Dieta anti-inflamatória: como fazer, cardápio e o que evitar

Alimentação Bem-estar
18 de Setembro, 2024
Leticia Ramirez Naper de Souza
Revisado por
Nutricionista • CRN-3 63183
Dieta anti-inflamatória: como fazer, cardápio e o que evitar

Você já ouviu falar na dieta anti-inflamatória? A inflamação é uma reação natural do corpo para se defender de uma infecção ou até de uma lesão dos tecidos. Quando acontece em alguma parte visível do corpo, na pele ou na garganta, por exemplo, sabemos os sintomas: vermelhidão e aquecimento da região acometida. 

No entanto, há uma inflamação “invisível” que acontece dentro do organismo e é causada, entre outros fatores, pela ingestão constante de alimentos ricos em toxinas e substâncias pró-inflamatórias e alguns hábitos de vida.

Assim, podemos dizer que são alimentos repletos de aditivos ou proteínas que não somos capazes de digerir. Em outras palavras, substâncias que não são reconhecidas como alimento pelo organismo. Como resposta, ele dispara um alerta aos leucócitos (glóbulos brancos do sangue) para que eles o defendam dessas toxinas.

Portanto, o organismo aumenta a produção de substâncias que ajudam a combater a infecção, causando a tal resposta inflamatória. Contudo, tudo isso exige muito do corpo, e os possíveis resultados são cansaço, dores de cabeça e musculares. E vai além: se não tratada, a inflamação se torna crônica. 

Dessa forma, a longo prazo, além dos sintomas acima, uma alimentação rica em alimentos inflamatórios também pode predispor o corpo a diversas doenças, por exemplo: diabetes, alteração de colesterol e triglicerídeos, obesidade, artrite, entre outras. 

Benefícios da dieta anti-inflamatória

A dieta anti-inflamatória melhora o funcionamento do organismo como um todo, colabora para a redução do colesterol LDL (colesterol ruim) e o aumento do HDL (colesterol bom), melhora os níveis de glicose e reduz os riscos de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, depressão e até câncer.

Além disso, aumenta a imunidade. Mas, embora a dieta não tenha contraindicação, se o objetivo for perder peso, o ideal é consultar um profissional para avaliar a saúde e montar um cardápio personalizado.

Alimentos da dieta anti-inflamatória

A boa notícia é que, assim como existem alimentos que causam inflamação, também há aqueles que impedem o processo. Ou seja, eles atuam dessa forma porque são capazes de aumentar a liberação de hormônios que inibem, ou até bloqueiam, a ação dos agentes inflamatórios. 

Conheça, então, quais são os alimentos da dieta anti-inflamatória:

Categoria

Alimentos/Itens

Peixes com ômega-3

Salmão, atum, arenque, sardinha, cavalinha

Oleaginosas

Castanhas, nozes, amêndoas

Sementes e grãos integrais

Chia, linhaça, gergelim, gérmen de trigo, quinua, amaranto

Frutas ricas em vitamina C

Laranja, kiwi, acerola, limão, goiaba, tangerina, maracujá, caju, melão, mexerica, mamão, acerola

Frutas vermelhas

Morango, romã, melancia, cereja, uva

Óleos

Azeite de oliva extravirgem, óleo de coco

Legumes e vegetais

Gengibre, couve-flor, nabo, rabanete, repolho, cenoura, abóbora, espinafre, rúcula, brócolis, agrião, escarola, couve

Chás

Chá-verde, chá de alecrim, chá de gengibre, chá de erva doce

Alimentos com gorduras monoinsaturadas (Ômega-9)

Azeitona, abacate

Gengibre

Rico em vitaminas C, B6, ação bactericida, auxilia no fortalecimento do sistema imunológico

Inhame

Aumenta as defesas do organismo, ação anti-inflamatória, rico em vitamina C, complexo B, minerais e betacaroteno, ação antioxidante

Alho e Cebola

Grande quantidade de antioxidantes e anti-inflamatórios

Especiarias

Açafrão, curry

Chocolate amargo

 

Pimenta e pimentão

 

Vinho tinto

Com moderação

Probióticos

Kefir, alguns tipos de iogurte, kombucha

Leia também: Afinal, comer antes de dormir engorda?

O que não comer na dieta anti-inflamatória?

Por outro lado, também é interessante conhecer os alimentos causadores de inflamação. Assim, eles devem ser cortados da dieta anti-inflamatória ou consumidos com moderação: 

Categoria

Alimentos/Itens

Produtos ultraprocessados

Contêm substâncias químicas, corantes, conservantes, aromatizantes e flavorizantes que causam inflamação

Alimentos ricos em ômega-6

Óleos vegetais de soja, algodão, milho, canola, girassol. Recomenda-se equilibrar com ômega-3 (semente e peixes de águas profundas)

Cereais refinados

Pães, massas, arroz branco, biscoitos em geral, trigo, maisena, fubá. Substituir por versões integrais.

Refrigerante e sucos açucarados

Bebidas açucaradas e bebidas alcoólicas (exceto vinho em moderação)

Carnes

Carnes suínas e bovinas com muita gordura

Embutidos

Salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e conservas com sal

Leites e derivados integrais

Queijos amarelos, requeijão, creme de leite e manteiga em excesso

Doces e alimentos industrializados

Doces, biscoitos, bolos e sorvete industrializados

Gorduras trans

Alimentos com “parcialmente hidrogenado” na lista de ingredientes

É importante destacar que, se não for possível cortar ingredientes ricos em ômega-6 da dieta, como óleos vegetais de soja, procure equilibrar seu consumo com o de ômega-3 (encontrado nas sementes e nos peixes de águas profundas). Assim, isso pode ser feito da seguinte maneira: uma porção de ômega 3 para cada duas, no máximo quatro, de 6. Ou seja, na prática, aumente o consumo de peixes como sardinha, atum e salmão, assim como sementes e grãos como chia e linhaça, e diminua os óleos que possuam ômega 6, assim como produtos industrializados em que eles aparecem como ingrediente;

Pode consumir lactose e glúten na dieta anti-inflamatória?

