Como a alimentação pode melhorar ou piorar a inflamação no intestino?
19 de maio é marcado por ser o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (DII). O termo diz respeito a todas as condições que causam uma inflamação crônica no intestino, gerando, assim, sintomas nada agradáveis e aumentando o risco de problemas mais graves, como o câncer colorretal. Desse modo, a alimentação desempenha um papel importante na saúde do intestino — e isso não só para quem sofre com uma DII. Entenda melhor:
Qual a relação entre a alimentação e a saúde do intestino?
A nutricionista Karla Lacerda explica que, desde antes de nascermos, o nosso corpo começa a formar a chamada microbiota intestinal, que só fica completa alguns anos depois de já estarmos no mundo e é única — ou seja, uma nunca será igual a outra, como uma impressão digital.
Ela nada mais é do que o ambiente intestinal povoado por bactérias boas e ruins para nós, que precisam estar em equilíbrio (chamado também de homeostase) para que muitos processos funcionem adequadamente.
Mas por que, exatamente, precisamos de bactérias morando dentro de nós? “O microbioma intestinal interfere e influencia em muitas funções do organismo, incluindo o ritmo circadiano [famoso ‘relógio biológico’], as respostas nutricionais, o metabolismo e a imunidade”, diz a especialista.
O que a gente come, aliás, é a principal fonte de energia desses bichinhos. Por isso, mudanças bruscas na alimentação alteram rapidamente a nossa microbiota — tanto para o bem, quanto para o mal, viu? “Uma alimentação rica em produtos industrializados, com excesso de açúcares, pobre em vegetais e com baixa em hidratação resulta de um intestino doente e ineficiente em suas funções essenciais”, alerta Karla Lacerda.
Por outro lado, um cardápio cheio de legumes, verduras, frutas e oleaginosas tem o efeito contrário. “Um intestino saudável tem uma comunidade diversificada de bactérias — e cada uma delas precisa de alimentos diferentes. Por isso, quanto maior a variedade da alimentação, mais bactérias diversas vão povoar o intestino.”
E não adianta muito ter uma dieta ruim, mas apostar nos multivitamínicos para “compensar”, viu? “Suplementos isolados dificilmente terão a mesma eficácia que uma alimentação completa”, sugere a profissional.
Quais os sinais de que o intestino pode estar prejudicado?
De acordo com a nutricionista, os sintomas de um intestino inflamado são muitos e bem diferentes, e isso dificulta tanto o diagnóstico, quanto o tratamento correto. “É comum que se observe apenas quadros de constipação, diarreia ou dores abdominais.”
Contudo, fadiga, falta de certas vitaminas ou minerais no corpo, problemas de pele, enxaqueca e dor de cabeça, inchaço, mudanças no humor e náuseas também indicam que alguma coisa pode estar errada por lá.
O ideal, nesses casos, é buscar ajuda de uma equipe multidisciplinar de profissionais. “Um coloproctologista, que é especialista em tratamentos do intestino, um gastroenterologista, que é um clínico especializado em todo o trato gastrointestinal, o clínico geral e claro, o nutricionista, que fará a prescrição correta da alimentação”, aconselha Karla Lacerda.
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Dicas de alimentação e hábitos para a saúde do intestino
A nutricionista elenca o que priorizar na rotina em prol de uma saúde gastrointestinal de qualidade:
Inclua mais vegetais na dieta
Legumes, verduras, frutas, oleaginosas, leguminosas, sementes e grãos integrais, por exemplo, contêm os elementos essenciais para o desenvolvimento das bactérias benéficas. “As fibras são determinantes para a diversidade, a função e a ecologia bacteriana intestinal, e devem ser a base da alimentação”. Ela dá alguns exemplos de bons alimentos:
- Leguminosas;
- Amaranto;
- Semente de chia, linhaça e gergelim;
- Açafrão;
- Cacau;
- Aspargos;
- Aveia;
- Abacate;
- Mamão;
- Chá verde.
“Uma dica excelente para sempre ter um cardápio variado em sabor e diverso em nutrientes é aproveitar os produtos de cada estação, evitando a mesmice de uma alimentação monótona e desfrutando dos alimentos que cada época do ano traz de melhor.”
Beba água!
“Outro ponto importantíssimo que muitas vezes é negligenciado é a hidratação. Isso porque para um bom funcionamento intestinal, a água é essencial, sendo a responsável por ‘carregar’ todos esses nutrientes. Ela ainda contribui com a motilidade e a eliminação de toxinas.”
Diminua os ultraprocessados
“O consumo excessivo de frutose e outros açúcares de alimentos industrializados prejudica e diminui a defesa da barreira intestinal, compromete sua integridade e a produção de muco — que é essencial para a correta absorção dos nutrientes ingeridos”. Além disso, as substâncias químicas presentes nesses produtos podem causar quadros de inflamação intestinal e até distúrbios no metabolismo.
Alimentação e intestino: cuide do corpo e da mente
“Hábitos como atividade física, técnicas de relaxamento e terapia também são encorajados, visto que corpo e mente estão relacionados e a modulação do estresse beneficia o desenvolvimento saudável da microbiota intestinal.”
Fonte: Karla Lacerda, nutricionista pós-graduada em Nutrição Funcional e responsável pela Diretoria Científica do motor de processamento de exames do CalcLab.