Alimentação e afasia: existe relação? Especialistas esclarecem
A família de Bruce Willis anunciou na última quarta-feira (30/03) que o ator de 67 anos vai se aposentar por conta da afasia, um distúrbio de linguagem que afeta a capacidade de comunicação. Depois do comunicado, muitas dúvidas surgiram. Uma delas, por exemplo, diz respeito à relação entre a alimentação e a afasia: afinal, ela existe? Especialistas explicam:
Como a alimentação influencia no tratamento da afasia?
De acordo com a médica atuante em nutrologia e biohacker Dra Roberta Genaro, existem poucos medicamentos disponíveis para o tratamento da Afasia. O melhor tratamento para a doença é a terapia de aprendizagem, na qual várias modalidades inovadoras são aplicadas para ensinar habilidades de linguagem aos pacientes.
Por outro lado, a melhor dieta para quem convive com a condição é aquela livre de toxinas, conservantes, produtos químicos adicionados, cores adicionadas e agentes aromatizantes. Isso porque estudos apontaram que produtos químicos, conservantes e fragrâncias interferem na função cerebral.
“Condimentos prontos para uso que contêm sabores artificiais e conservantes, como maionese, mostarda, picles, ketchup, gemada e xarope, precisam ser evitados. No lugar, devem ser priorizadas receitas preparadas em casa, com ingredientes frescos. Por meio de um acompanhamento feito por um profissional especializado, é possível que haja a elaboração de um plano de dieta personalizado e de acordo com a necessidade do indivíduo”, explica a médica.
Além disso, recomenda-se um cardápio anti-inflamatório equilibrado. Afinal, ele é capaz de estimular o funcionamento adequado do cérebro, assim como garantir a melhoria do seu sistema de resposta à linguagem.
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Produção de neurotransmissores
Para a nutricionista Nathalia Guimarães, profissional que atua na Nutrindo Ideais, os alimentos que devem fazer parte do cardápio de pacientes com afasia são aqueles que melhoram a produção de neurotransmissores.
“Principalmente ingredientes ricos em ácido fólico (como lentilha, espinafre, brócolis e abacate) e vitamina B12 (ovos, peixe e frango, por exemplo). Ademais, itens fontes de ômega-3 e zinco e uma boa adequação de vitamina D são essenciais para estimular a produção de neurônios e melhorar a atividade cerebral”, complementa a especialista. Alguns exemplos são:
- Ômega-3: cavalinha, sardinha, salmão selvagem, nozes, linhaça e chia;
- Zinco: abóbora, crustáceos e grão-de-bico.
A profissional enfatiza, ainda, que é necessário tentar reduzir a hiperatividade cerebral, diminuindo a produção do glutamato e aumentando o GABA, um aminoácido que funciona como um neurotransmissor no sistema nervoso central. A adoção da dieta cetogênica e a diminuição do consumo de carne vermelha são hábitos excelentes para isso.
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Alimentação e afasia: eixo intestino-cérebro
Já para a nutricionista e pesquisadora Nêmesis Monteiro, profissional que também atua na Nutrindo Ideais, muito se tem observado sobre os efeitos de uma dieta equilibrada quando abordamos o eixo cérebro-intestino — isto é, a ligação mútua entre o nosso sistema gastrointestinal e o sistema nervoso!
Isso porque, segundo ela, a maioria dos neurotransmissores é produzida no intestino e levada ao cérebro. Desse modo, a alimentação de pacientes com afasia também deve incluir ingredientes que melhoram a saúde do intestino.
A nutricionista cita, então: alimentos fermentados (como kombucha e vegetais fermentados) e alimentos ricos em fibras prebióticas (biomassa de banana verde, alho, alho-poró, cebola, aspargos, maçã e batata yacon). Mas é sempre importante priorizar uma dieta equilibrada como um todo.
Fontes: Roberta Genaro, médica atuante em nutrologia e biohacker; Nathalia Guimarães, nutricionista que atua na clínica Nutrindo Ideais; Nêmesis Monteiro, nutricionista e pesquisadora também da Nutrindo Ideais.