Gestação mês a mês: entenda as mudanças no bebê e na mãe

Gravidez e maternidade Saúde
17 de Março, 2023
Gestação mês a mês: entenda as mudanças no bebê e na mãe

Normalmente, uma gravidez pode chegar a 38 semanas — mas, em alguns casos, esse período é maior ou menor. Pensando nisso, nós iremos contar todos os detalhes que acontecem na gestação mês a mês: do desenvolvimento do feto até as mudanças no corpo da mãe. Confira a seguir!

Gestação mês a mês: períodos

A Dra Dalva Cristina Marques, ginecologista especializada em obstetrícia e membro da Doctoralia, explica que para entender o desenvolvimento do feto e as mudanças no corpo da mãe, é preciso dividir a gestação em dois tempos: o período embrionário e o período fetal.

Período embrionário

O período embrionário, conhecido como organogênese, vai até a 12ª semana da gestação. Nele, estão se formando todos os órgãos do bebê, portanto, há maior sensibilidade a qualquer agressão.

“Há uma vulnerabilidade para o aparecimento de malformações fetais e, por isso, é uma fase muito importante. Desse modo, é preciso seguir todo o cuidado no pré-natal, realizar os exames adequados e investigar a formação do feto”, aconselha a especialista.

Além disso, a ginecologista adianta que é preciso se atentar às medicações que vão ser usadas para não ocorrer nenhuma interferência desses medicamentos nessa fase.

Período fetal

De acordo com a médica, o período fetal começa após 12 semanas de gravidez. Nele, o bebê já está completamente formado e é mais um período de amadurecimento, onde todos os órgãos já formados acabam por adquirir uma estrutura mais definitiva.

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Gestação mês a mês

Descubra o que acontece com a mãe e o bebê nas etapas da gestação mês a mês. Assim, a Dra. Dalva Cristina Marques elenca todos os processos. Confira!

Primeiro trimestre

gestação mês a mês

Primeiro mês: semanas 1 a 4

O que acontece com a mãe:

Da primeira até a quarta semana, ocorre a fecundação na trompa. Então, esse embrião formado na trompa vai descer até a cavidade uterina.

Nesse período, também ocorre a formação da cavidade amniótica, que vai envolver o embrião. Essa é uma fase importante, na qual a mãe começa a ter os primeiros sintomas da produção de progesterona, que aumenta bastante.

Por fim, algumas pacientes relatam dor nas mamas, um pouco de dor de cabeça e cólica — tudo em decorrência das alterações nos hormônios. Eles também podem causar altos e baixos no humor.

Ao chegar ao útero, o óvulo fecundado se fixa no endométrio, uma espécie de revestimento do órgão, sendo essa etapa chamada de nidação. Então, as células iniciam o processo de multiplicação que resultará no feto. A placenta também começa a se formar. Pequenos sangramentos ou corrimento vaginal intensos são normais nesse período.

O que acontece com o bebê:

Ainda recebe o nome de embrião, uma vez que, por enquanto, não passa de um aglomerado de células. A placenta continua a se desenvolver, e o pequeno é alimentado via sangue materno, que chega até ele por meio do cordão umbilical. Até o final da semana, ele pode medir cerca de 2 mm.

Segundo mês: semanas 5 a 8

O que acontece com a mãe:

A mãe começa a ter alguns sintomas como cólica mais insistente e cansaço, já que a circulação do sangue fica mais intensa e pode gerar uma certa dificuldade em respirar.

É comum, também, sentir os primeiros enjoos e alterações de humor. Por outro lado, as unhas ficarão mais resistentes, assim como a vontade de urinar.

Sabe os famosos desejos de grávida? Eles costumam aparecer a partir da sexta semana, assim como a aversão a certos alimentos. É possível que surjam sintomas como azia e prisão de ventre.

O que acontece com o bebê:

Da quinta até a oitava semana, acontece o processo de nidação: isto é, o embrião vai se fixar na cavidade uterina e começar a se desenvolver. Além disso, ocorre a formação de um disco trilaminar achatado, que se torna, depois, o crânio e o local onde o bebê começa a se alongar.

Nessa fase, o feto irá medir cerca de 5 mm desde a região crânio encefálica até a região caudal (que irá virar os membros). O sistema nervoso também está em desenvolvimento nessa fase, além dos rins, dos músculos, dos ossos mais finos e do fígado.

Por volta da sétima semana, ocorre o início dos batimentos cardiofetais e a formação da placenta e do cordão umbilical. Na quinta semana, ele mede um pouco mais de 2 mm e pesa 1 grama.

