Pressão alta: o que é, sintomas e causas da hipertensão

Saúde
25 de Março, 2022
Pressão alta: o que é, sintomas e causas da hipertensão

Mais conhecida como pressão alta, a hipertensão arterial afeta grande parte dos brasileiros — cerca de 38,1 milhões de pessoas com 18 anos ou mais, o equivalente a 23,9% da população dessa faixa etária, diz a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE.

O que é pressão arterial

A expressão “pressão arterial” (PA), às vezes referida também como “pressão sanguínea”, se trata da pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes das artérias. Essa pressão é causada em parte pelo coração, que é o órgão muscular contrátil que impulsiona o sangue para as artérias. Ao se contrair (sístole), ele injeta cerca de 70 ml de sangue no sistema arterial, a cada “batida”, fazendo aumentar aquela pressão. Durante sua dilatação (diástole), a pressão diminui. Assim, tem-se, alternativamente, dois valores da pressão arterial: (1) pressão “máxima” ou sistólica e (2) pressão “mínima” ou diastólica.

Da mesma forma, e com as mesmas consequências, as artérias também são órgãos ligeiramente contráteis e quando contraídas ou dilatadas contribuem para determinar uma pressão arterial mais alta ou mais baixa. Ademais, a pressão arterial pode também ser afetada pela perda da elasticidade das artérias, o que acontece, por exemplo, na arteriosclerose. Esses mecanismos, por sua vez, dependem do sistema nervoso, sistema cardiovascular e dos rins. Distúrbios nessas estruturas podem alterar a pressão arterial e causar problemas de pressão.

O que é pressão alta 

Segundo o Ministério da Sáude, ela acontece quando os valores da nossa pressão são iguais ou superiores a 140 por 90 mmHg (milímetros de mercúrio), o que a maioria das pessoas conhece como “14 por 9”. Contudo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) já considera desde 2020 o número 130 por 80 mmHg (13 por 8) como pré-hipertensão.

O primeiro número diz respeito à força que o coração faz para expulsar o sangue de dentro dele e levar para todos os órgãos. O segundo, por outro lado, é a pressão de ‘relaxamento’. Se eles estão muito altos, o órgão fica sobrecarregado.

Sinais e sintomas de pressão alta

A pressão alta não é chamada de “assassina silenciosa” por nada. Pois, a maioria das pessoas com pressão alta não tem ideia de que são afetadas. Mas, se deixada sem tratamento, ela pode causar endurecimento das artérias, derrame, danos nos rins e até mesmo declínio cognitivo e demência. 

Dito isso, os principais sintomas, quando ocorrem, são:

  • Enjoo;
  • Dor de cabeça;
  • Dor na nuca;
  • Sonolência;
  • Zumbido no ouvido;
  • Tontura;
  • Visão dupla ou embaçada;
  • Dificuldade para respirar;
  • Palpitações cardíacas.

Fatores de risco

A doença é herdada dos pais em 30 a 50% dos casos. Mas, há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles:

  • Tabagismo;
  • Consumo de bebidas alcoólicas;
  • Obesidade;
  • Estresse;
  • Grande consumo de sal;
  • Sedentarismo.

Causas

Existem várias causas para a hipertensão arterial, sendo algumas delas naturais e outras relacionadas a hábitos e estilo de vida.

  • Hereditariedade: 30 a 50% dos casos de hipertensão são hereditários, ou seja, é uma condição genética. Caso um dos pais viva com a pressão alta, cerca de 20% dos filhos têm o mesmo diagnóstico. Se os dois pais forem hipertensos, as chances aumentam para 60%.
  • Alimentação: consumo de alimentos com excesso de sal, como ultraprocessados, bem como o consumo de bebida alcoólica de forma excessiva são fatores que podem causar hipertensão.
  • Sedentarismo: a falta de atividade física também é um fator que pode desencadear hipertensão. Pois, os exercícios ajudam a manter o coração funcionando corretamente e auxiliam, também, no controle do peso, evitando a obesidade.

Hipertensão x estresse

O estresse excessivo aumenta os níveis de hormônios como adrenalina, noradrenalina, dopamina e cortisol. Como resultado, surge o risco de doenças cardiovasculares e hipertensão, mesmo em adultos com pressão normal. É o que diz uma pesquisa publicada no Hypertension, periódico da Associação Americana do Coração.

