Dieta Bernstein: Cardápio com poucos carboidratos para o controle do diabetes
Basicamente, a dieta Bernstein é uma intervenção nutricional projetada para ajudar a controlar os níveis de glicemia (açúcar no sangue) de quem tem diabetes, bem como evitar as possíveis complicações da doença. Desse modo, apesar de não ser o foco dessa alimentação, ela pode provocar o emagrecimento.
Resumidamente, a estratégia é composta por três refeições diárias baseadas nos “alimentos permitidos” e em quantidades reduzidas de carboidratos. Por outro lado, há também uma lista de “ingredientes proibidos”, que devem ser evitados. Com relação às proteínas e às gorduras boas, entretanto, o paciente fica mais livre para ingeri-las.
A dieta Bernstein é ainda mais efetiva se feita com acompanhamento médico e se combinada com a prática regular de exercícios físicos. E costuma levantar discussões, afinal, as diretrizes dos principais órgãos de saúde não aconselham que pessoas com diabetes fiquem muitas horas sem comer — e nem façam uma restrição tão intensa de carboidratos.
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Portanto, veja a seguir como a dieta funciona, bem como seus prós e contras:
Como a dieta Bernstein surgiu
A estratégia alimentar foi criada pelo endocrinologista Richard K. Bernstein, dos Estados Unidos. Ele foi diagnosticado com diabetes tipo 1 em 1946, aos 12 anos de idade, e teve complicações graves da doença por muitos anos.
Em 1969, comprou um monitor de glicemia, que na época era usado apenas em hospitais. Por isso, começou a testar o açúcar no sangue ao longo do dia para tentar descobrir quais fatores fariam com que seus níveis de glicose aumentassem ou diminuíssem.
Por fim, descobriu que poderia controlar essa variável apostando em uma combinação de exercícios físicos, dieta baixa em carboidratos e menores doses de insulina. Desde então, formou-se em medicina (antes, era engenheiro) e publicou seis livros sobre o tema.
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Como funciona
A dieta de Bernstein limita a quantidade de carboidratos que uma pessoa ingere a 30 gramas por dia. Para você ter uma ideia, uma pessoa com a alimentação convencional obtém 45% de carboidratos do total de calorias diárias — cerca de 225 gramas.
A intervenção não tem regras ou diretrizes para as proteínas ou as gorduras. Ou seja, o foco é todo em cortar os carboidratos do cardápio.
O que comer na dieta Bernstein
O médico divide os alimentos em duas categorias com base na concentração de carboidratos que eles carregam.
Alimentos permitidos: que não provocam picos de açúcar no sangue
- Maioria das carnes;
- Ovos;
- Queijo;
- Queijo cottage (em quantidades muito pequenas);
- Qualquer vegetal que não estiver na lista de proibidos;
- Iogurte integral sem açúcar;
- Manteiga e margarina;
- Leite de soja sem açúcar;
- Biscoitos integrais;
- Adoçantes naturais;
- Além disso, castanhas;
- Ervas e especiarias;
- Mostarda;
- Molhos para salada sem açúcar e com baixo teor de carboidratos;
- Aromas e extratos sem açúcar;
- Água, água com gás, refrigerante diet, café, chá, bebidas alcoólicas com baixo teor de carboidratos (em quantidades moderadas);
- Gelatinas sem açúcar prontas (verifique se há açúcares ocultos, como maltodextrina no rótulo);
- Por fim, sobremesas caseiras com baixo teor de carboidratos e sem açúcar.
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Alimentos proibidos: causam picos de glicemia
- Frutose, xarope de milho, melaço, néctar de agave, dextrose, sorgo, maltitol, sorbitol e outros álcoois de açúcar;
- A maioria das sobremesas (tortas, bolos e biscoitos, por exemplo);
- Adoçantes artificiais em pó com adição de carboidrato;
- Pães;
- Cereais, incluindo a aveia;
- Massas;
- Panquecas e waffles;
- Alimentos ou farinhas feitas de trigo, cevada, milho, arroz, quinoa ou centeio;
- Batata, abóbora, beterraba, cenoura, milho e pimentão amarelo;
- Leguminosas;
- Tomates crus (exceto em pequenas quantidades);
- Tomates cozidos ou molhos de tomate;
- Vegetais embalados contendo açúcares ou farinha;
- Todas as frutas e sucos de frutas;
- Leite de vaca;
- Iogurtes com açúcar;
- Leite condensado;
- A maioria dos alimentos processados e industrializados;
- Além disso, a maioria dos condimentos, incluindo vinagre balsâmico.
No que diz respeito às proteínas, o médico não faz nenhuma ressalva quanto ao consumo diário. Ele só fala para evitar as carnes que tiverem carboidratos adicionados — bife empanado ou almôndegas com farinha, por exemplo.
Por outro lado, nem todos os vegetais estão liberados. O paciente pode comer aspargos, abacate, brócolis, couve-de-bruxelas, repolho (e chucrute), couve-flor, berinjela, cebola (em pequenas quantidades), pimentão (qualquer cor exceto a amarela), cogumelos, espinafre, vagem, abóbora e abobrinha.
Além disso, o especialista recomenda priorizar os ingredientes crus. Isso porque os cozidos possuem índices glicêmicos mais elevados. Ademais, iogurtes devem ser naturais e sem açúcares. Já as castanhas, apesar de possuírem carboidratos, liberam glicose no sangue de modo lento. Portanto, podem ser consumidas com moderação.
Uma dose de alguma bebida destilada ou apenas uma lata de cerveja costumam ser inofensivas para os níveis de açúcar.
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Cardápio recomendado na dieta Bernstein
Você tem que dividir os 30 gramas de carboidratos ao longo do dia — isto é, não deve comer tudo de uma vez. Desse modo, 6 gramas são reservados para o café da manhã, 12 gramas para o almoço e mais 12 para o jantar. De acordo com o médico, não haverá lanches entre as refeições principais.
Prós e contras
A dieta Bernstein é simples de seguir, permite uma grande variedade de alimentos e propicia a perda de peso. Contudo, não podemos nos esquecer que ela vai contra as principais recomendações dos órgãos de saúde sobre alimentação e diabetes.
Isso porque passar longas horas em jejum e limitar drasticamente os carboidratos não são atos indicados por especialistas — principalmente para quem tem diabetes tipo 1. O melhor a fazer? Conversar com o seu médico para entender se a estratégia pode ser boa para você.