Memória fraca é sinal de Alzheimer no futuro?

Bem-estar Equilíbrio
14 de Fevereiro, 2022
Memória fraca é sinal de Alzheimer no futuro?

Você já se levantou para fazer alguma coisa, e logo em seguida esqueceu o que era? Não é preciso entrar em pânico: a situação já aconteceu (ou vai acontecer) com a maioria das pessoas, e quem acaba levando a culpa é sempre a memória fraca. Mas quando um simples esquecimento deve ser motivo de atenção e um sinal de alerta para o Alzheimer?

Para entender melhor a questão, Cris Dias conversa com o neurologista Willian Rezende, especialista em neurologia cognitiva, neste quinto episódio do podcast De bem com você, da Vitat. Não perca:

Conheça o convidado

Willian Rezende é médico neurologista e especialista em neurologia cognitiva, Parkinson, dor e sono. Atua na Clínica Regenerati, em São Paulo, e é chefe de equipe dos hospitais Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz e BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “A memória é um produto do cérebro muito complexo. Primeiro, a gente teve que prestar atenção em algo, registrar corretamente, colocar isso na memória de longo prazo, e só por fim evocar.”

Memória fraca é sinal de Alzheimer?

O médico explica que os esquecimentos acontecem por conta de um erro em uma das etapas da memória descritas anteriormente. Isso é bem comum, e não necessariamente significa alguma condição existente (ou que está por vir). “Mas também há, por outro lado, a falha de memória por doença, sendo a mais comum a de Alzheimer”, ele diz.

O Alzheimer é extremamente raro em pessoas com menos de 50 anos — acomete sobretudo indivíduos com mais de 60 anos. “Quando ele acontece em pacientes jovens, normalmente a família já tem casos registrados de outras pessoas que desenvolveram a condição quando mais novas, ou seja, existe a influência genética”, explica o neurologista.

Por isso, quem tem menos de 50 anos e possui a chamada “memória fraca” pode ficar mais tranquilo — as chances de ser a doença são mínimas. Contudo, esquecimentos frequentes podem se tornar um problema. “O acúmulo deles é, sim, um fator de risco para o desenvolvimento de Alzheimer no futuro”, alerta Willian Rezende.

Já quando o indivíduo passa dos 60 anos, o aparecimento (ou não) da condição está relacionado a muitos fatores. Novamente, a genética é um dos mais importantes (representa cerca de 60% do risco), mas o estilo de vida também influencia.

Memória fraca: Estilo de vida pode influenciar?

Rotina agitada, celular, redes sociais, televisão, trabalho… Todos os estímulos característicos da sociedade atual podem dispersar a mente. “Isso tudo vai dificultando o processo de aquisição da informação. Além disso, as pessoas dormem cada vez menos, o que prejudica a fixação das memórias (processo que acontece durante o sono).”

Depressão, ansiedade, deficiências nutricionais e hormonais, TDAH e crises epilépticas também são outras questões que afetam o cérebro, e que, consequentemente, podem atrapalhar a memória. “Depressão, ansiedade e estresse crônico não tratados podem levar à demência”, ressalta o médico.

Tipos de memória existentes

Ainda segundo o especialista, as nossas memórias não são como vídeos gravados no cérebro — elas vão se transformando conforme o tempo passa e cada vez que as acessamos. “E podem ser mudadas de acordo com informações mais recentes que vamos recebendo”, ele diz.

Há diversos tipos de memória:

  • Memória episódica: se refere àquilo que acontece com a gente;
  • Trabalho: guarda detalhes importantes para o dia a dia, mas é de curtíssimo prazo — um bom exemplo é quando você lembra da senha que recebeu por SMS e precisa digitar no computador;
  • Memória autobiográfica: diz respeito às lembranças da nossa vida, e ajuda a construir a nossa personalidade;
  • Motora/processual: são os aprendizados motores — sabe aquela história de que se aprende a andar de bicicleta apenas uma vez, e depois é impossível esquecer?;
  • Memória semântica: conceitos, informações, aulas e até números que são guardados pelo cérebro em forma de linguagem.

Além da memória fraca: Como se dá a evolução do Alzheimer?

“A progressão do Alzheimer está diretamente ligada ao quadro global de saúde do paciente. E isso pode mudar até de acordo com o sexo: a longevidade da mulher com Alzheimer tende a ser maior que a do homem.”

Isso porque o diagnóstico precoce é primordial para melhorar a qualidade de vida do indivíduo. O problema é que quando a condição está em sua fase inicial, os sintomas frequentemente passam despercebidos — confusões, esquecimentos e repetições de histórias são atrelados à idade e subestimados. Outros sintomas:

  • Perda de senso crítico;
  • Queda de rendimento no trabalho.

Como lidar com um familiar com Alzheimer?

“O ponto principal é aceitar que a pessoa está doente. E entender que os cuidados devem ser divididos entre toda a família, e não concentrados em apenas uma pessoa.”

Além disso, estimular a prática de alguma atividade física também fará toda a diferença para retardar a evolução do quadro. Assim como fazer o paciente desafiar o cérebro — seja com um novo hobbie, com interações sociais, com exercícios de raciocínio… “O ato de se desafiar estimula o crescimento de novos neurônios”, afirma o médico.

Sobre o De Bem Com Você

No podcast da Vitat, Cris Dias conduz conversas descomplicadas com especialistas e convidados para você descobrir como ficar de bem com você. A cada semana, um episódio novo será lançado. Confira os outros temas aqui!

E tem para todos os gostos: os bate-papos também ficarão disponíveis nas plataformas de áudio Spotify, Deezer, Google e Apple.

Sobre o autor

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