O estudo, conduzido na Universidade da Carolina em Los Angeles, nos Estados Unidos, apontou que, quando os níveis desses quatro hormônios dobram, há um acréscimo de 21% a 31% no risco de hipertensão. Assim, o resultado foi obtido após um acompanhamento dos participantes do estudo por cerca de seis anos.

Além disso, a probabilidade de eventos cardiovasculares subiu 90% com a duplicação dos níveis de cortisol.

Os pesquisadores, em um comunicado à imprensa, afirmaram que os níveis desses hormônios aumentam como reação aos eventos estressantes do dia a dia, seja na vida pessoal ou no trabalho. De acordo com os cientistas, a análise mostra como o estado mental pode afetar positiva ou negativamente a saúde cardiovascular.

Diagnóstico de pressão alta

Mas, como diagnosticar a pressão alta? Você já deve ter feito um exame de medição de pressão arterial pelo menos uma vez na vida — aquele aparelho que aperta o seu braço, ao mesmo tempo em que o médico toca a artéria com o estetoscópio, o esfigmomanômetro. Contudo, a cardiologista Juliana Peres afirma que ele, isoladamente, não é capaz de diagnosticar a hipertensão.

Isso porque diversos fatores podem alterar a nossa pressão, e são considerados completamente normais. “Estar com a bexiga cheia, comer logo antes de realizar a medição e estar falando durante o processo são alguns exemplos”, ela diz. Dessa forma, é necessário realizar ao menos 2 medidas da pressão arterial em intervalo de dias a semanas ou medir fora do consultório, por exemplo com a  MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial). Trata-se de um aparelho que você usa durante 24 horas. Nesse período, ele calcula sua pressão arterial de tempos em tempos. A média dos resultados, então, é que dirá se você apresenta esta condição ou não.

Por fim, é fundamental também o acompanhamento frequente com um médico clínico geral ou cardiologista.

Complicações

Ainda que sem sintomas, órgãos como coração, cérebro e rins, além dos vasos sanguíneos, são afetados pela condição, que é considerada um fator de risco para infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença renal crônica e morte prematura.

Embora os medicamentos façam parte do tratamento, outras medidas são necessárias para combater a doença, como reduzir o consumo de sódio na alimentação e adotar hábitos de vida saudáveis, com a prática regular de exercícios físicos e dieta balanceada. Por fim, é fundamental também o acompanhamento frequente com um médico cardiologista.

Pressão alta tem cura?

A hipertensão não tem cura, mas tem controle. Assim, uma vez controlada, o paciente poderá viver muito bem e com qualidade de vida.

Tratamento

Como dito, a pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa Farmácia Popular. Para retirar os remédios, basta apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do prazo de validade, que são 120 dias. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um médico que atende em hospitais ou clínicas privadas.

Remédios para pressão alta

Cerca de 10 milhões de pessoas morrem de complicações da hipertensão arterial todos os anos, no mundo. No Brasil, 30% da população têm o diagnóstico de pressão alta, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Por ser um problema que atinge muitas pessoas, o número de medicamentos disponíveis para o controle da condição é alto: só no país, há mais de 40 opções, na listagem do Ministério da Saúde. Embora muitas das opções sejam remédios novos contra hipertensão arterial, ainda são utilizados medicamentos que estão no mercado há anos. Nesse sentido, é comum surgir a dúvida: qual é o melhor?

Os dois, segundo Fábio Pitta, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, visto que os efeitos mudam pouco. “Não são novas classes de substâncias. Ou seja, elas têm uma ação semelhante às antigas medicações”, explica o especialista sobre a ação dos remédios mais novos.

A principal diferença está na posologia, ou na dosagem. “É possível reduzir a quantidade de vezes em que o paciente precisa tomar o remédio de três para uma no dia, por exemplo”, explica Pitta.

