Dicas para evitar o burnout e ter um ambiente de trabalho saudável

Bem-estar Equilíbrio
14 de Fevereiro, 2022
Dicas para evitar o burnout e ter um ambiente de trabalho saudável

A pandemia alterou significativamente a forma como as pessoas trabalham. Antes, por exemplo, o home office não costumava ser tão comum. Agora, no entanto, muitas empresas decidiram adotar o modelo de trabalho de forma permanente. Porém, mudanças geram impactos, sejam eles positivos ou negativos. Se por um lado trabalhar em casa pode ser mais prático, por outro, aumenta a incidência de problemas de saúde mental, como a Síndrome de Burnout. Por isso, confira dicas para evitar o burnout e ter um ambiente de trabalho saudável, seja no home office ou trabalhando presencial.

O que é a síndrome de burnout?

síndrome de burnout – ou síndrome do esgotamento profissional – normalmente se inicia com episódios de estresses recorrentes, que se tornam cada vez maiores até que a pessoa se sinta esgotada. Dessa forma, um fator contribuinte pode ser trabalhar em casa. Segundo especialistas, a principal razão pela qual a opção de home office piora o esgotamento é que cada vez fica menos claro quando o dia de trabalho começa e termina.

O fator do isolamento também contribui, já que em um ambiente de escritório, mesmo em um dia agitado, geralmente você interage com seus colegas de equipe. Momentos assim melhoram o humor e aliviam o estresse. Trabalhar em casa, no entanto, diminui as opções de socialização e conexão importantes para evitar o esgotamento. 

Vale lembrar que, desde 2019, a Organização Mundial da Saúde classifica a Síndrome de Burnout como doença de trabalho, já que a condição é resultante do estresse crônico no ambiente corporativo, independentemente de ser presencial ou a distância. Dessa forma, a consequência do mau gerenciamento pessoal acarreta estresse excessivo e prolongado, levando a um esgotamento emocional, físico e mental. O processo é gradativo, piorando ao longo do tempo, mas é possível evitar o seu avanço com dicas para evitar o Burnout.

Quais são os sinais e sintomas?

A Síndrome de Burnout consiste no esgotamento físico e mental causado pela pressão excessiva no trabalho, acúmulo de funções e responsabilidades. De acordo com a International Stress Management Association (Isma), o problema afeta 30% dos profissionais brasileiros.  

Dessa forma, pessoas com Síndrome de Burnout geralmente têm sentimento de esgotamento, exaustão, falta de energia, fadiga, além de distanciamento mental do trabalho com pensamentos e sentimentos negativos ou cinismo. Do mesmo modo, a habilidade profissional é reduzida, bem como a produtividade.

Os sentimentos de desamparo, ressentimento e falta de esperança pode trazer consequências para a saúde física e mental, levando à frustração, exaustão emocional, aumentando a ansiedade, depressão, apatia, hostilidade, irritabilidade, problemas adaptativos, conflitos interpessoais, entre outros. 

Tantas consequências também impactam a saúde. Dessa forma, os riscos para a saúde incluem dores de cabeça, insônia, dor osteomuscular, problemas gastrointestinais, riscos cardíacos, fadiga crônica, alteração na anatomia do cérebro – acarretando comportamentos que afetam o emocional e a inteligência – entre muitas outras consequências que podem resultar em diversas doenças, dependendo do grau do burnout e da genética do indivíduo. 

A privação do sono também é um forte gatilho para a Síndrome de Burnout. Isso porque não dormir o suficiente para ser produtivo ou trabalhar até tarde da noite, acaba prejudicando a rotina do sono. Além disso, desregula o relógio biológico, resultando em uma extrema exaustão, pois o organismo sofre um forte impacto, precisando de tempo e resistência para se adequar às mudanças. Outros problemas também podem surgir, como a apneia do sono.

Como diferenciar Burnout de estresse?

Não é fácil reconhecer a Síndrome de Burnout. No entanto, o estresse possui variações, diferentemente do Burnout, que é algo instalado. Pessoas estressadas, por exemplo, podem imaginar que se conseguirem manter tudo sob controle, se sentirão melhor, ou seja, elas ainda têm esperança. Já pessoas que sofrem de burnout, geralmente, não vêem esperança ou outros sentimentos positivos relacionados ao trabalho.

Dicas para evitar o Burnout no ambiente de trabalho

Confira as dicas para evitar o Burnout no trabalho, de acordo com Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, neurocientista e mestre em psicanálise:

  • Sinta domínio do seu trabalho, organizando-se com horários de entrada e saída, agenda, tópicos de afazeres, por exemplo;
  • Não espere o reconhecimento: tenha a certeza que deu o melhor de si;
  • Não coloque muita expectativa nas coisas: lembre-se que tudo na vida precisa de equilíbrio e, se você tiver conhecimento daquilo, o resultado sempre será positivo; 
  • Busque conhecimento naquilo que faz. Por isso, estude e aprimore-se; 
  • Pense que “metas são motivos de vida”‘, e então as crie. Os desafios impulsionam, e, quando conquistados, resultam na boa sensação de recompensa; 
  • Busque ambientes não caóticos e sem alta pressão. Porém, se não puder escapar desses locais, concentre-se em si mesmo e no que tem que fazer, sem se preocupar com o restante. Ou, se não te satisfaz, troque: não tenha medo de buscar novos desafios;
  • Tenha períodos de lazer, acesse menos as redes sociais e interaja mais com pessoas de forma física; 
  • Durma 8 horas por dia, de noite e não de madrugada; 
  • Não use aparelhos eletrônicos antes de dormir. Troque por um capítulo de um livro por dia, em folha de papel; 
  • Não assuma toda a responsabilidade: você não precisa mudar o mundo. Assuma o tamanho da responsabilidade que consiga lidar; 
  • Seja otimista sobre os resultados.

“O comportamento a ser direcionado é de acordo com a personalidade, podendo ter mais ações que possam evitar além dessas. O crucial é encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”, afirma o especialista.

Dicas para evitar o Burnout: como criar um ambiente de trabalho saudável?

De acordo com o especialista, para criar um ambiente de trabalho saudável, existem algumas etapas de intervenções. Primeiramente, deve-se reduzir ou eliminar as causas do estresse com atividades que promovam a saúde mental no trabalho e adaptação do ambiente laboral, criando um ambiente de trabalho mais saudável.

Há ainda, uma intervenção concentrada no tratamento de pessoas que estão sofrendo de estresse, procurando reduzir suas consequências negativas. Por fim, é importante que a empresa conte com a ajuda de profissionais da saúde que possam intervir para que o ambiente e o método de trabalho seja confortável, trazendo melhor rendimento para a empresa com seus trabalhadores satisfeitos. 

Fonte: Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, neurocientista e mestre em psicanálise. Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, UniLogos; Membro da SFN – Society for Neuroscience, Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas de alto QI.

Referências consultadas:

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