Infecção intestinal: o que é a condição que hospitalizou Ivete Sangalo?
Recentemente, a cantora Ivete Sangalo preocupou os fãs ao contar que precisou ser internada por causa de uma infecção intestinal. Durante uma live no Instagram na última sexta-feira (30), a cantora tranquilizou a rede e falou brevemente sobre a causa e os sintomas que sentiu. A infecção teve origem do consumo de frutos do mar, que fez a artista ter episódios de vômitos e diarreia. Apesar do susto, a cantora já foi liberada e até votou neste domingo (2).
Embora a infecção intestinal (ou gastroenterite) seja uma doença comum — cerca de 2 milhões de brasileiros por ano sofrem com a enfermidade —, ela não deve ser negligenciada. Principalmente em pacientes infantis, cuja mortalidade é maior, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). São necessários o diagnóstico precoce, o tratamento correto e uma dieta adequada para reforçar o sistema de defesa do corpo e evitar a desidratação. Entenda melhor sobre a condição:
O que é a infecção intestinal?
Como o próprio nome já sugere, trata-se de uma infecção das paredes do intestino geradas por um agente prejudicial (que pode ser, por exemplo, qualquer micro-organismo causador de doenças na região). Normalmente, ela é transmitida de três principais formas:
- Contato com alimentos ou água contaminados;
- Por saliva (com beijos ou copos e utensílios compartilhados);
- Toque em uma superfície contaminada.
Diferenças entre infecção e intoxicação intestinal
À primeira vista, os termos intoxicação e infecção alimentar podem parecer sinônimos. Mas se referem a condições diferentes. Primeiramente, ambas são causadas pela ingestão de alimentos contaminados.
Contudo, o médico e cirurgião do aparelho digestivo, Dr Gustavo Patury, explica que na infecção, há sempre algum patógeno, que pode ser um vírus, uma bactéria, um parasita e um fungo. Alguns exemplos destes agentes infecciosos são as bactérias E. Coli e Salmonella.
Já a intoxicação é quando ingerimos alimentos estragados porque foram mal armazenados, estão fora do prazo de validade ou não foram preparados seguindo boas práticas de higiene. Ou seja, nem sempre há a presença de algum micro-organismo maléfico para nós.
Casos leves de intoxicação em pessoas saudáveis tendem a melhorar com cuidados de dieta à base de alimentos cozidos, em pequenas quantidades, a cada 3 horas, e bastante hidratação. Assim, além de água, também pode-se ingerir bebidas isotônicas.
Contudo, se for preciso, o médico também pode indicar medicamentos analgésicos contra dor e para tratamento de náusea e vômitos. “Dessa forma, o quadro geralmente se resolve em 3 dias”, diz André Ibrahim David, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Samaritano Higienópolis, em São Paulo (SP).
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Infecção intestinal: sintomas
Os principais sintomas incluem diarreia, cólicas, náuseas, vômitos e febre (geralmente baixa). Mas há também sinais mais específicos:
- Dores locais: no abdômen ou reto;
- No aparelho gastrointestinal: arroto, engasgos, fezes verdes, inchaço, indigestão, dores de estômago ou flatulência;
- No corpo: calafrios, desidratação, fadiga, perda de apetite, sede excessiva, tontura ou suor;
- Além disso, é comum: boca seca, dor de cabeça, perda de peso, produção insuficiente de urina ou ritmo cardíaco acelerado.
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Principais causas da infecção intestinal
As causas da doença podem variar de acordo com a região (se em ambiente rural ou urbano, por exemplo) e outras comorbidades, mas a principal são os vírus. Confira todos os agentes infecciosos:
Vírus
Rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus (em especial o norovírus) e astrovírus são os mais conhecidos.
Bactérias
Como E. coli enteropatogênica clássica, E. coli enterotoxigenica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae e Yersinia.
Parasitas
Por exemplo: Entamoeba histolytica (responsável pela disenteria amebiana), Giardia lamblia (que gera a giardíase), Cryptosporidium (criptosporidíase) e Isospora (isosporíase).
Fungos
A principal é a Candida albicans, capaz de causar uma variação nas bactérias naturais e protetoras presentes em diferentes partes do nosso corpo, gerando a chamada candidíase intestinal.
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Fatores de risco para a infecção intestinal
Alguns hábitos são verdadeiros fatores de risco para o aparecimento da infecção intestinal. Entre eles, podemos citar más condições de higiene, ingestão de alimentos crus e/ou mal higienizados, consumo ou uso de água não tratada e sexo sem proteção.
Além disso, alguns grupos estão mais propensos à condição, bem como aos seus quadros mais graves:
Crianças
Em bebês e crianças, a infecção intestinal ainda é muito relacionada à mortalidade infantil. De acordo com a OMS, a diarreia aguda, uma das consequências da doença, é a segunda principal causa de mortes em menores de cinco anos.
A princípio, isso acontece por inúmeros motivos, como a exposição de crianças em escolas e creches, a falta de higiene correta na hora da troca de fraldas após a evacuação de crianças pequenas, a ingestão acidental de água durante atividades recreativas em piscinas, rios e lagos, e o fato de que os pequenos constantemente levam objetos à boca, que podem estar contaminados.
Pessoas com gastrite
Quem sofre com a gastrite ou faz uso de medicamentos para controlar a acidez no estômago, como Omeprazol, pode contrair a infecção intestinal com mais facilidade, uma vez que o pH da região estará alterado — dificultando, desse modo, a neutralização de vírus e bactérias.
Populações afetadas pela pobreza
Não ter acesso à água potável ou ao saneamento básico é considerado um grande fator de risco para o desenvolvimento de infecções intestinais. Sabe-se, também, que o problema atinge grupos mais vulneráveis em um maior grau.