Medicamentos contra a hipertensão

Entre os medicamentos mais usados para controlar a pressão alta, estão:

  • Diuréticos: aumentam a eliminação de sódio pela urina, diminuindo a retenção de líquidos no corpo e ajudando a reduzir a pressão arterial. Existem mais de sete classes desse tipo de medicação, mas todas devem ser consumidas apenas sob orientação médica;
  • Inibidores adrenérgicos: têm atuação no Sistema Nervoso Central no relaxamento dos vasos sanguíneos e permitindo que o sangue circule com mais facilidade. Eles se dividem em dois tipos: Alfa-1 bloqueadores e Betabloqueadores.
  • Vasodilatadores direto: promovem a dilatação dos vasos, facilitando a circulação do sangue e evitando o esforço excessivo do coração.
  • Antagonistas dos canais de cálcio: impedem que o cálcio entre nas células do coração e das artérias, permitindo que os vasos permaneçam relaxados e abertos para o fluxo sanguíneo. Alguns tipos ainda podem diminuir a frequência cardíaca, protegendo o coração do risco que o esforço excessivo provoca no órgão.
  • Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA): impedem que o hormônio chamado angiotensina, responsável pelo estreitamento dos vasos sanguíneos, seja produzido.
  • Inibidores do receptor da angiotensina II: semelhante ao IECA, só que atuam no receptor da angiotensina, impedindo que ela atue no organismo.

Dieta para hipertensão

Hábitos alimentares ruins podem desencadear e agravar o problema. Por isso, é muito importante mudá-los”, ressalta a nutricionista. Isto é, é preciso ter uma diminuição no consumo de sódio (o recomendado é apenas 5g por dia) e alimentos industrializados, embutidos e processados. “Salsicha, salame e mortadela, por exemplo, são considerados vilões”, diz a nutricionista Samanta Miraldi.

Por outro lado, deve-se aumentar a ingestão de itens ricos em fibras, potássio, cálcio e magnésio — presentes principalmente em frutas e verduras. “Derivados do leite, se desnatados, são ótimas opções”, complementa. Resumindo, aposte em:

  • Consumir menos sódio;
  • Reduzir a ingestão de alimentos industrializados;
  • Cortar ou diminuir drasticamente as bebidas alcoólicas do cardápio;
  • Fazer uma dieta equilibrada (e indicada por um nutricionista) que respeite a sua rotina e suas preferências alimentares;
  • Comer mais frutas, verduras e legumes (ou seja, desembalar menos, descascar mais!);
  • Parar de fumar;
  • Por fim, praticar atividades físicas com supervisão.

Dieta DASH – a dieta do coração

A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) – ou, em uma tradução livre, dieta para barrar a hipertensão, propõe o baixo consumo de sódio, açúcares e de gordura saturada, encontrada em frituras, carnes vermelhas e industrializados. Assim, o cardápio surgiu a partir de um estudo realizado em universidades dos Estados Unidos e avaliou o efeito da restrição alimentar sobre a pressão arterial. 

Mas, além de barrar a hipertensão, uma variação propôs a redução calórica para auxiliar na perda de peso e melhorar o perfil metabólico. Com isso, o consumo de frutas, verduras, laticínios magros, peixes, oleaginosas e grãos integrais, como aveia e linhaça, está liberado.

Desse modo, a gordura total deve representar 27% de toda alimentação do dia, sendo até 6% de gordura saturada e até 150 miligramas de colesterol. Além disso, os carboidratos respondem por 55% das calorias e as proteínas por 18%. 

O que pode comer
  • Carnes magras: frango sem pele e peixe, possuem menor teor de gordura saturada, colesterol e gordura total,
  • Oleaginosas: A dieta dash recomenda o consumo de quatro a cinco porções de oleaginosas por semana (uma porção é igual a  ⅓ de xícara ou 40 gramas). 
  • Frutas, legumes e verduras: estão liberadas de 4 a 5 porções por dia de frutas, suco também conta. Mas, a medida ideal de hortaliças por dia é uma xícara se forem cruas e meia xícara se forem cozidas.
  • Leite e derivados magros Queijos, iogurtes e outros derivados do leite são eficazes na redução do peso. 
  • Cereais integrais: pães, cereais e massas integrais ou trigo integral são permitidos. Pois, alimentos integrais são mais nutritivos do que os refinados, pois contêm maior quantidade de fibras, vitaminas e minerais, retidas nas estruturas removidas com a refinação.
  • Azeite

Chá de alecrim ajuda a melhorar a pressão alta?

O consumo de chás no geral colabora para uma melhoria da pressão alta, afinal, são diuréticos. Chás diuréticos produzem a eliminação do sal e água do organismo, portanto, ao urinar, a pressão das artérias diminui. 

O alecrim possui propriedades medicinais que melhoram a circulação sanguínea e, então, ajudam a baixar a pressão. Entretanto, o tratamento médico não deve ser substituído pelo consumo da bebida. 

