Afasia: entenda a condição que fez Bruce Willis anunciar aposentadoria

Saúde
30 de Março, 2022
Afasia: entenda a condição que fez Bruce Willis anunciar aposentadoria

A afasia é um distúrbio de linguagem que afeta a capacidade de comunicação de uma pessoa. Geralmente, acontece por alguma lesão ou acidente vascular cerebral (AVC), mas também pode se desenvolver aos poucos, durante o crescimento de um tumor ou desenvolvimento de uma doença.

Recentemente, o ator Bruce Willis foi diagnosticado com o transtorno de linguagem e sua família anunciou que ele encerrará sua carreira na atuação. “Aos incríveis apoiadores de Bruce, como família, queremos compartilhar que nosso amado Bruce está passando por problemas de saúde e foi diagnosticado recentemente com afasia, que está impactando suas habilidades cognitivas. Como resultado disso, e após muita análise, Bruce está saindo da carreira que significou tanto para ele”, informa a filha Rumer Willis, no Instagram.

Segundo dados da Associação Nacional de Afasia dos Estados Unidos, de 25% a 40% dos sobreviventes de AVC apresentam afasia. A estimativa é a de que 2 milhões de americanos possuem a condição. Até o presente momento, não há dados sobre o número de pessoas com afasia no Brasil.

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Causas de afasia

Geralmente, a afasia resulta de problemas que não causam danos progressivos, tais como:

Nesses casos, a afasia não piora ao longo do tempo, mas se sua causa for uma doença progressiva (como um tumor cerebral em expansão), pode piorar progressivamente. Conforme o tumor cresce, o mesmo pode fazer mais pressão em áreas do cérebro que controlam a função da linguagem e, assim, prejudicar a capacidade de se expressar ou entender. Além disso, alguns tipos de demência também causam afasia que piora progressivamente.

Tipos de afasia

Existem dois tipos principais de afasia:

  • Afasia de Wernicke (receptiva): Se a área de Wernicke estiver lesionada, as pessoas têm dificuldade em compreender a linguagem e a escrita. Costumam falar fluentemente e com um ritmo natural, mas as frases saem formuladas com palavras confusas. Podem não saber que estão falando coisas sem sentido. A maioria das pessoas afetadas também é incapaz de ler palavras. Elas escrevem como falam — de forma fluente, mas incompreensível.
  • Afasia de Broca (expressiva): Se a área de Broca estiver lesionada, as pessoas conseguem em geral entender o significado das palavras e saber como elas desejam responder. No entanto, elas têm dificuldade em encontrar as palavras ao falar. Articulam as palavras lentamente e com grande esforço, às vezes interrompidas por imprecações, mas o que dizem faz sentido a elas. Também não há ritmo e ênfase normais da fala. Elas têm dificuldade em repetir frases. A maioria das pessoas afetadas também são incapazes de escrever palavras.

Sintomas de afasia

A afasia pode afetar o hemisfério cerebral esquerdo, responsável pelas capacidades de falar, ler, escrever e compreender. Dessa forma, as características mais comuns apresentadas por quem tem afasia, são: dificuldade de selecionar palavras dentro da sua narrativa, de expressar o que deseja, compreender o que é dito, ler e escrever, realizar alguns gestos.

É importante dizer que a faixa etária de ocorrência da afasia é extremamente ampla, podendo acometer indivíduos de todas as idades. No entanto, a afasia é mais frequente em pessoas idosas, devido à maior incidência de AVC e outras doenças nesta faixa etária.

Como diagnosticar?

Para diagnosticar a afasia, é necessária a avaliação de um médico, além de testes padronizados de função cerebral e exames por imagem, como a tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Normalmente, os médicos podem identificar a afasia ao conversar com a pessoa e ao fazer algumas perguntas.

Dessa forma, os médicos avaliam o quão fluentemente as pessoas falam, se é difícil começar a falar, e se têm dificuldade em encontrar as palavras, nomear os objetos ou repetir frases. Verificam, ainda, como as pessoas entendem o que é dito a elas, por exemplo, se elas conseguem entender e executar um comando.

Tratamento de afasia

O tratamento de certas causas de afasia depende das causas. Por exemplo, se um tumor provoca inchaço no cérebro, os corticosteróides podem reduzir o inchaço e melhorar a função da linguagem. A afasia devido a algumas outras causas (como um acidente vascular cerebral) pode diminuir mais lentamente ou apenas parcialmente quando a causa é tratada.

Os fonoaudiólogos podem ajudar as pessoas que desenvolvem afasia após o dano cerebral devido a doenças que não causam lesão progressiva. A terapia é geralmente iniciada logo que as pessoas são capazes de participar. Quanto mais cedo a terapia é iniciada, mais eficaz ela é, mas também é útil mesmo quando iniciada tardiamente.

Se as pessoas com afasia não recuperam as habilidades básicas de linguagem, elas poderão ser capazes de se comunicarem por meio de um livro ou de um dispositivo de comunicação, como uma placa com imagens ou símbolos de palavras mais utilizadas ou atividades diárias, ou ainda um dispositivo baseado em computador com um teclado e um visor de mensagens.

Um neuropsicólogo ou fonoaudiólogo pode aplicar certos testes padronizados de função cerebral, ou seja, que fornecem informações sobre a forma como diferentes áreas do cérebro estão funcionando. Dessa forma, os médicos conseguem identificar o tipo de afasia e o tratamento adequado.

Prevenção

Não há como prevenir diretamente as afasias. A prevenção ocorre ao evitar as doenças de base, como o AVC, que é uma de suas principais causas. O controle dos fatores de risco para doenças vasculares como: controle da pressão arterial, diabetes, colesterol, obesidade, sedentarismo, tabagismo entre outros, também são formas de prevenir AVCs e, consequentemente, as afasias.

Orientações gerais

É muito importante que o médico oriente a família a não excluir o paciente que está com alguma afasia. Lembrar que ele não deixou de ser inteligente, apenas não consegue expressar corretamente o que pensa. De acordo com as pesquisas recentes, há quem evite conversar com o afásico e prefira falar com seu acompanhante, como se ele não estivesse presente. Entretanto, é muito importante que o médico oriente a família a não fazer com que o paciente se sinta excluído. 

Assim, a família pode ajudar fazendo perguntas de respostas “sim” ou “não”, e também parafraseando de vez em quando durante a conversa. É importante encaminhar para um fonoaudiólogo, para que ajude na recuperação. Uma equipe multidisciplinar, em conjunto com a presença da família e amigos, é importante para que o paciente se sinta confortável neste momento de dificuldade.

Referências: Conversando sobre afasia – guia familiar; Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; MSD Manuals.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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