Indivíduos imunossuprimidos
Indivíduos imunossuprimidos (como transplantados, pacientes em tratamento de câncer, pessoas com HIV ou imunodeficiências) têm mais chances de infecção intestinal (e quadros mais graves), já que com o sistema imunológico enfraquecido, o agente patológico consegue proliferar com facilidade.
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Diagnóstico da infecção intestinal
“O diagnóstico geralmente é feito através de exame clínico e da história clínica do paciente. Às vezes, é preciso fazer alguns exames, como sangue e fezes”, afirma o Dr Gustavo Patury.
Quando procurar um gastroenterologista?
Sempre que você desconfiar de infecção intestinal, vale uma consulta com um gastroenterologista. Mas alguns sinais merecem atenção:
- Se você já vomitou três ou mais vezes em um dia;
- A diarreia está durando mais do que 48 horas — ou apresenta sangue ou muco;
- Há uma mistura de dois ou mais sintomas já citados.
Principais tratamentos para a infecção intestinal
O gastroenterologista explica que uma das principais preocupações do paciente deve ser evitar a desidratação — já que os vômitos e a diarreia estimulam o problema. Se for possível repor os líquidos via oral, é importante beber água, água de coco, chás e isotônicos.
Caso o indivíduo não consiga, é indicada a hidratação intravenosa com soro. “Às vezes, é necessário entrar com medicamentos antiparasitários ou antibióticos, dependendo da causa da infecção”, complementa o médico. Além disso, o especialista pode indicar outros remédios com o intuito de controlar outros sintomas — dores e náuseas, por exemplo.
Por fim, a dieta para infecção intestinal também deve ser muito bem pensada. Isso porque ela irá contribuir para a absorção de vitaminas e minerais pelo corpo, ajudando o organismo a combater corretamente o patógeno. Saiba mais sobre:
Dieta para infecção intestinal
É normal seu apetite diminuir durante a infecção intestinal, mas isso não quer dizer que você deva parar de comer. Você pode diminuir o volume das refeições, mas é muito importante se alimentar adequadamente e beber bastante água, assim, você ajudará seu corpo na recuperação.
Os alimentos mais indicados são carboidratos de fácil digestão (arroz branco, pão branco, macarrão branco e frutas sem casca), e proteínas com baixo teor de gordura (peixes brancos, frango sem a pele, tofu, ovo e cogumelos). Confira mais exemplos para incluir no cardápio:
- Frutas sem casca, como maçã, pera, banana prata, pêssego, abacaxi, caju, goiaba, maracujá, melão ou limão;
- Vegetais, cozidos e sem casca, como cenoura, beterraba, chuchu, abobrinha, berinjela, tomate ou vagem;
- Cereais com fibras de fácil digestão, como arroz branco, macarrão branco, pão branco ou tapioca;
- Tubérculos, como batata, batata-doce, batata baroa, cará, inhame ou aipim;
- Proteínas magras, como frango sem pele, peixes brancos sem pele, ovos, tofu ou peito de peru sem pele.
Por fim, evite itens que irritam o trato digestivo, como café, pimentas, temperos fortes (mesmo que naturais), carnes embutidas e ingredientes ultraprocessados. Sobre as bebidas, além da água pura, dá para apostar em chás sem cafeína, água de coco, e águas saborizadas.
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Como prevenir a infecção intestinal?
Evitando as suas principais causas:
Alimentos mal higienizados
Lavar corretamente os alimentos que serão consumidos crus (como saladas e frutas) é essencial para eliminar os bichinhos que podem nos fazer mal.
Por isso, evite comê-los em restaurantes e estabelecimentos, uma vez que você não sabe como esses ingredientes foram higienizados — prefira ingeri-los somente em casa.
Carnes mal passadas
A Salmonella é uma bactéria que reside no intestino de aves e sai por meio das fezes, que podem contaminar a carne do animal (assim como seus ovos). Da mesma forma, a proteína de porco pode carregar larvas de tênias (cisticercose), transmitindo uma doença chamada teníase.
Por isso, é muito importante consumir carnes devidamente cozidas (especialmente se você não souber a procedência delas), pois o processo de preparar o alimento em altas temperaturas elimina os micro-organismos.
Frutos do mar mal armazenados
Os vibriões fazem parte das bactérias que causam os quadros mais graves de intoxicação alimentar. Eles geralmente são encontrados em peixes e frutos do mar velhos, mal refrigerados e/ou preparados de forma incorreta.
Alguns queijos
Os queijos mais macios (como minas e brie) concentram mais água, o que facilita a proliferação de micro-organismos. Portanto, é muito importante respeitar o prazo de validade dos mesmos.
Sobras de refeições mal armazenadas
Você não precisa jogar fora as sobras das refeições. Contudo, saber como guardá-las de forma segura é muito importante, uma vez que pode evitar contaminações. O ideal é sempre usar potes com tampa, além de armazená-los em geladeira o quanto antes (mas precisam estar frios para isso).
Alimentos enlatados
Palmitos e outras conservas podem conter a bactéria Clostridium botulinum, causadora de uma doença grave chamada botulismo. Desse modo, para prevenir o problema, é muito importante comprar marcas conhecidas e de lugares confiáveis.
Fontes/bibliografia
- Dr Gustavo Patury (CRM 118203), médico e cirurgião do aparelho digestivo;
- André Ibrahim David, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Samaritano Higienópolis, em São Paulo (SP);
- Diarreia e gastroenterites de origem infecciosa presumível: análise do perfil epidemiológico nas regiões do Brasil no período de 2012 a 2020;
- Gastroenterite na Infância: Dagnóstico e Manejo;
- Diarrhoeal disease.