Terceiro mês: semanas 9 a 12

O que acontece com a mãe: 

Nesse período, o aumento de peso fica mais perceptível. Além disso, os seios aumentam, ficam mais sensíveis e doloridos. O cabelo fica menos oleoso. Por causa de alterações hormonais, a gestante pode começar a se importar com coisas que normalmente não a aborreceriam. Isso porque, além do aumento do nível de hormônios, a ansiedade causada pela gravidez pode reforçar o nervosismo.

Por outro lado, o aumento do nível sanguíneo faz com que as mãos e pés fiquem mais quentes. Há, também, aumento da sede, já que seu corpo precisa de mais líquido. Então, os enjoos matutinos tendem a passar ou diminuir a partir da 12º semana.

Até lá, o acompanhamento médico deve ser constante. Assim, é solicitado o ultrassom morfológico do primeiro trimestre, que consegue identificar algumas malformações genéticas e síndromes.

Durante todo o primeiro trimestre de gestação, é muito importante a suplementação de ácido fólico para o desenvolvimento fetal. Isso porque a vitamina atua diretamente na construção do sistema neurológico do bebê.

O que acontece com o bebê:

Nessa fase, surgem os ossos mais rígidos, bem como os olhos, as mãos, os pés e as orelhas. A partir da 10ª semana, o bebê passa a ser chamado de feto – pesa aproximadamente 20 g e mede de 31 a 42 mm, da cabeça às nádegas. O cérebro já está mais desenvolvido, sendo que a cabeça ainda é desproporcional em relação ao corpo. O intestino se desenvolve rapidamente e parte dele se projeta para o interior do cordão umbilical, formando o que se conhece por hérnia fisiológica, que desaparece normalmente depois da 12ª semana. A maior parte das articulações já está pronta e, apesar de ainda ser cedo para identificar o sexo do bebê por meio do ultrassom, os órgãos genitais já se diferenciaram.

Por volta das 11 semanas, o coração do pequeno está batendo forte e é possível ouvi-lo por meio da ultrassonografia. Após a 12º semana, o bebê já está totalmente formado. Por meio do ultrassom, é possível identificar os dedos, sobretudo das mãos. Os movimentos do feto já são bem evidentes e ativos. No final dessa semana, dependendo do posicionamento fetal, é possível, em algumas gestantes, identificar o sexo do bebê, que mede entre 54 e 66 mm, da cabeça às nádegas, e pesa cerca de 60 g.

Gestação mês a mês: segundo trimestre 

gestação mês a mês

Quarto mês: semanas 13 a 16

O que acontece com a mãe:

Entre a décima terceira e a décima sexta semana, ocorre uma maior visualização da gestação por parte da mãe, que consegue identificar o aumento uterino com mais facilidade — isto é, a barriga vai ficando cada vez mais aparente!

Desse período em diante, o risco de abortamento diminui significativamente. É comum, nessas semanas, surgir intensa vontade de urinar. Alterações na pressão sanguínea podem causar tonturas e, eventualmente, até desmaios. Portanto, cuidado com mudanças bruscas de posição, principalmente na hora de levantar.

O que acontece com o bebê:

Os movimentos já estão mais refinados e o bebê consegue flexionar braços e pernas, além de abrir e fechar as mãos.

Começam a se desenvolver mecanismos que permitem que o bebê desenvolva mais o sentido da audição – minúsculos ossos do ouvido médio se aprimoram, mas como os centros auditivos do cérebro ainda não se desenvolveram completamente, ele não compreende os sons. Com o passar do tempo, o bebê passa a ouvir a voz e os batimentos cardíacos da mãe. Ao final da 16º semana, o feto mede entre 16 e 17 cm e pesa em média 150 a 170 g.

Quinto: semanas 17 a 20

O que acontece com a mãe: 

Por volta da 20ª semana, já é possível sentir o bebê mexer. Além disso, o crescimento do útero se intensifica e a barriguinha começa a aparecer.

Os mamilos, por sua vez, escurecem e a pigmentação da pele também aumenta em outras áreas do corpo. Como resultado, em algumas mulheres consta-se a linha nigra, uma linha vertical no meio da barriga. Os melasmas – manchas escuras que surgem principalmente no rosto – também podem aparecer, por isso, use protetor solar sempre.

O que acontece com o bebê:

Entre a décima sétima e a vigésima semana, os sistemas circulatório e urinário começam a funcionar, cabelos e pelos já são visíveis e o bebê se mexe com mais intensidade e frequência.

O feto também já pode identificar sons e vozes. Então, essa é uma fase importante para a comunicação mais próxima.

