Vacina de Covid-19 causa trombose? Veja 9 mitos e verdades sobre a doença

Saúde
14 de Julho, 2021
Vacina de Covid-19 causa trombose? Veja 9 mitos e verdades sobre a doença

Nos últimos meses, a internet foi tomada de informações sobre a relação entre a vacina de Covid-19 (principalmente a AstraZeneca) e o desenvolvimento de trombose. A repercussão ganhou força após casos ocorridos na Europa e Estados Unidos em abril deste ano, e a morte de uma gestante no Rio de Janeiro um mês depois.

Apesar de raros, os episódios associados às vacinas levantaram questões importantes sobre o que é a trombose, como ela se manifesta e como preveni-la. Confira seus mitos e verdades:

Vacina AstraZeneca causa trombose e outros mitos e verdades sobre a doença

1 – A vacina da AstraZeneca causa trombose

VERDADE. Mas são casos muito raros. Uma trombose acontece quando um coágulo de sangue interrompe a circulação de uma veia ou artéria, comprometendo a irrigação e a função regular daquele órgão ou tecido.

“As tromboses desencadeadas pelas vacinas ocorrem por um mecanismo chamado de imunomediado, isto é, decorrente de uma reação imunológica que envolve as plaquetas”, explica a hematologista Joyce Annichino, professora do departamento de clínica médica da Unicamp.

Contudo, de acordo com a especialista, esse não é um motivo para deixar a imunização de lado, uma vez que a chance é muito pequena. “Há um aumento no risco, mas isso não deve ser uma contraindicação para a utilização das vacinas — mesmo em pacientes que já tenham tido trombose.”

2 – Quem já teve uma trombose tem mais risco de ter novamente

VERDADE. Sim, pois uma nova trombose, chamada de retrombose, é uma das possíveis complicações. Dependendo do local onde a primeira trombose ocorreu, o coágulo (ou trombo) pode não se dissolver totalmente e favorecer uma nova interrupção de circulação.

Mas é preciso dividir bem o que é trombose arterial e o que é trombose venosa. A primeira ocorre em uma artéria e implica em um quadro mais grave. “Quando você obstrui uma artéria, ela estava levando sangue oxigenado. Se há uma obstrução total, o órgão ou tecido que deixou de ser irrigado pode necrosar de forma muito rápida”, afirma a doutora. “Já a trombose venosa, por outro lado, obstrui o vaso que traz o sangue que está voltando daquele órgão ou daquele membro para o coração. O mais comum é a trombose das pernas, e nesse caso, pode ocorrer uma inflamação local, inchaço e dor”, afirma a médica.

A trombose venosa, apesar de menos grave, pode se desprender e atingir os pulmões (a embolia pulmonar, que pode ser fatal). Por isso, é sempre importante ter acompanhamento médico.

3 – Uma trombose pode resultar em um derrame

VERDADE. O derrame é uma diminuição da passagem de sangue no cérebro — causado, em sua maioria, por uma trombose arterial, mas também pode ser por trombose venosa. No caso da trombose arterial, a artéria é entupida por um trombo e o tecido cerebral que estava sendo irrigado passa por um processo de necrose.

“Dependendo do tempo que o paciente demora para conseguir o tratamento, a redução do fluxo sanguíneo na região, potencialmente, prejuda a sua recuperação, podendo alterar a fala, ou causar uma paralisia de algum membro ou total”, relata Joyce Annichino.

4 – A trombose não atinge pessoas atléticas e em boas condições físicas

MITO. Claro que quanto melhor o estado de saúde física de uma pessoa, menor o risco de ela ter alguma doença. Um atleta geralmente tem um bom perfil lipídico e, por isso, menos chances de apresentar hipertensão, diabetes ou obesidade. No entanto, existem casos de trombose venosa que estão ligados a lesões esportivas.

Foi o que aconteceu com a jogadora de tênis americana Serena Williams em 2010, por exemplo. Uma série de pequenas lesões foram responsáveis por levar coágulos de sangue ao seu pulmão — o que, infelizmente, acabou gerando um caso sério de embolia pulmonar que a tirou das quadras por quase 12 meses.

