Por que é mais fácil engordar do que emagrecer? Entenda

Alimentação Bem-estar
08 de Fevereiro, 2022
Por que é mais fácil engordar do que emagrecer? Entenda

A cena é desanimadora: você passa meses tentando perder peso, e quando finalmente consegue, basta um descuido e, em semanas, ganha tudo novamente. Afinal, por que é mais fácil engordar do que emagrecer?

A questão é complexa e envolve diversos fatores — que vão desde a genética até o nosso estilo de vida. Portanto, fomos perguntar a uma especialista para entender melhor:

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Por que é mais fácil engordar do que emagrecer? Fatores pré-históricos

A primeira explicação está lá nos nossos ancestrais. O corpo humano precisou passar por adaptações para conseguir sobreviver. Uma delas foi garantir um estoque energético durante os períodos sem comida — afinal, não era sempre que os “homens das cavernas” eram bem sucedidos nas coletas e nas caçadas, e muitas vezes ficavam dias sem alimentos.

Portanto, essa herança é antiga, e funciona da seguinte maneira: quando nos alimentamos, ocorre um aumento da glicose (açúcar) na corrente sanguínea. O corpo usa, então, um hormônio chamado insulina para capturar essa glicose e armazená-la na forma de glicogênio no fígado e nos músculos, para que ele seja usado entre as refeições e como combustível.

O problema é que quando a gente consome muito mais calorias do que gasta diariamente, o corpo estoca o máximo possível de glicogênio, mas ainda vai sobrar glicose no sangue. Se ela não puder ser usada de forma rápida, é transformada em gordura e armazenada no tecido adiposo.

Leia também: Por que não consigo emagrecer? Questões emocionais por trás do efeito sanfona

Desse modo, o crescimento dos adipócitos (células de gordura) pode se tornar excessivo, “bagunçar” o nosso metabolismo e desequilibrar hormônios importantes para a manutenção do peso. Entenda mais sobre isso a seguir:

Por que é mais fácil engordar do que emagrecer? Questões hormonais

O peso corporal é fortemente controlado por hormônios produzidos em diferentes partes do corpo (trato gastrointestinal, pâncreas, hipotálamo e no próprio tecido adiposo). Eles ajudam a regular a nossa fome e o nosso gasto energético, por exemplo. Além da insulina, confira os principais:

Leptina

A leptina é o hormônio da sensação de saciedade, ou seja, aquele que nos diz “você está cheio”. Quando liberado no corpo, o cérebro entende que o organismo já foi alimentado e nutrido. Por isso, não há necessidade de comer por enquanto.

Hormônios da tireoide

Possuem relação direta com o metabolismo do corpo. Assim, quando há hipotireoidismo, ou seja, uma produção em quantidade menor que a ideal, o metabolismo desacelera. Com isso, é possível haver dificuldade para perder peso. Porém, esses hormônios por si só não impedem o emagrecimento de fato. Nesse caso, existe uma junção do hipotiroidismo com dieta pouco saudável e sedentarismo.

Cortisol

O cortisol estimula o fígado a converter gordura em glicose, o que lhe dá energia. Durante todo o dia, o hormônio faz vários trabalhos. Ele ajuda a regular a pressão sanguínea, auxilia na formação de novas memórias e desempenha um papel na digestão, controlando como seu corpo usa proteínas, gorduras e carboidratos extraídos dos alimentos que você come.

Quando você está esgotado, seus níveis de cortisol não descem à noite como deveriam. Você está essencialmente com muita energia para adormecer. O excesso de cortisol também pode causar inflamação, já que as células imunológicas tornam-se insensíveis aos efeitos do hormônio.

Uma infeliz consequência do estresse crônico: ganho de peso. É um elo complicado (envolvendo taxa de metabolismo, falta de exercício e outros fatores). Mas, o cortisol estimula o apetite. Isso porque quando ele está alto, os níveis de insulina também aumentam, e isso pode ser uma das razões pelas quais você deseja alimentos açucarados e gordurosos.

GH

O GH estimula a metabolização de gordura corporal, transformando-a em energia. Ou seja, ele provoca a queima da gordura localizada nos tecidos adiposos.