Sexto mês: semanas 21 a 25

O que acontece com a mãe: 

Nessa fase, é comum o aumento da transpiração, uma vez que a mulher está carregando um peso extra. Na 22ª semana, é feito o segundo ultrassom morfológico. O objetivo é garantir que todos os órgãos já estejam prontos. Outro exame importante no período é a curva glicêmica da mãe, que vai identificar a presença (ou não) de diabetes gestacional.

O que acontece com o bebê:

O bebê ganha mais gordura corporal, o que faz com que seu corpinho tome forma. Agora, ocorre também a formação do vérnix, uma substância branca e gordurosa que cobre a pele do bebê. A circulação sanguínea do pequeno aumenta devido à produção em massa das células sanguíneas. Ao final da 24ª semana,  o bebê pesa, aproximadamente, 700 a 850 g e mede em média 30 cm.

Terceiro trimestre de gravidez

gestação mês a mês

Sétimo mês: semanas 26 a 30

O que acontece com a mãe: 

Para a mamãe, o cansaço e a dificuldade de respirar serão ainda mais aparentes, e podem estar acompanhados de dores nas costas e nas costelas.

Isso acontece por causa da lordose gerada na gestação. Nela, a coluna começar a envergar para conseguir 

O que acontece com o bebê:

Agora, o pequeno vai dominar 100% de sua audição e dos movimentos dos membros inferiores e superiores. Então, na 30ª semana, começa a fase de maior ganho de peso do bebê, que continua ganhando estatura, porém numa velocidade menor. Dessa forma, é nesse período que começam a aparecer as diferenças entre os bebês de mesma idade gestacional.

Isto é, alguns bebês passam a apresentar crescimento acima da média, sofrendo influência da genética e constituição dos pais. A maioria dos bebês nessa fase já adota a posição cefálica (de ponta cabeça), sendo que a mãe pode sentir maior pressão no baixo ventre, principalmente sobre a bexiga e até alguns chutes nas costelas. A média de peso, nessa fase, é entre 1,4 e 1,7 kg.

Oitavo: semanas 31 a 34

O que acontece com a mãe: 

No oitavo mês de gestação, as consultas com o médico passam a ser quinzenais, já que é preciso um acompanhamento mais próximo por conta do parto, que será em breve. A gestante pode apresentar cãibras, dores musculares e colostro — substância produzida pela mama que irá gerar a amamentação. 

É comum que haja falta de ar, causada pelo volume do útero e acúmulo de gases no intestino próximo à região das costelas.

O que acontece com o bebê:

Nessa fase, o bebê já está pesando em torno de 1,7 kg. Assim, alguns exames de sorologia são pedidos como parte do pré-natal. Ao final da 34ª semana, o bebê desenvolve o sistema imunológico para se proteger de infecções. Nesse momento, ele provavelmente já está com a cabeça na posição definitiva, normalmente virada para baixo. Apenas 3 ou 4% de todos os bebês ficam sentados com as pernas ou as nádegas viradas para o colo do útero. O bebê, nessa semana, pesa entre 2,1 e 2,5 kg e mede em média 44 cm.

Nono mês: semanas 35 a 40

O que acontece com a mãe: 

Na 36ª semana, é comum sentir latejamento ou pressão da região pélvica, causado pelo peso e movimentação do bebê. Até aqui, o fluxo sanguíneo materno aumentou 50% e se manterá constante até o parto. Os mamilos aumentam e os seios ficam mais pesados.

A partir 37ª semana, a gestante pode sentir “contrações de treinamento” (contrações de Braxton-Hicks), nas quais o seu útero enrijece por alguns segundos e relaxa, sem dor, algumas vezes ao dia, esporadicamente, sem intervalos definidos.

A proximidade do parto faz com que as mulheres fiquem mais nervosas. Além disso, o peso deve parar de aumentar, sendo que também é comum que algumas mulheres percam peso na semana anterior ao parto. Por outro lado, a pressão do útero contra as costelas deve causar desconforto, enquanto a pele do abdômen pode coçar por estar muito esticada. Há, normalmente, uma queda na libido.

O que acontece com o bebê:

Até a 40ª semana, o bebê já está com a função pulmonar pronta para o parto! Assim, ele mede entre 45 cm e 50 cm. Todos os órgãos estão completamente formados e ele já consegue controlar a respiração. Ele começa, então, a encaixar na cavidade pélvica, e fica pronto para nascer a qualquer instante, o que geralmente ocorre em torno da 40ª semana.

Gestação mês a mês: como converter semanas em meses?

Por fim, para aqueles que desejam compreender melhor a “linguagem das grávidas”, pode-se considerar que a cada 4.4 semanas completa-se 1 mês, gerando a contagem a seguir:

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Fonte: Dra Dalva Cristina Marques, ginecologista especializada em obstetrícia, menopausa, perinoplastia e estética íntima. Membro da Doctoralia.

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