Anticoncepcional: tudo o que você precisa saber sobre a pílula

Saúde
31 de Janeiro, 2023
Anticoncepcional: tudo o que você precisa saber sobre a pílula

Um dos métodos contraceptivos mais utilizados é a pílula anticoncepcional. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), cerca de 25% das mulheres brasileiras que fazem contracepção optam pela pílula.

Para que serve o anticoncepcional?

O significado da palavra concepção é o efeito de gerar um ser vivo. “De maneira geral, o anticoncepcional tem como objetivo impedir a gravidez através da anovulação. Ou seja, ele bloqueia a produção hormonal e liberação do óvulo, gameta feminina, para que ocorra a fecundação por um espermatozóide”, explica a Dra. Ana Livia Pascom, ginecologista especializada em uroginecologia, anticoncepção, menopausa e ginecologia endócrina.

Apesar de ser mais utilizada para evitar a gravidez, a medicação também ajuda a tratar problemas como sangramentos irregulares, TPM, endometriose e síndrome dos ovários policísticos. 

Tipos de pílula anticoncepcional

Existem dois tipos principais de pílulas anticoncepcionais: as que combinam estrogênio e da progesterona, hormônios sexuais femininos; e as que são compostas apenas de representantes da progesterona.

No primeiro caso, a pílula é indicada não apenas para a regulação do ciclo menstrual, mas também para uma melhora na acne. Dentre os efeitos comuns, esse tipo de formulação pode gerar uma leve dor de cabeça, problemas gastrointestinais e aumento nas varizes.

Por isso, mulheres que já tiveram casos de trombose, ou têm um risco maior de desenvolver a condição devem estar atentas. Isso porque o estrogênio, ao ser metabolizado pelo fígado, favorece a coagulação do sangue, aumentando o risco de trombose.

De acordo com Rita Géssia Patriani Rodrigues, ginecologista e uroginecologista com especialização em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as pílulas à base de apenas progesterona podem ser uma alternativa, ou outros métodos não hormonais. Essa opção, inclusive, pode ser usada sem necessidade de pausa na cartela, e é indicada a lactantes.

Origens da pílula anticoncepcional

Lançada em 1960 nos Estados Unidos e em 1962 no Brasil, a pílula anticoncepcional significou uma verdadeira revolução para as mulheres no âmbito da concepção

Mas, de onde surgiu a ideia? Segundo o Dr. Odair Albano, médico ginecologista e obstetra, após muitos estudos, descobriu-se que a progesterona, um dos principais hormônios femininos, era capaz de inibir a ovulação e, consequentemente, evitar a gravidez.

“Contudo, quando você fazia isso, a mulher acabava não tendo ciclos menstruais regulares. O que gerava preocupação em muitas sobre estar grávida ou não”, explica o médico.

Assim, os cientistas verificaram que o estrógeno era capaz justamente de regular o ciclo. Então, com a combinação dos dois, foi criada a primeira pílula anticoncepcional.

É claro que os comprimidos passaram por muitas mudanças desde que ficaram disponíveis ao público. Para você ter uma ideia, as primeiras pílulas continham cerca de 10 vezes mais estrógeno e 164 vezes mais progesterona em comparação com as mais modernas existentes hoje.

Benefícios da pílula anticoncepcional

Prevenção da gravidez

É a principal vantagem de toda contracepção oral, incluindo a versão com drospirenona isolada. Quando utilizada de forma correta, a pílula apresenta apenas 0,3% de risco de gravidez. Ou seja, oferece alta eficácia e segurança para mulheres. 

Liberdade na rotina

Muitas mulheres se queixam do fluxo intenso e de escapes de sangue ao longo do ciclo menstrual. Isso pode acontecer com quem não faz uso da pílula.

Ao consumir a pílula anticoncepcional, o padrão de sangramento se regula e diminui até mesmo a incidência dos escapes. Tal benefício se estende à nova geração de pílulas com drospirenona isolada. 

Como resultado, é possível ter uma rotina sem interrupções e com sangramento programado. Afinal, uma grande parcela de mulheres adia compromissos e deixam de usar algumas roupas por causa do sangramento menstrual intenso.

Melhora da saúde da pele

Talvez um dos grandes benefícios da pílula anticoncepcional, como as que contêm drospirenona seja o controle da acne e da oleosidade. Por esse motivo, muitos dermatologistas recomendam o uso do medicamento como aliado do tratamento contra a acne. 

Menor exposição hormonal

Esta vantagem é exclusiva para as pílulas com 4 mg de drospirenona. Elas oferecem menos exposição hormonal, pois contêm apenas um tipo de hormônio. 

A forma de consumi-la também é diferente: durante 28 dias são consumidos 1 comprimido por dia, de forma ininterrupta. Os primeiros 24 comprimidos contêm o drospirenona e os 4 comprimidos verdes são de placebo. É durante o uso destes comprimidos que se espera sangramento, caso ele ocorra. Em geral, as pílulas com hormônios combinados exigem o uso por 21 dias ininterruptos e 7 dias de pausa.

Segurança para lactantes e adolescentes

Anticoncepcionais com drospirenona não apresentam contraindicações em adolescentes e mulheres saudáveis que estão amamentando.