Muito se fala sobre esses dois componentes tão comuns na alimentação. A lactose é o açúcar do leite, enquanto o glúten é uma proteína presente no trigo e na cevada. De fato, ambos apresentam potencial alergênico e podem causar inflamação. Mas sua exclusão da dieta deve ser indicada por um profissional, e apenas para aqueles que possuam sensibilidade a um dos dois elementos. Para saber isso, é preciso fazer exames laboratoriais que avaliam alergias alimentares. Caso contrário, seu consumo está liberado (com equilíbrio). 

Dieta anti-inflamatória emagrece?

A dieta anti-inflamatória, por privilegiar alimentos que não causam inflamação, é capaz de ajudar o corpo a converter calorias em energia de maneira mais eficiente. Dessa forma, ela é, sim, uma aliada na perda de peso. Portanto, é indicada para quem deseja melhorar os hábitos alimentares ou manter um estilo de vida mais saudável, procurando prevenir doenças. 

Atividade física para desinflamar o corpo

O plano alimentar vai trazer resultados mais satisfatórios se for acompanhada da prática de exercícios físicos. Isso porque o sedentarismo aumenta a presença de substâncias que causam inflamação e diminui as defesas naturais do organismo. Portanto, mexa-se!

Sugestão de cardápio para dieta anti-inflamatória

Café da manhã

1: Shake de 1 medida de whey protein batido com 3 morangos, 1 copo (200 ml) de água de coco, 1/2 polpa de açaí congelado, 1 col. (sopa) de semente de chia hidratada – deixe de molho de véspera, 2 nozes e 1 col. (sopa) de leite de coco light;

2: Suco verde de 1 maçã, 1 pepino japonês, 1 cenoura pequena, gengibre a gosto, 5 folhas de espinafre, 1 folha de couve e 1 col. (sopa) de salsinha batidos na centífruga ou bata metade dos ingredientes no liquidificador com um pouco de água + omelete de claras de 4 claras, 1 col. (chá) de azeite ou óleo de coco, sal e 1 col. (sopa) de quinua em flocos + 1 fatia de pão integral light.

Lanche da manhã

1: 1 fruta amarela (laranja, tangerina, pêssego ou nêspera, por exemplo);

2: 3 amêndoas, 2 nozes e 2 castanhas-do-pará;

3: 3 biscoitos de arroz integral com 3 col. (sopa) de queijo cottage (ou 1 queijo tipo Poleguinho Light).

Almoço

1: Salada de alface, rúcula, tomate e broto de alfafa à vontade com 3 col. (sopa) de cenoura ralada. Tempere com limão (ou vinagre de maçã) e 1 col. (chá) de azeite extravirgem e polvilhe 1 col. (sopa) de semente de girassol + 4 col. (sopa) de arroz integral + 1/2 concha de feijão + 1 filé grande (150 g) de peixe (atum, salmão) grelhado;

2: Salada de agrião, rúcula, hortelã e salsão à vontade e 2 col. (sopa) de grão-de-bico cozido. Tempere com limão (ou vinagre de maçã) e 1 col. (chá) de azeite extravirgem e polvilhe 1 col. (sopa) de semente de gergelim + 1 filé grande (140 g) de frango grelhado (ou assado) com molho de maracujá + 1 batata-doce media assada com 1 fio de azeite extravirgem. Polvilhe cúrcuma.

Lanche da tarde

1: 1 fruta vermelha (ameixa, maçã, morango ou romã, por exemplo);

2: 1 pote de iogurte desnatado com mamão picado;

3: mix de 2 castanhas-do-pará com 4 amêndoas e 3 damascos secos.

Jantar

Opção 1: Salada de abacate de 2 col. (sopa) de abacate picado, tomate, manjericão e azeitona. Tempere com pimenta-do-reino, vinagre balsâmico, pouco sal e 1 fio de azeite extravirgem + omelete de 2 gemas e 3 claras batidas com 2 col. (sopa) de aveia em flocos, 1 fatia de tofu picado e pouco sal;

Opção 2: Salada de alface, agrião e rúcula à vontade. Tempere com limão (ou vinagre de maçã), pouco sal e 1 fio de azeite extravirgem + 3 col (sopa) de quinua cozida com pouco sal. Então, acrescente 1 fatia de tofu em cubos, 1 fio de azeite extravirgem e 2 castanhas-do-pará picadas + 1 file médio (120 g) de atum assado com alho-poró.

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e de profissionais de Educação Física.

Leia também:

mulher praticando atividade física ao ar livre e suando
Bem-estar Movimento

Suar emagrece? Entenda se a transpiração ajuda a perder calorias

Suar demais realmente significa que você está perdendo peso? Descubra

foto mostra uma xícara de chá vazia com paus de canela ao lado em cima de um prato
Alimentação Bem-estar

É termogênico e ajuda no equilíbrio da glicemia e do colesterol; veja benefícios do chá de canela

A bebida é uma ótima opção para esquentar o corpo — muitos afirmam, ainda, que ela emagrece

farinha de beterraba
Alimentação Bem-estar

Farinha de beterraba: benefícios e como incluir na dieta

Pode prevenir doenças cardiovasculares, melhorar o aporte de fibras e ainda ajudar a aumentar a performance esportiva