A médica conta que não é raro encontrar pacientes de trombose com esse perfil em seu consultório. “Muitas vezes, eles acham que foi uma trombose espontânea, sem fator de risco nenhum, mas quando a gente investiga com mais cuidado, descobre que ele teve uma lesão ou distensão, seguido de dor e inchaço.”

Leia também: Exercícios que diminuem o risco de desenvolver trombose

5 – Somente pessoas de idade vão ter trombose

MITO. A idade é, sim, um fator de risco para trombose, mas não é o único. Pessoas de todas as idades podem desenvolvê-la.
Obesidade, diabetes, hipertensão e alto nível de colesterol podem contribuir para casos de trombose arterial em pessoas de qualquer idade. Já outros fatores que fazem parte da nossa vida cotidiana podem levar a tromboses venosas, como viagens aéreas com mais de seis horas, uso de anticoncepcionais hormonais, gestações, câncer e hereditariedade.

6 – Além da vacina AstraZeneca, pílulas anticoncepcionais podem contribuir para casos de trombose

VERDADE. Isso vale para anticoncepcionais hormonais que contêm estrogênio. “A paciente vai ter o aumento de alguns fatores de coagulação e a diminuição de anticoagulantes naturais. Tudo isso pode favorecer a trombose”, explica a médica.

“O papel do ginecologista é muito importante porque a trombose venosa é a terceira causa de morbimortalidade no mundo — algo evitável se os médicos souberem fazer um bom histórico de suas pacientes e não as exporem a riscos desnecessários”, completa.

7 – Mulheres têm mais tromboses do que homens

MITO. Há mais casos de trombose entre os homens, ainda que a diferença entre os sexos seja muito pequena. No entanto, o sexo feminino está, ao longo da vida, mais exposto a fatores de risco para trombose venosa, como a gestação e o uso de anticoncepcionais hormonais.

8 – A maioria das tromboses ocorre durante viagens aéreas ou rodoviárias

MITO. Em viagens aéreas com mais de seis horas, há realmente um risco maior, especialmente para pessoas altas ou baixas demais para os assentos dos veículos. O uso de medicamentos para dormir (que podem deixar o passageiro relaxado e em uma posição inadequada) e a própria pressurização do avião também podem contribuir.

Contudo, as viagens não são o fator de risco mais importante para trombose: uso de pílulas hormonais e cirurgias sem profilaxia são mais perigosos. Para prevenir, a médica recomenda alguns cuidados. “Tome bastante líquido, evite excesso de álcool e, de vez em quando, dê uma caminhada, ou pelo menos movimente a perna mesmo sentado(a)”.

Leia também: Má circulação nas pernas: exercícios e dicas para evitar

9 – Eu posso perceber que estou tendo uma trombose e buscar ajuda

VERDADE. Sintomas como dores em pernas, coxas, braços e abdômen, formigamentos, inchaços, endurecimento e calor no local podem apontar para uma possível trombose venosa. O derrame (AVC), decorrente de uma trombose venosa, pode se manifestar através de dor de cabeça forte, náusea, vômito, ou até paralisia de um dos membros.

O que fazer para diminuir o risco da vacina AstraZeneca de causar trombose?

O primeiro e mais importante passo é praticar atividade física com regularidade. Para o caso de lesões em exercícios, é interessante prestar atenção no local em busca de inchaços ou dores desproporcionais nos dias seguintes.

Além disso, sempre que passar por um episódio que propicie o desenvolvimento de trombose venosa, converse sobre o assunto com seu médico. “Cirurgias, casos onde o paciente deverá ficar imobilizado, indicação de anticoncepcional com estrogênio, hospitalizações. Esses são alguns casos que vale levantar um questionamento ao médico quanto a esse risco”, finaliza Dra. Joyce.

Leia também: Alimentação saudável contra trombose: Veja o que comer

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e educadores físicos.

Leia também:

criança pode comer chocolate
Alimentação Bem-estar Gravidez e maternidade Saúde

Criança pode comer chocolate? Entenda a idade mínima recomendada

Adorado pelos pequenos, o doce é um tanto quanto controverso quando falamos em alimentação saudável

Câncer de colo do útero
Saúde

Câncer de colo do útero: América Latina é o 2ª lugar com mais mortes

Doença é a terceira mais incidente no Brasil e a quarta causa de morte por tumores em mulheres