Jornalista conta sobre vício em remédio para emagrecer
Recentemente, a jornalista Maria Cândida, que apresenta o quadro Bem Estar, no Encontro, e É De Casa, da TV Globo, compartilhou um relato em seu Instagram contando que já sofreu com o vício em um remédio para emagrecer.
Na publicação, ela mostra fotos de alguns anos atrás. A legenda diz: “E hoje o #tbt é de um momento que eu estava me sentindo linda, dizia que ‘alimentação saudável e exercício físico’ me levaram para esse corpo magro que nos era imposto. Na verdade, era remédio para emagrecer, as anfetaminas.”
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Vício em remédio para emagrecer: relato de Maria Cândida
Então, Maria Cândida continua o relato, afirmando que desde a adolescência, em seus primeiros castings para modelo, sempre escutava que precisava perder 10 quilos. “Essa frase entrou na minha mente como obsessão que me levava a comer mais e mais.”
Frustrada, ela chegou a conhecer “mil fórmulas mágicas’, que ‘resolviam’ o problema ali”. Entretanto, a promessa de um resultado rápido apenas trouxe mais questões para a apresentadora, que desenvolveu dependência química do remédio, compulsão alimentar e uma piora do seu quadro depressivo. “Sofri com insônia, ficava com o coração acelerado, já desmaiei, perdi uma porcentagem importante de músculos, vitaminas e minerais…”.
Além disso, também tinha o efeito rebote: ela engordava tudo novamente em pouco tempo. “Além de me sentir péssima como pessoa por não ter a força de vontade para seguir sem. Mas entenda: força de vontade eu até tinha, mas meu corpo pedia mais e mais anfetaminas.”
Por fim, Maria Cândida finaliza o relato deixando um recado para quem está passando por uma situação parecida. “Esse post é pra você pensar, Loba! Não faça isso com seu corpo, com sua mente! Você não precisa respeitar padrões inalcançáveis, pois o custo de uma dieta restritiva é muito alto. Você precisa só amar seu corpo como ele é, e mudar seus hábitos caso queira.”
“Eu não trocaria minha versão de hoje por essa da foto! Eu sei que às vezes preferimos o mais fácil, o mais rápido, mas a conta chega. Se ame hoje, cuide de você, da sua mente, do seu corpo, mas de uma maneira leve, sem pressão. O corpo feminino é um ato político, o corpo feminino é único, cuide do seu!”
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O que são as anfetaminas?
O pesquisador e professor de Educação Física Evandro Murer, em seu artigo “Drogas, Anfetamina e Remédios para Emagrecer”, explica que as anfetaminas foram sintetizadas em laboratório a partir de 1928.
“Nas décadas de 60 e 70, o uso de anfetaminas tornou-se muito popular entre os jovens para reduzir o sono e aumentar a disposição física, principalmente nos bailes de carnaval e nas provas escolares. Mas a sua principal indicação terapêutica continua sendo no tratamento da obesidade, fazendo parte de quase todas as fórmulas redutoras do apetite.”
Isso porque as anfetaminas agem no sistema nervoso central, diminuindo a fome, a vontade de comer e acelerando o metabolismo. Essas características, quando combinadas com mudanças no estilo de vida, ajudam a emagrecer mais rapidamente.
Contudo, esse tipo de remédio tem indicação específica, ou seja, não é todo mundo que pode usar a anfetamina para diminuir o peso corporal — ela geralmente é indicada para quem possui um IMC (índice de massa corpórea) acima de 30, ou IMC acima de 25 associado a alguma comorbidade (como diabetes e hipertensão). Além disso, ela sempre deve ser prescrita e acompanhada por um médico, uma vez que pode gerar efeitos colaterais:
- Insônia;
- Irritação;
- Ademais, palpitação;
- Sensação de boca seca;
- Ressecamento intestinal;
- Por fim, arritmia e taquicardia em pacientes mais sensíveis e/ou com problemas cardíacos.
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Por que o vício em remédio para emagrecer acontece?
De acordo com o artigo do especialista, algumas anfetaminas são capazes de aumentar a liberação de dois importantes neurotransmissores: a noradrenalina e a dopamina. “A biodisponibilidade aumentada desses neurotransmissores na fendas sinápticas reduz o sono e a fome e provoca um estado de agitação psicomotora. Desse modo, os usuários ficam mais desinibidos, excitados e hiperativos. O aumento da dopamina, a principal molécula do prazer, embora não seja muito acentuado, contribui para compulsão ao uso”, explica o texto.
Fatores como uso sem acompanhamento profissional, busca por resultados cada vez mais rápidos e histórico pessoal colaboram ainda mais para um quadro de vício.
Referência: Evandro Murer, Drogas, Anfetaminas e Remédios para Emagrecer, UNICAMP.