7 doenças mais comuns na gravidez e como identificá-las

Gravidez e maternidade Saúde
19 de Julho, 2024
Ana Renata de Godoy Ferreira
Revisado por
Enfermeira • COREN SP - 87.661
7 doenças mais comuns na gravidez e como identificá-las

Na gestação, o corpo passa por uma série de transformações. As alterações hormonais são significativas, e o crescimento do bebê provoca diversas mudanças no organismo. Essas modificações podem enfraquecer o sistema imunológico da mulher, tornando-a mais propensa a infecções e doenças comuns na gravidez. Por exemplo, vaginoses, distúrbios na tireoide e infecções no trato urinário.

“Cada uma dessas doenças pode trazer complicações para a mãe. Por isso, é importante prevenir, diagnosticar e tratar cedo”, aponta Monique Novacek, ginecologista obstetra da Clínica Mantelli. Então, com o auxílio da especialista, listamos, a seguir, algumas das doenças mais comuns na gravidez e como você pode identificá-las. 

1. Diabetes gestacional 

O diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento nos níveis de glicose no sangue, é causado por uma combinação de fatores hormonais e metabólicos que ocorrem na gravidez. Os hormônios produzidos pela placenta, que ajudam a suprir as necessidades nutricionais do bebê, interferem na ação da insulina — responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. 

Consequentemente, o pâncreas aumenta a produção de insulina para regular a glicose na corrente sanguínea. Em algumas pessoas, no entanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem diabetes gestacional. 

“Os principais fatores de risco para diabetes gestacional incluem obesidade, diabetes gestacional em gestações anteriores, hipertensão, gestações de gêmeos e ganho de peso excessivo. Além disso, alimentação inadequada, ausência de atividade física, gestações de FIV (Fertilização in Vitro) e mulheres que engravidam após 35 anos também são fatores de risco importantes”, esclarece Monique. 

Como identificar: na maioria dos casos, a gestante não apresenta sintomas, o que pode ser perigoso. Quando eles se manifestam, podem ser confundidos com desconfortos típicos na gravidez. Entre eles, é possível destacar aumento da sede e da fome, idas frequentes ao banheiro, visão turva e cansaço

Leia mais: Dieta para diabetes gestacional: o que comer e o que evitar

2. Pré-eclâmpsia 

Uma das principais causas de morte materna no mundo, a pré-eclâmpsia acontece quando a mulher apresenta hipertensão após 20 semanas de gravidez — e normalmente ocorre com mais frequência durante o 3º trimestre. Ela também envolve a presença de proteína na urina, o que implica que os rins não estão funcionando corretamente. 

As causas não são esclarecidas, mas ela pode ter relação com a formação de novos vasos sanguíneos no início na gravidez, que são responsáveis por transportar oxigênio e nutrientes da mãe para o bebê. Na pré-eclâmpsia, contudo, os vasos não se desenvolvem corretamente. Como consequência, pode causar problemas de circulação e levar ao aumento da pressão arterial.

A pressão alta pode evoluir para uma pré-eclâmpsia e, posteriormente, para uma eclâmpsia, que é uma complicação grave. Nesse caso, a mãe pode convulsionar, ter alterações hepáticas, insuficiência hepática e diminuição de plaquetas, e será necessário realizar o parto imediatamente”, explica Monique.

Como identificar: os sintomas de pré-eclâmpsia podem apresentar diferenças, de acordo com o grau de comprometimento. Em casos leves, a pessoa pode ter inchaço excessivo, retenção de líquidos acima do normal e pressão arterial alta, entre 140 x 90 e 160 x 110 mmHg. Por outro lado, em casos graves, a pressão arterial fica superior a 160 x 110 mmHg e podem ocorrer convulsões, dores no estômago e pouca urina. 

3. Doenças comuns na gravidez: Infecção urinária

Na gestação, as mudanças funcionais e anatômicas nos rins e nas vias urinárias podem facilitar o crescimento de bactérias, como a Escherichia coli. Dessa forma, aumenta o risco de infecções urinárias. Além disso, as mulheres têm uma uretra mais curta (cerca de 4 cm), o que torna mais fácil para as bactérias se deslocarem do ânus para a bexiga. 

