Alergia a camarão: conheça os sintomas e como agir

Alimentação Bem-estar Saúde
15 de Fevereiro, 2022
Alergia a camarão: conheça os sintomas e como agir

Você sabia que a alergia a camarão e outros crustáceos, como lagosta, siri e caranguejo, é o tipo de alergia alimentar mais frequente nos adultos? Com uma ocorrência tão alta, é importante conhecer quais são os sintomas que essa condição provoca, as possíveis complicações e, sobretudo, o que fazer se acontecer com você ou alguém ao seu redor. Mas, antes disso, que tal aprender o que é exatamente a alergia alimentar, que acomete cerca de 10% da população mundial?

O que é alergia alimentar?

De acordo com Brianna Nicolletti, alergista e imunologista pela Universidade de São Paulo (USP), a alergia alimentar é uma resposta do sistema imune ao entender uma parte da estrutura do alimento como “alergênica” e estranha. Dessa forma, produz uma série de anticorpos ou células que geram um processo inflamatório

“Uma vez sensibilizado, o risco de uma reação alérgica mais grave, em um contato subsequente, existe, inclusive com a mínima quantidade daquele alimento. Mas, da mesma forma que as transformações frequentes do nosso sistema imunológico podem trazer novas sensibilizações ao longo de nossas vidas, pode também acontecer o que chamamos de ‘tolerância’ e, assim, depois de algum tempo, deixar de ter a alergia àquele alimento”, esclarece Brianna, lembrando que, nos adultos, essa situação é menos comum que nas crianças.

Além disso, é importante saber que a possibilidade de desenvolver alergia a frutos do mar existe em qualquer idade, mesmo já tendo ingerido esses alimentos, ainda que por muito tempo, sem qualquer reação. 

Quais são os sintomas da alergia a camarão?

A alergia a camarão apresenta diversos sintomas clássicos que surgem durante, imediatamente ou até mesmo algumas horas depois do consumo, pois a reação varia conforme alguns fatores, como a intensidade da inflamação alérgica. 

A alergia não depende da quantidade ingerida, uma vez que o uso de utensílios de cozinha ou somente o cheiro do alimento podem ser suficientes para desencadear os sinais. Os principais são: 

  • Urticária (manchas, bolinhas ou placas vermelhas pelo corpo)
  • Coceira
  • Inchaço nos lábios, língua, pálpebras e garganta
  • Vômito e náusea
  • Diarreia
  • Dor abdominal
  • Tosse
  • Chiado no peito ou falta de ar
  • Desmaios

Nesse sentido, as anafilaxias desencadeadas por alergia a camarão são as reações mais graves: “É uma situação gravíssima, que precisa de tratamento especializado imediato, com risco de morte”, alerta a médica. 

É possível ter alergia à proteína do camarão? 

Brinna observa que a alergia a camarão pode ocorrer por conta de uma parte proteica de sua composição. Além disso, os conservantes utilizados pela indústria ao embalar e comercializar o alimento também podem ser os responsáveis. É o caso, por exemplo, do metabissulfito de sódio.

“No Brasil, é comum a utilização desse conservante na embarcação após a captura do camarão. Esses crustáceos são imersos em tanques contendo água com gelo e solução de metabissulfito de sódio, o que ocasiona uma morte mais rápida do pescado e a inibição da melanose (escurecimento do camarão)”, explica. A exposição ao conservante pode, então, provocar reações alérgicas com sintomas como urticária, crises de asma para indivíduos sensíveis a sulfitos e até choque anafilático. 

Ela completa dizendo que os níveis elevados de metabissulfito de sódio em humanos podem não necessariamente acarretar em alergia. Porém, podem levar à reações adversas que incluem: dores de cabeça e abdominais, náuseas, tontura, hipotensão, irritação gástrica local, distúrbios do comportamento e diarreia. 

Quando a alergia ao conservante é detectada, o ideal é que a pessoa consuma camarões e crustáceos sem a presença dele na lista de ingredientes. Já para os alérgicos à proteína, ainda que a casca seja a responsável por 80% das reações, a alergista diz que não é recomendável ingerir camarão mesmo sem a casca, “pois ainda existe a tropomiosina (principal proteína alergênica) na carne”.

Como é feito o diagnóstico da alergia a camarão?

Primeiramente, o diagnóstico para alergia a camarão é feito a partir de análise detalhada do histórico clínico e exames laboratoriais, como a pesquisa de sensibilização a componentes do camarão, que facilitam muito a investigação. “Também pode ser feito o prick test para comprovação dessa alergia.”

Nesse teste, é aplicada ou injetada – no antebraço do paciente – uma pequena dose do possível alergênico. Depois de cerca de 20 minutos, verifica-se se o indivíduo apresentou reações.

Com relação ao tratamento da alergia a camarão, embora existam alguns estudos que buscam uma forma de fazer a dessensibilização alérgica, a orientação é, de fato, a exclusão do alimento.

Também não é seguro, de acordo com Brianna, ingerir camarão e tomar, em seguida, um antialérgico. “A cada contato, sabemos que vamos nos sensibilizando cada vez mais, aumentando o risco de uma reação mais grave e que não será contida pelo antialérgico, que pode até mascarar e atrapalhar a rapidez do tratamento para uma reação grave.”

O que fazer em caso de reação alérgica?

O procedimento adequado diante de uma reação alérgica a camarão depende da intensidade e da rapidez dos sintomas. “Para reações mais leves, as medicações mais usadas são antialérgicos e corticoides injetáveis ou orais”, informa a alergista. Dessa forma, você pode afrouxar as roupas, especialmente calças e gravatas, e deitar a pessoa de lado, com as costas no chão, posição ideal para evitar sufocamento caso apresente vômito.

Já se estiver diante de reações mais intensas, com possibilidade de anafilaxia, é muito importante ir imediatamente para um hospital ou posto de atendimento. Também pode ser indicado contatar a emergência pelo telefone 192.

Se a alergia a camarão já for conhecida, a pessoa pode carregar consigo uma injeção de epinefrina. Em formato de caneta, ela pode ser aplicada nas coxas ou no braço, facilitando a respiração. “Mesmo após utilizá-la, a pessoa deve ir para um hospital ou pronto atendimento”, finaliza Brianna.

Fonte: Brianna Nicolletti, alergista e imunologista pela Universidade de São Paulo (USP).

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