Exercícios para hipertensão

o exercício físico pode ajudar a diminuir a pressão arterial. Além disso, também fornece mais energia e é uma ótima maneira de aliviar o estresse e se sentir melhor. 

Uma revisão de estudos publicado no período de Medicina Esportiva Britânico, uma revista especializada, indica que o esforço físico pode ter o mesmo potencial dos remédios no controle dessa doença.

  • Exercícios cardiovasculares ou aeróbicos: Podem ajudar a diminuir sua pressão arterial e fortalecer seu coração. Os exemplos incluem caminhada, corrida, pular corda, ciclismo (estacionário ou ao ar livre), patinação, remo, aeróbica de alto ou baixo impacto, natação e hidroginástica.
  • Treinamento de força: Cria músculos fortes que ajudam a queimar mais calorias ao longo do dia. Também é bom para as articulações e os ossos. Além disso, treino de força  é importante para proteger o corpo de lesões nos exercícios aeróbicos.
  • Alongamento: Torna o corpo mais flexível, ajuda a se mover melhor e a evitar lesões.

O recomendado é fazer atividades moderadas, como caminhadas rápidas, por 30 minutos, pelo menos 5 dias por semana. No entanto, se você estiver com pouco tempo, atividades vigorosas, como corrida, proporcionam o mesmo benefício em 20 minutos, 3 a 4 dias por semana.

Hipertensão na gravidez

A Doença Hipertensiva da Gravidez (DHEG) – ou hipertensão – é o problema de saúde mais comum entre as grávidas. O aumento da pressão sanguínea pode acometer tanto a mãe, quanto o feto, e não é preciso um histórico do quadro para desenvolver a complicação. As causas de hipertensão na gravidez podem estar relacionadas com uma alimentação desequilibrada ou má formação da placenta. 

Assim, o corpo logo começa a apresentar as mudanças. Ou seja, os índices ficam acima de 140/90 mmHg, e a mulher passa a sentir dores na nuca, dor de cabeça, visão embaçada, dor na barriga e inchaços entre os principais sintomas.

Quando o quadro surge somente após a 20ª semana de gestação, é chamado de hipertensão gestacional. A situação permanece ao longo da gravidez. Mas, tende a sumir até 3 meses após o parto.

A doença pode ser perigosa e até desenvolver a pré-eclâmpsia, uma complicação grave que provoca o aborto caso não seja tratada adequadamente.

No Brasil

Dados do Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde mostram que a hipertensão gestacional foi a principal causa direta de morte materna dos óbitos ocorridos entre 1996 e 2018, seguida de hemorragia, infecção puerperal e aborto.

A morte materna é o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o seu término, independentemente da duração ou da localização da gravidez.

O mesmo levantamento indica elevados patamares contabilizados no Brasil. Em 2018, o país registrou 59,1 óbitos de gestantes para cada 100 mil nascidos vivos. Bem acima da meta firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU), que em 2015 era de 35 mortes.

A hipertensão gestacional está associada a complicações graves tanto para a mãe quanto para o feto. Pois, quando a pressão está alta provoca um esforço maior do coração para que o sangue seja distribuído corretamente pelo corpo. Por isso, é de extrema importância que a gestante faça a aferição dos níveis pressóricos a cada consulta médica.

Sintomas

  • Inchaço generalizado
  • Pressão arterial superior a 140/90 mmHg;
  • Dores de cabeça constantes
  • Dores fortes na barriga
  • Visão embaçada
  • Dor na nuca
  • Sensibilidade à luz

Fatores de risco

Gestantes hipertensas apresentam maior risco de parto prematuro, descolamento da placenta, alterações no fluxo de sangue na placenta e restrição do crescimento fetal. Dessa maneira, as complicações são mais comuns nas mulheres que apresentam quadro grave, caracterizado por níveis de pressão arterial acima de 160/110 mmHg.

  • Menos de 18 ou mais de 35 anos
  • Primeira gravidez
  • Sobrepeso 
  • Gravidez gemelar
  • Histórico familiar de pré-eclâmpsia

Consequências da hipertensão gestacional

Como consequência, a DHEG representa graves riscos para a vida da gestante e do feto. No caso materno, pode provocar convulsões, insuficiência renal, acidente vascular cerebral, anemia, insuficiência cardíaca e sangramentos. Com isso, o perigo se estende ao bebê, que passa a receber sangue em menor quantidade pela placenta mal inserida, podendo até ir a óbito por falta desses nutrientes.