Entretanto, caso haja mais GH do que o nível ideal, podem aparecer problemas sérios, como doenças cardiovasculares.

Grelina

A grelina é um hormônio produzido principalmente pelas células do estômago e do pâncreas. É o hormônio da fome. Ela desempenha um papel fundamental no processo de emagrecimento, porque sinaliza para o seu cérebro que está na hora de comer. Os níveis aumentam durante uma dieta restritiva e intensificam a fome, dificultando o emagrecimento.

Estudos mostram que nos primeiros anos após o emagrecimento, alguns desses hormônios ficam desregulados justamente com o intuito de recuperar o peso perdido. Uma meta-análise de 29 outras pesquisas descobriu, por exemplo, que mais da metade do peso perdido é recuperado em dois anos, enquanto esse valor sobe para 80% em cinco anos.

Leia também: 6 sinais (além da perda de peso) de que você emagreceu

Por que é mais fácil engordar do que emagrecer? Hábitos de vida

Contudo, outros fatores também ajudam a explicar por que é mais fácil engordar do que emagrecer. Na sociedade atual, por exemplo, é muito mais cômodo ser sedentário (afinal, celulares, tablets e aplicativos nos divertem e tomam nosso tempo) e consumir alimentos industrializados e calóricos (que foram fabricados com o intuito de serem extremamente agradáveis ao paladar humano), do que adotar hábitos equilibrados e em prol da saúde.

Além disso, muitos buscam o emagrecimento fácil e rápido. Por isso, acabam apostando em estratégias perigosas, como medicações e dietas extremamente radicais — que não duram para sempre e provocam o ganho de peso repentino assim que o indivíduo deixa de adotá-las.

“Às vezes, a pessoa faz uma restrição alimentar tão severa, cortando nutrientes importantes (como carboidratos e proteínas), que não consegue obter os aminoácidos essenciais para a formação muscular. Isso faz com que a gordura corporal prevaleça e os músculos reduzam”, explica a nutricionista clínica, esteticista e terapeuta integrativa Ermelinda Bertoldi.

Vale lembrar que menos massa magra no corpo implica em um metabolismo mais lento, ou seja, o corpo queimará menos calorias durante o dia (seja em movimento ou em repouso). Por isso a sensação de que é muito mais difícil perder peso do que ganhar.

Por que é mais fácil engordar do que emagrecer? Genética

Por fim, a genética também tem o seu papel. Nós herdamos o chamado padrão de composição corporal — ou seja, se nossos pais são propensos ao estoque de gordura no corpo, nós provavelmente também seremos. Além disso, o gênero conta: no geral, homens tendem a apresentar um metabolismo mais “acelerado” do que as mulheres devido à maior quantidade de testosterona, um hormônio que estimula a construção muscular.

Além disso, as mulheres também são mais expostas, ao longo da vida, a eventos que promovem o ganho de peso, apontou um estudo de 2020. Entre eles, estão a gestação e parar de fumar.

Leia também: Família e amigos estão atrapalhando a sua dieta? Veja como lidar

Por que procurar um nutricionista?

Entendeu por que é mais fácil engordar do que emagrecer? Nosso corpo, naturalmente, tende a estocar energia. Portanto, quando passamos por um processo de perda de peso, ele usa vários mecanismos para evitar isso. E quando somamos à conta hábitos de vida nada saudáveis e genética, tudo fica mais favorável ao ganho de peso.

Portanto, o ideal é sempre buscar ajuda profissional. “Somente um nutricionista saberá elaborar um plano alimentar com de acordo com o gasto energético diário. O que trará, desse modo, um resultado satisfatório e duradouro”, finaliza Ermelinda Bertoldi.

Fonte: Ermelinda Bertoldi, especialista em emagrecimento, nutricionista clínica, esteticista, terapeuta integrativa e fundadora da Nutri Linda.

Referências: Hall KD, Kahan S. Maintenance of Lost Weight and Long-Term Management of Obesity. Med Clin North Am, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5764193/.

Mary Pegington,David P. French,Michelle N. Harvie. Why young women gain weight: A narrative review of influencing factors and possible solutions. Obesity Reviews, 2020. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/obr.13002.

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