A imunidade baixa é um dos principais fatores de risco associados à infecção, e pode ocorrer em decorrência de diversos fatores, como alterações hormonais, diabetes gestacional, infecções vaginais (como candidíase de repetição), bem como disfunções do assoalho pélvico.

“Todo tipo de infecção ou alteração na gestação deve ser monitorado, pois pode levar a um trabalho de parto prematuro se não tratado adequadamente, principalmente em casos de infecção urinária, vaginose e infecções vaginais não tratadas”, aponta Monique Novacek. 

Como identificar: em alguns casos, a infecção urinária na gravidez pode ser assintomática ou apresentar sintomas como dor ou queimação ao urinar, vontade frequente de urinar, sensação de peso na região da barriga e urina escura. 

4. Prisão de ventre 

A prisão de ventre na gravidez pode acontecer devido a uma dieta pobre em fibras e baixa ingestão de fibras. As alterações da gestação também favorecem o quadro, como o crescimento da barriga e o peso que o útero exerce sobre o intestino — o que dificulta os movimentos intestinais. 

Além disso, a progesterona, um hormônio produzido durante a gravidez, reduz a atividade do intestino, o que pode resultar em movimentos intestinais mais lentos e fezes mais secas.

Como identificar: embora o intestino preso não prejudique o bebê, ele provoca sintomas desconfortáveis. Por exemplo, esforço para evacuar, fezes muito duras, mal-estar e cólicas abdominais.

5. Doenças comuns na gravidez: Anemia

A anemia é uma das condições mais frequentes na gravidez, principalmente entre o segundo e o terceiro trimestre. Desse modo, ela ocorre pela falta de glóbulos vermelhos suficientes ou de hemoglobina, uma proteína que transporta o oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. Nesse período, isso pode resultar em uma quantidade insuficiente de oxigênio e nutrientes sendo fornecida ao bebê, o que, por sua vez, pode comprometer seu desenvolvimento adequado.

Se não tratada adequadamente, a anemia pode potencialmente afetar o bebê. Entre os possíveis riscos estão o baixo peso ao nascer, o parto prematuro e, em casos graves, complicações como o subdesenvolvimento do bebê no útero e até a morte neonatal. Portanto, é essencial monitorar e tratar a anemia para minimizar esses riscos e garantir a saúde tanto da mãe quanto do bebê.

Como identificar: os sintomas de anemia costumam ser pouco específicos, inclusive podem ser confundidos com manifestações da própria gravidez. Alguns deles incluem fadiga, fraqueza muscular, sonolência, tontura e dor de cabeça. 

6. Vaginose 

A vaginose bacteriana é uma infecção provocada por um desequilíbrio na flora vaginal, que ocorre devido às alterações hormonais da gravidez. Como consequência, há uma diminuição dos lactobacilos na região e uma elevação na proliferação de bactérias, como a Gardnerella vaginalis e Gardnerella mobiluncus.

Como identificar: entre os principais sintomas, estão a coceira vaginal intensa, corrimento branco e odor fétido. A gestante também pode apresentar sensação de queimação ao urinar. 

7. Doenças comuns na gravidez: Hemorroidas

As hemorroidas são vasos sanguíneos dilatados, inflamados e inchados situados na parte interna do reto ou ao redor do ânus. Elas podem ser internas, quando presentes apenas dentro do ânus, ou externas, quando se projetam para fora do ânus. 

O surgimento durante a gravidez, que é mais frequente a partir do segundo semestre, é principalmente causado pelo aumento do volume uterino e da pressão exercida na região pélvica, à prisão de ventre e ao aumento do fluxo sanguíneo. Isso provoca a dilatação e, consequentemente, o inchaço das veias da região anal.

Como identificar: os sintomas de hemorroidas na gravidez podem diferir de acordo com o tipo. No entanto, eles envolvem especialmente dor na região anal, seja ao evacuar, andar ou sentar, e coceira no ânus. Por fim, em alguns casos, pode haver a presença de sangue nas fezes ou no papel higiênico após a limpeza da região.

Referências

Sobre o autor

Susana Targino
Jornalista da Vitat

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