Em casos raros, a placenta se descola, o que gera consumo intenso de plaquetas e fatores de coagulação, além de impedir o envio de oxigênio ao feto. “Assim, o parto deve ser imediato. A mortalidade do bebê é maior que 50%, bem como há risco de sangramento materno intenso, sendo a prematuridade outra consequência”, alerta Negrini.

Para retardar o nascimento e evitar os efeitos da prematuridade, é possível manter a gestação até fases mais avançadas com uso de anti-hipertensivos. Mas, o controle deve ser mantido até 42 dias após o parto. Pois, as substâncias liberadas na placenta e que elevam a pressão arterial demoram a serem metabolizadas.

Tipos de hipertensão na gravidez

  • Preexistente: mulheres que são hipertensas antes da gravidez continuarão sendo ao longo de toda a gestação. Mas, se for identificada antes da 20ª semana de gestação, a mulher já sofria com pressão alta e não sabia.
  • Hipertensão gestacional: surge somente depois da 20ª semana e não apresenta perdas de proteínas na urina ou sinais de gravidade, e que retorna ao normal no período pós-parto.
  • Pré-eclâmpsia: quando a hipertensão surge após a 20ª semana de gravidez e está associada à perda de proteínas na urina, ou proteinúria. Pode também estar associada a outros sinais de gravidade: problemas renais, do fígado, do sistema nervoso central ou queda no número de plaquetas.

Risco de pré-eclâmpsia 

Quando não é tratada, pode evoluir para eclâmpsia e causar convulsões, coma e até morte da mãe e do bebê. Pois, é uma forma de hipertensão muito mais grave. Portanto, toda gestante deve ser cuidadosamente observada e fazer exames de urina com frequência. Mas, nos casos em que não se consegue baixar a pressão arterial, mesmo com os remédios prescritos pelo obstetra, o parto deve ser induzido para evitar o risco de morte de ambos.

Tratamento para pressão alta na gravidez

A dieta para ajudar a reduzir a pressão alta na gravidez deve ser pobre em sal e rica em ácido fólico, uma forma de evitar o acúmulo de líquidos e aliviar a pressão dentro dos vasos. 

Assim, boa parte dos medicamentos utilizados no tratamento são contraindicados na gravidez, o que torna o controle da pressão mais difícil. Pois, ao menos que seja um caso grave, os médicos preferem não tratar com medicação. Mas, apesar da gestante poder aferir a pressão arterial em casa, a consulta serve como acompanhamento para evitar que a situação se agrave ainda mais. Ou seja, na hipertensão gestacional não-grave, a grávida não precisa ficar de repouso na cama, mas é indicado uma redução nas atividades do dia-a-dia. Por fim, mulheres que desenvolvem hipertensão gestacional grave têm taxas de complicações semelhantes às da pré-eclâmpsia. Assim, devem ser tratadas de forma semelhante.

Hipertensão em crianças e adolescentes

Apesar de ser mais comum em adultos, a hipertensão arterial — também conhecida como pressão alta — vem atingindo cada vez mais jovens e adolescentes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a hipertensão infantojuvenil afeta cerca de 17% das crianças brasileiras. 

Assim, o diagnóstico e a intervenção precoce são extremamente importantes para evitar maiores prejuízos durante a vida adulta. 

“O aumento da pressão arterial em crianças e adolescentes vem se multiplicando muito, e isso pode trazer consequências graves para toda a vida. Por isso, essa patologia, especialmente em jovens, exige conhecimento e diagnóstico correto para tratamento adequado. Na maioria das vezes, a identificação pode ser feita por meio de medidas de pressão arterial feitas por um profissional de saúde”, explica o Dr. Pedro Júnior, cardiologista do HCSG.

Segundo o especialista, a hipertensão infantil pode ocorrer por várias causas. “Geralmente ela está relacionada à obesidade infantil e ao sedentarismo”, alerta.

Pressão alta tem prevenção

Adotar hábitos de vida saudáveis e aderir ao tratamento recomendado pelo médico é muito importante, uma vez que “a hipertensão arterial pode estar relacionada a 80% dos casos de AVC e 60% dos casos de infarto. Além disso, já sabemos que os hipertensos têm mais possibilidades de complicações pela Covid-19”, afirma a cardiologista Rica Buchler, de São Paulo.

