Dançar durante o trabalho de parto facilita o nascimento do bebê?
Ao estar à espera de um bebê e ser uma usuária assídua do TikTok, você provavelmente já se deparou com vídeos surpreendentes de gestantes dançando enquanto aguardavam a chegada do filho. Só que mais do que chamar atenção, este tipo de produção também traz o questionamento: dançar durante o trabalho de parto realmente traz benefícios para o nascimento do pequeno?
Segundo Shirley Silva, enfermeira obstétrica, a resposta é positiva. A especialista explica que o ato de dançar ameniza a ansiedade. Isso porque os movimentos ritmados levam o coração e os músculos a gastarem adrenalina e cortisol. Como resultado, o cérebro libera hormônios como endorfina, serotonina e dopamina. “Estas substâncias levam à sensação de prazer e relaxamento”, completa Shirley.
Carolina Curci, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, também lembra que a dança melhora a propriocepção do quadril, ou seja, faz com que ele fique mais “solto”, facilitando a descida e o encaixe do bebê para o seu nascimento. Além disso, ela atua nas articulações da gestante.
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Existe uma dança específica para este momento?
Já a escolha pelos movimentos que serão colocados em prática, de acordo com a doula Samara Barth, dialoga diretamente com a autonomia da grávida durante seu trabalho de parto. Portanto, a gestante deve ter liberdade para escolher os passos que trazem conforto e segurança a ela.
“O que recomendo é que, antes do parto, a grávida experimente movimentos diferentes, atenta onde sente o bebê, e com eles sempre alinhados a respiração correta”, completa Samara.
Até mesmo as coreografias que estão bombando no TikTok podem ser usadas a favor das gestantes, como mostra os seguintes vídeos da Shirley:
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Dançar no trabalho de parto: quando é hora de parar?
Embora a decisão de parar de dançar caiba a cada gestante, a enfermeira obstetra explica que os passos ritmados costumam ser suspensos com a chegada dos oito centímetros de dilatação. “Isso ocorre devido ao aumento da frequência e intensidade das contrações”, completa Shirley.
Neste momento, outras medidas não farmacológicas podem ser usadas para aliviar a dor e trazer relaxamento à mãe, visto que o parto está cada vez mais próximo. As especialistas citam acupuntura, aromaterapia, massagem, musicoterapia bem como caminhadas, agachamentos e o manuseio da bola suíça. “Por exemplo, a gestante senta-se sobre ela e faz movimentos circulares”, detalha a enfermeira obstetra.
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Não se recomenda a dança durante o trabalho de parto caso…
Como lembra Carolina, não são todas as pacientes que vão se sentir confortáveis para dançar. Inclusive, o nascimento do bebê não deixará de acontecer caso a gestante opte por não se movimentar dessa forma. Como explicamos anteriormente, há outras medidas que auxiliam no trabalho de parto.
Além do querer, a obstetra também lembra que partos de emergência ou que a mãe já chegou à maternidade com a dilatação próxima dos dez centímetros podem fazer com que a dança não seja recomendada.
De acordo com Shirley, outras situações que podem vir a impedir que a dança aconteça são:
- Sangramento (deve-se saber a causa);
- Descolamento prematuro da placenta;
- Bolsa Rota;
- Caso o bebê esteja muito alto ou pélvico, podendo ocorrer prolapso do cordão umbilical;
- Placenta prévia;
- Gestantes com alguma cardiopatia;
- Pré-eclâmpsia grave.
Fontes: Dra. Carolina Curci, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, Shirley Rose Silva, enfermeira obstétrica e Samara Barth, doula.