“Dicas” de dieta que não ajudam em nada, e até atrapalham a perda de peso
Planos alimentares muito radicais podem até parecer maravilhosos, mas na maioria das vezes levam a resultados muito diferentes dos desejados, gerando frustração e desânimo. A médica nutróloga Dra Ana Luisa Vilela, especialista em emagrecimento de São Paulo, destaca quais “dicas” que vemos por aí não passam de erros que podem colocar a sua dieta a perder:
Leia também: “Não quero emagrecer, quero perder barriga”. Nutri esclarece se é possível
Principais erros na dieta
“Fechar a boca”
Restringir de forma severa a ingestão de alimentos pode gerar vários efeitos adversos, que vão desde compulsões alimentares até alterações no funcionamento da insulina (hormônio que equilibra a glicose no sangue). Como consequência, há um risco aumentado de doenças — diabetes tipo 2, por exemplo.
Contudo, isso não quer dizer que você não possa aderir ao jejum intermitente para dar aquele empurrãozinho à perda de peso. O segredo é fazer isso de forma segura, ou seja, contar com a liberação e o acompanhamento de um profissional qualificado.
“É importante não ter preconceito e buscar um hábito diário que facilite o dia a dia. Somente ajustando a rotina, é possível adequar o cardápio corretamente”, explica a médica.
Erros na dieta: trocar seis por meia dúzia
Não é porque o alimento é pequeno e natural, que ele possui baixa caloria. Frutas secas e oleaginosas podem ser consumidas em pequenas quantidades, pois apesar de saudáveis, carregam muitas calorias.
Portanto, em vez de ingerir apenas uma porção de castanhas e passas no lanche da tarde, que tal trocá-las por um iogurte natural desnatado com morangos e aveia? Com certeza a saciedade será mantida por mais tempo.
Apostar apenas nos produtos light/diet
Lembre-se que esses itens possuem funções específicas. “O diet é um alimento adaptado para pessoas com diabetes, e não necessariamente possui baixa caloria. O light, por outro lado, tem alguns de seus nutrientes reduzidos em 25%, o que não significa que sejam calorias”, afirma a especialista.
Vale lembrar, além disso, que para produzir algo diet, as marcas geralmente retiram o açúcar, mas aumentam a concentração de gordura hidrogenada para manter o sabor — um ingrediente nada benéfico para o nosso corpo. O resultado? O alimento realmente passa a concentrar menos açúcar, mas torna-se rico em calorias e pode aumentar o colesterol.
Erros na dieta: achar que só porque é low carb, tem poucas calorias
Comidas low carb também podem carregar grandes quantidades de gordura. “Por isso, vale observar não só a quantidade de carboidratos, mas também as calorias agregadas em cada produto”, alerta a médica.
Acreditar que todo alimento natural tem baixo índice glicêmico
Você sabe o que é índice glicêmico (IG)? Trata-se da velocidade em que o carboidrato é digerido e transformado em açúcar no sangue. Quando consumimos alimentos com índices glicêmicos altos, a quantidade de açúcar no sangue aumenta. Isso exige que o organismo produza e libere uma quantidade maior de insulina para equilibrar. Se acontecer repetidas vezes, pode sobrecarregar o pâncreas, causando resistência à insulina e até o próprio diabetes.
Acontece também que, quando o nível de açúcar se eleva demais, há maior tendência do organismo a armazenar gordura, porque a insulina é um hormônio que favorece esse acúmulo.
Muita gente liga o alto índice glicêmico a alimentos ricos em açúcar e carboidratos refinados, como pães, bolos, tortas, biscoitos e salgadinhos. Realmente, a associação não está errada.
Mas a verdade é que alguns ingredientes naturais também apresentam IGs nas alturas! Os sucos são ótimos exemplos. Mesmo sendo preparados somente com as frutas, principalmente se coados, podem elevar os níveis de glicose no sangue rapidamente. “Por isso, dê preferência às frutas in natura e com menor índice glicêmico, como pera e maçã. Além disso, aposte naquelas ricas em fibras, como ameixa fresca, ameixa seca, amora e cereja fresca”, recomenda a nutróloga.
Erros na dieta: cortar a carne para emagrecer
Somente parar de comer carne, mas não ajustar o cardápio para que outras fontes de proteínas sejam priorizadas, não ajuda em nada a emagrecer. Isso porque você corre o risco de acabar exagerando nos carboidratos, o que pode aumentar a ingestão calórica.
Vale lembrar, ainda, que as proteínas são importantes para a construção de massa muscular (o que acelera o metabolismo!) e a sensação de saciedade.
Leia também: Carboidratos “requentados” seriam mais saudáveis do que os recém-cozidos
Fonte: Ana Luisa Vilela, médica nutróloga especialista pelo Instituto Garrido de Obesidade e Gastroenterologia (Beneficência Portuguesa de São Paulo) e pós-graduada em Nutrição Médica pelo Instituto GANEP de Nutrição Humana, também na Beneficência Portuguesa de São Paulo.