Envelhecimento ovariano: Por que a fertilidade feminina diminui com o passar do tempo?

Gravidez e maternidade Saúde
18 de Agosto, 2021
Envelhecimento ovariano: Por que a fertilidade feminina diminui com o passar do tempo?

As mulheres estão demorando cada vez mais para engravidar. Seja por conta das inúmeras opções de métodos contraceptivos existentes hoje, da maior inserção feminina no mercado de trabalho ou até da maior expectativa de vida da população, a verdade é que quem quer ser mamãe anda esperando um pouco mais para tomar a decisão — muitas, aliás, optam por gerar filhos quando um processo já se iniciou no organismo: o chamado envelhecimento ovariano.

“Se em um passado próximo, o início da maternidade era aos vinte, hoje, entretanto, a média de idade do primeiro filho supera os trinta, com tendência a aumentar. Atualmente, observa-se que um em cada cinco nascimentos é gerado por mulheres com idade superior a 35 anos”, confirma a nutricionista ortomolecular Luciana Harfenist.

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Infelizmente, esse “atraso” pode dificultar as coisas. Isso porque os óvulos e ovários envelhecem com o passar dos anos. Quer saber mais? Confira:

O que é envelhecimento ovariano?

De acordo com a especialista, o envelhecimento ovariano (também conhecido como reserva ovariana) pode ser definido como a perda da saúde reprodutiva de ovários e óvulos. Nele, os hormônios sexuais femininos diminuem, a ovulação começa a falhar, as menstruações tornam-se mais irregulares e podem até ficar escassas (fenômeno que marca o início da menopausa). Desse modo, a fertilidade começa a declinar naturalmente.

Geralmente, todas essas características descritas têm início entre 45 e 50 anos. Se a mulher apresentar essa perda aos 40, por exemplo, ela provavelmente sofre com o envelhecimento precoce do ovário, ou insuficiência ovariana. Além disso, as causas podem incluir fatores genéticos, tabagismo e outros hábitos considerados prejudiciais à saúde.

Confira o decréscimo das taxas de fertilidade da mulher de acordo com a idade, segundo a profissional:

  • 25 a 30 anos: menos 19%;
  • 30 a 35 anos: menos 19%;
  • 35 a 40 anos: menos 40%;
  • 40 anos: menos 95%.*

*Valores de fertilidade comparados com os de pacientes com menos de 25 anos (valores e estatísticas que se aplicam às mulheres de maneira geral, podendo haver variação de mulher para mulher).

Fonte: Tognotti, E. e Pinotti, J.A. A Esterilidade Conjugal na Prática da Propedêutica Básica à Reprodução Humana – Editora Roca Febrasgo.

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Por que os ovários envelhecem tão rapidamente?

Há duas causas naturais que proporcionam o envelhecimento ovariano: o encurtamento dos telômeros e a diminuição do número de mitocôndrias presentes nas células reprodutoras femininas. Ficou confuso? A gente simplifica:

Os telômeros são estruturas presentes nas extremidades dos nossos cromossomos (responsáveis pela transmissão das características hereditárias). Em células jovens, esses telômeros são bem compridos, mas à medida que elas se multiplicam, eles vão se encurtando. “Isso chega a um ponto em que, de tão encurtados, a célula perde completa ou parcialmente a sua capacidade de divisão”, explica Luciana Harfenist.

Já as mitocôndrias, por outro lado, são organelas microscópicas presentes em todas as células do nosso corpo — cada célula chega a carregar centenas de mitocôndrias. Elas são responsáveis por produzir energia. “Os óvulos, com o passar dos anos, tendem a ter uma quantidade menor de mitocôndrias e ser menos funcionais, já que são capazes de produzir cada vez menos energia”, diz a especialista. E aí, já viu: com menos combustível, os óvulos têm mais dificuldade na fecundação e se tornam até mais propícios a gerar malformações fetais (Síndrome de Down, por exemplo).

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Hábitos que potencializam o envelhecimento ovariano

Contudo, nosso estilo de vida tem uma grande influência na questão da infertilidade feminina. “Hoje em dia, mais mulheres estão enfrentando pressão no trabalho e distúrbios psicológicos. Todos os dias, sentem-se cansadas e cheias de tensões. Por isso, fumam, dormem mal, bebem mais, algumas até usam drogas ilícitas, outras fazem exercícios em exagero e possuem hábitos alimentares inadequados”, afirma Luciana. Assim, todos esses problemas podem causar o envelhecimento prematuro dos ovários.

Mas o que fazer?

Há alguns costumes que você pode adotar com relação à alimentação para prevenir o envelhecimento ovariano. Reforçar a concentração de vitamina D no organismo, por exemplo, é um deles. Um trabalho feito no King’s College London e publicado no American Journal of Clinical Nutrition avaliou os níveis desse nutriente no sangue de 2.160 mulheres com idades entre 18 e 79 anos. Como resultado, descobriu que as mulheres com mais vitamina D tinham telômeros mais longos em suas células.

Para obter a vitamina D, Luciana recomenda a exposição solar (5 a 10 minutos diários, sem proteção e em períodos com menor incidência de raios) e uma alimentação rica em itens fontes dessa vitamina. Como:

  • Óleos de fígado de peixe;
  • Aveia;
  • Gema de ovo;
  • Alimentos fortificados com vitamina D.

Outro micronutriente importantíssimo para aumentar a fertilidade feminina é a coenzima Q10. “Ela melhora o funcionamento das mitocôndrias, a maturação dos óvulos e a formação de embriões mais saudáveis e com maior chance de implantação”, explica a nutricionista.

Você pode encontrar a coenzima Q10 em produtos de origem animal (carnes, aves e peixes), óleos vegetais (soja, canola e girassol) e oleaginosas.

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Por fim, é sempre bom lembrar que existem inúmeros tratamentos que servem como alternativas ao envelhecimento ovariano. Congelamento de embriões, reposição hormonal e até doação de óvulos são alguns exemplos. Nesses casos, uma conversa com o médico é fundamental antes de tomar a decisão.

Fonte: Luciana Harfenist, nutricionista ortomolecular e referência em gastronomia funcional – CRN: 0601414.

Sobre o autor

Amanda Panteri
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em alimentação saudável.

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