Cuidados ao utilizar a pílula anticoncepcional

Embora os benefícios se sobreponham aos riscos, é importante ter a avaliação de um médico ginecologista para avaliar se há alguma restrição para você. Afinal, como todo medicamento, certos grupos precisam evitar o comprimido anticoncepcional. 

Por exemplo, a pílula de drospirenona não é indicada para mulheres com histórico de doenças cardiovasculares, diabetes ou com predisposição/antecedente de trombose. Portanto, nunca pratique a automedicação.

 Tromboembolismo

O Dr. Odair Albano explica que é o hormônio estrógeno presente em algumas pílulas que possui uma relação direta com o tromboembolismo — formação de coágulos dentro da veia.

Em mulheres jovens, a incidência do problema gira em torno de cinco casos a cada 10 mil mulheres. Quando a pílula em questão combina estrógeno e progesterona, esse dado pode subir para 11 casos a cada 10 mil pessoas.

No entanto, fatores como idade, obesidade, hipertensão, diabetes, tabagismo e histórico familiar, por exemplo, aumentam ainda mais o risco de tromboembolismo. Para essas situações, os especialistas geralmente recomendam pílulas alternativas, como aquelas que combinam progesterona e drospirenona, uma substância sintética.

Dúvidas frequentes

Posso parar de tomar o anticoncepcional quando quiser?

A interrupção do uso do anticoncepcional pode ser feita a qualquer momento, mas o ideal é esperar acabar a cartela, para haver melhor controle do ciclo.

Segundo a Dra. Ana Livia, também é importante ressaltar que ao parar a pílula, há desbloqueio hormonal. Consequentemente, ocorre a ovulação e risco de gravidez não planejada, além de sangramentos menstruais fora do período ideal. 

O que acontece com o corpo ao parar de tomar anticoncepcional?

A suspensão dos anticoncepcionais pode trazer vários efeitos colaterais. Desse modo, veja abaixo os mais comuns:

  • Retorno dos ciclos menstruais;
  • Mastalgia (dor mamária);
  • Aumento do volume das mamas e da região pélvica;
  • Secreção vaginal variável de acordo com a fase do ciclo;
  • Aumento do volume menstrual e cólicas. 

Pode-se notar também a piora dos sintomas da TPM (Tensão Pré Menstrual) relacionados ao humor como a irritabilidade, labilidade emocional, cefaléia e ainda aumento do apetite com tendência ao consumo de doces.

Além disso,  ao suspender os anticoncepcionais muitas mulheres experimentam uma piora da acne. “O bloqueio hormonal produzido pelos anticoncepcionais combinados impede a variação do ciclo menstrual natural. Esta variação é a causa do aumento de oleosidade da pele e consequente acne em algumas mulheres”, explica Dra. Ana Livia.

O que corta o efeito da pílula?

A ineficácia do anticoncepcional depende de alguns fatores. Assim, confira os principais, listados pela ginecologista Nathalie Raibolt:

  • Doenças gastrointestinais: alguns distúrbios desse tipo podem alterar a digestão e comprometer a metabolização do medicamento pelo fígado, como a gastroenterite. Por sua vez, doenças autoimunes como a de Crohn precisam de avaliação médica, pois a pílula anticoncepcional pode não ser a alternativa mais segura, visto que a má absorção intestinal é um sintoma crônico.
  • Vômitos e diarreias: mesmo que não haja relação com nenhuma enfermidade específica, vomitar ou ter diarreia em 3 ou 4 horas após a ingestão do anticoncepcional pode comprometer a sua ação.
  • Medicamentos: diversos fármacos são capazes de cortar o efeito da pílula, como antibióticos para tuberculose (rifampicina), meningite bacteriana e hanseníase. Alguns anticonvulsionantes, antifúngicos e antivirais também podem bloquear a ação contraceptiva.
  • Doenças metabólicas: a obesidade é um exemplo, pois as alterações hormonais influenciam no funcionamento do metabolismo e podem inibir a absorção plena dos hormônios da pílula.

É perigoso emendar a cartela de anticoncepcional?

Apesar de ser uma prática comum, esta é uma dúvida de quem está pensando em aderir ao método. De acordo com a ginecologista Rejane Santana, não há riscos, desde que você não possua contraindicações para consumir a pílula anticoncepcional. “Por exemplo, mulheres com hipertensão, diabetes ou com histórico de trombose não podem utilizar estrogênio”, alerta. Dessa forma, é importante conversar com seu ginecologista para avaliar as restrições.

Atrapalha o ganho de massa muscular ou emagrecimento?

Não existem evidências científicas que comprovem a existência de uma relação direta entre a pílula e a gordura corporal. Ou seja, não existe comprovação de que o anticoncepcional atrapalha de fato o emagrecimento.

No entanto, em geral, esse método contraceptivo inibe a produção de testosterona, o hormônio masculino. Esse hormônio ajuda no ganho de massa muscular, ou seja, a pílula anticoncepcional pode sim atrapalhar a hipertrofia.

Fontes

  • Dra. Ana Livia Pascom, ginecologista especializada em uroginecologia, anticoncepção, menopausa e ginecologia endócrina;
  • Dr Odair Albano médico ginecologista e obstetra. Além disso, é professor, palestrante, administrador/gestor e consultor em saúde;
  • Rita Géssia Patriani Rodrigues, ginecologista e uroginecologista com especialização em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp);
  • Nathalie Raibolt, ginecologista;
  • Rejane Santana, médica com título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO.

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