uma série de transformações para acompanhar o crescimento do bebê. Com o ganho de peso da mãe e do feto, os membros inferiores sofrem uma pressão maior nos vasos sanguíneos. Assim, é comum ganhar vasinhos dilatados, que ficam aparentes, e desenvolver varizes que podem evoluir para a trombose. Portanto, a gestante precisa ficar atenta aos desconfortos e manter contato com o médico para evitar problemas.

Envelhecimento

Homens e mulheres acima dos 60 anos são mais suscetíveis a problemas na circulação.

Outras doenças e cirurgias

Problemas congênitos ou adquiridos ao longo da vida, como insuficiência cardíaca, colesterol alto, hipertensão e diabetes podem causar o comprometimento da circulação. Além disso, alguns tipos de câncer e infecções no tubo digestivo são capazes de levar à trombose. Por fim, procedimentos cirúrgicos demorados que envolvem anestesia geral também trazem riscos de trombose. Nesses casos, é fundamental utilizar meias de compressão após a cirurgia e seguir as orientações médicas.

Covid-19 e trombose

Estima-se que de 10% a 15% dos pacientes internados por conta da infecção do novo coronavírus tenham apresentado algum evento trombótico. Aliás, em casos de pacientes na UTI, esse número pode chegar a 30% — taxas muito altas se comparadas ao período pré-pandemia. Isso acontece porque o SARS-CoV-2 pode danificar o endotélio (camada interna da parede dos vasos sanguíneos). Essa é uma parte responsável por não permitir que o sangue coagule. Então, se o vírus danifica a camada, a deixa mais propensa à formação de trombo. Porém, é importante salientar que maioria dos quadros de trombose não está associada à Covid-19.

Mas o que acontece se a trombose não for tratada?

A ausência de um diagnóstico assertivo e tratamento pode evoluir para complicações fatais, tais como:

Embolia pulmonar

Ocorre quando os coágulos se movimentam rumo aos pulmões, causando o entupimento das artérias. Os sintomas são pontada ou aperto na região do tórax, tosse, falta de ar, palpitação, febre e cianose (face e extremidades do corpo arroxeadas pela falta de oxigenação).

Infarto agudo do miocárdio

A trombose das artérias do coração (coronárias) pode causar dor torácica de forte intensidade e aperto no peito que irradia para o braço esquerdo, ombro, abdômen e região da mandíbula. Ainda podem surgir falta de ar, sensação de desmaio, palidez, náuseas, sudorese e palpitação.

Acidente vascular cerebral (AVC)

Também conhecido por trombose venosa cerebral, o AVC causa a obstrução das veias do cérebro. A princípio, os sinais são dor intensa na cabeça, convulsão, perda de consciência, confusão mental, tonturas associadas a náuseas e vômitos, perda de força ou formigamento em um lado do corpo, desvio da boca e dificuldades na fala.

Leia também: Alimentação saudável contra trombose: Veja o que comer

Diagnóstico da trombose

A identificação da doença começa no consultório: o médico faz um levantamento do histórico e estilo de vida da pessoa, além dos sintomas. Dependendo do quadro, o diagnóstico é visual. Mas o profissional sempre solicita exames para mais detalhes, que podem ser:

  • Hemograma completo e coagulograma.
  • Ressonância magnética e tomografia computadorizada.
  • Ultrassom vascular ou eco color doppler.

Tratamento da trombose

Algumas técnicas têm o poder de dissolver os coágulos (trombos) e costumam ser eficazes, principalmente em quadros menos crônicos. Por outro lado, a cirurgia vascular é uma alternativa para retirar os coágulos de difícil dissolução. Nela, o cirurgião retira os vasos lesionados para evitar novas complicações. Ambas as opções exigem recomendação profissional e cuidados para a vida toda. Afinal, dependendo da causa, a trombose pode retornar. Logo, é necessário tomar medicamentos anticoagulantes, que controlam o colesterol e vasodilatadores. Se houver outras doenças relacionadas ao problema, o tratamento conjunto torna-se essencial. No caso de trombose venosa profunda, o médico ainda pode prescrever o uso frequente de meias de compressão.

Exercícios para trombose

A atividade física deve integrar o tratamento e prevenção da doença. Portanto, todo exercício é válido para manter a saúde vascular, mas deve ser realizado com orientação profissional. Contudo, é válido priorizar atividades que estimulam e fortalecem os membros inferiores: caminhada, corrida e musculação são bons exemplos e trabalham a contração da panturrilha, um músculo importante para o bombeamento do sangue.

Alimentação para trombose

A dieta é outro pilar que exige revisão, principalmente se a pessoa não tem bons hábitos. Como parte da reeducação, é regra reduzir o consumo de alimentos gordurosos, industrializados e ricos em sódio. Veja aqui o nosso programa Virada Saudável de 30 dias, que possui um cardápio completo e variado para você ganhar saúde com uma alimentação equilibrada e nutritiva.

Como evitar a trombose?

Antes de mais nada, se manter ativo fisicamente e conservar boas práticas de saúde são mandamentos para prevenir a trombose e outras doenças. Em outras palavras, evitar o tabagismo, excesso de bebidas alcoólicas e hábitos potencialmente perigosos para o organismo. Outra dica é manter a assiduidade nas consultas de rotina. Ou seja, realizar exames semestrais e o acompanhamento médico ajudam a prevenir e melhorar as chances de tratamento em diagnósticos precoces.

Especialidades envolvidas no diagnóstico e tratamento da doença

À primeira vista, o médico angiologista é o profissional que identifica os sintomas e causas da trombose. Mas de acordo com o tratamento, um cirurgião vascular pode integrar a rotina do paciente.

Leia também: Vacina de Covid-19 causa trombose? Veja 9 mitos e verdades sobre a doença

Fonte: Marcelo Melzer Teruchkin, cirurgião vascular do Hospital Moinhos de Vento, e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) e da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH); e Joyce Annichino-Bizzacchi, hematologista e professora do departamento de clínica médica da Unicamp.

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