Como é uma doença multifatorial, adotar uma dieta saudável (rica em vegetais e pobre em sal), controlar o peso e o nível de glicemia no sangue ajuda. Além disso, sempre é recomendada a atividade física e uma visita anual ao médico. Caso um dos pais seja hipertenso, a aferição da pressão arterial deve começar aos 20 anos”;

Pré-hipertensão: o que é e como prevenir

A pré-hipertensão ocorre quando a pressão arterial está elevada, mas ainda não atingiu os valores necessários para o diagnóstico de hipertensão, ou seja, acima de 140/90mmHg. Geralmente, a doença não apresenta sintomas.

Dessa forma, é fundamental fazer o diagnóstico para iniciar as medidas de prevenção e tratamento de acordo com as necessidades de cada indivíduo, evitando assim complicações cardiológicas, renais e neurológicas. Se não for tratada corretamente, a pré-hipertensão pode evoluir para hipertensão, uma condição que traz sérios riscos para a saúde. 

De acordo com o jornal científico The Lancet, o número de pacientes com hipertensão dobrou no mundo nos últimos 30 anos. A análise foi feita com 100 milhões de adultos, entre 30 e 79 anos, em 184 países. 

O que é pré-hipertensão?

A pré-hipertensão significa pressão arterial elevada, mas não o suficiente para ser diagnosticada como hipertensão. Veja abaixo como são definidas as classificações da doença. 

  • Menos de 90×60: pressão baixa
  • Entre 90×60 a 120×80: pressão normal
  • De 121×81 a 139×89: pré-hipertensão
  • Acima de 140×90: pressão alta

As consequências da hipertensão sem controle

Os hipertensos também precisam redobrar a atenção em relação ao AVC (Acidente Vascular Cerebral), já que a doença também afeta as artérias da cabeça, que ficam mais frágeis e, consequentemente, mais suscetíveis a estreitamentos e rupturas. 

Existem ainda outros riscos para aqueles pacientes que convivem com a pressão alta, tais como:

  • Pequenas obstruções e hemorragias no cérebro que podem eliminar os neurônios, causando demência e até perda da memória;
  • Insuficiência renal: a pressão elevada influencia nos valores que irrigam a retina (tecido no fundo dos olhos). Diante desse cenário, o paciente pode sofrer com vista embaçada e perda da visão

Por que é importante medir a pressão com regularidade?

O monitoramento da pressão ajuda a identificar com mais agilidade casos de pré-hipertensão e hipertensão. Assim, quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor será o tratamento. 

Dessa forma, é possível acompanhar a pressão em farmácias, postos de saúde ou até mesmo sua própria residência. Para aqueles pacientes que preferem a terceira opção, é fundamental contar com monitores de pressão arterial que sejam aprovados pela Anvisa, pois garantem um diagnóstico com mais qualidade e precisão. 

A Sociedade Brasileira de Hipertensão criou uma lista com os monitores mais indicados. É importante conhecer as características de cada um para entender quais são as alternativas que correspondem melhor ao seu perfil. Além disso, a SBH indica que a pressão seja medida após o paciente permanecer de repouso por um período de cinco minutos. 

Diferentes especialidades médicas envolvidas nos cuidados da pressão alta

Por ter tratamento que engloba tanto mudanças no estilo de vida como medicações, o acompanhamento de condições como a pressão alta é mais eficaz quando feito por uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de diferentes áreas trabalhando em conjunto.

Veja abaixo algumas especialidades que podem compor esse cuidado, sua função e qual a frequência de consultas sugerida:

  • Clínico geral, geriatra, médico de família, cardiologista: é quem faz o diagnóstico,  prescreve o tratamento e a medicação (quando necessário),  identifica os fatores de risco, avalia as condições de saúde associadas e orienta sobre como prevenir possíveis complicações. O recomendado é ter consultas duas vezes ao ano ou conforme a necessidade;
  • Nutricionista: é quem personaliza as recomendações de uma alimentação saudável de acordo com a necessidade, os gostos e a rotina de cada pessoa. Esse profissional fará um plano alimentar adequado à sua condição e aos objetivos traçados juntos com o médico, indicará o que comer, como e quando, e incentivará o aumento no consumo de frutas e vegetais e a diminuição do sódio na dieta. A recomendação é consultar pelo menos uma vez ao ano;
  • Psicólogo: cuida das emoções, pensamentos e comportamentos, auxiliando a saúde mental e, por consequência, a física. Nem sempre é fácil lidar com o diagnóstico ou com os desafios que a vida impõe, então ter um apoio psicológico pode fazer total diferença no bem-estar físico e emocional. As consultas são conforme a necessidade de cada pessoa.

Outras especialidades envolvidas nos cuidados com a pressão alta

  • Educador físico: cria um plano de atividade física de acordo com a necessidade e capacidade da pessoa atendida, além de acompanhar e orientar a execução dos exercícios. As consultas são conforme a necessidade;
  • Farmacêutico: pode auxiliar com informações sobre como tomar o medicamento da forma correta, além de orientar sobre possíveis interações entre medicamentos, muitas vezes prescritos para tratar diferentes condições. Ele também é capaz de ensinar a forma correta de usar o equipamento para medir a pressão; 
  • Oftalmologista: consultas de rotina para ver a saúde dos olhos são recomendadas para todas as pessoas. Porém, como o diabetes pode gerar possíveis complicações na visão, como forma de prevenção recomenda-se passar em uma consulta com esse profissional pelo menos uma vez por ano;
  • Dentista: o ideal seria que todas as pessoas fizessem consultas odontológicas regulares, não só quem tem diabetes. Mas quem tem a condição e não consegue controlar tão bem a glicemia pode ficar mais suscetível a problemas bucais como mau hálito, cáries, infecções e gengivite. Fazer um acompanhamento preventivo semestral (pelo menos) pode tanto evitar essas complicações como prevenir que fiquem mais graves caso aconteçam.
  • Enfermeiro: tem o papel de acompanhar, tirar dúvidas e incentivar os hábitos saudáveis e a adesão ao tratamento proposto pelo médico e demais profissionais da equipe de saúde. As consultas com esse profissional podem ser feitas pelo menos uma vez ao ano;

O que perguntar para o médico na consulta

Quais problemas de saúde estão associados à pressão alta?

Várias condições estão ligadas à pressão alta, incluindo:

  • Aterosclerose: uma doença das artérias causada por um acúmulo de placa, ou material gorduroso, nas paredes internas dos vasos sanguíneos; A hipertensão contribui para esse acúmulo, colocando mais estresse e força nas paredes das artérias.
  • Doença cardíaca: como insuficiência cardíaca, doença cardíaca isquêmica e cardiomiopatia hipertensiva 
  • Doença renal: a hipertensão pode danificar os vasos sanguíneos e os filtros nos rins, de modo que os rins não podem excretar os resíduos adequadamente. 
  • AVC: pressão alta pode levar a um acidente vascular cerebral, seja contribuindo para o processo de aterosclerose (que pode levar a bloqueios e/ou coágulos), ou enfraquecendo a parede do vaso sanguíneo e causando sua ruptura.

Qual o tratamento adequado para pressão alta?

Mudanças no estilo de vida são fundamentais para manter a pressão arterial normal. De fato, a maioria dos médicos os sugere antes de prescrever medicamentos.

  • Parar de fumar;
  • Manter um peso saudável;
  • Seguir uma dieta saudável;
  • Diminuir a quantidade de sal na alimentação;
  • Praticar exercícios;
  • Limitar o consumo de álcool;
  • Reduzir o estresse. 
  • E, se for necessário tomar medicamentos, tome todos os dias nos horários recomendados.

Programas Vitat para hipertensão

pressão alta

Convivendo com a hipertensão

Serviços nos Espaços de Saúde e Bem-estar por Vitat

Aferição de pressão

Aferição de pressão + Perfil lipídico

MAPA – Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial

Aferição de pressão + Aferição de glicemia + Oximetria + Bioimpedância + Hemoglobina glicada + Perfil lipídico 

Minuto Saúde – Aferição de pressão + Aferição de glicemia 

Fontes/bibliografia

Dr. Pedro Júnior, cardiologista do HCSG.

Romulo Negrini, coordenador médico da obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein.

Doutor Rica Buchler, médico cardiologista de São Paulo

Agência Einstein

Edilberto Castilho Júnior, cardiologista do Hospital Santa Catarina

Juliana Peres, médica cardiologista

Samanta Miraldi, nutricionista e especialista em fisiologia do exercício

Rodrigo Paez, médico formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em Cirurgia Cardíaca, Cardiovascular, Endovascular e Marcapassos.

Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020

Manual MSD – Hipertensão arterial

Sobre o autor

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Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e de profissionais de Educação Física.

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