Padrão alimentar brasileiro está entre os piores do mundo
Você já parou para refletir se a sua alimentação, no geral, é saudável? De acordo com uma pesquisa divulgada na revista científica Nature Food, a maioria de nós deixa a desejar: o padrão alimentar brasileiro foi considerado um dos piores do mundo! Segundo o estudo, o aumento no consumo de industrializados e ultraprocessados e a alta nos preços dos alimentos contribuem para a dieta desequilibrada da população. Mas, afinal, o que é uma alimentação saudável?
Irani Gomes dos Santos Souza, nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Santa Marcelina, explica que a maioria das pessoas acredita, de forma errada, que para um cardápio ser considerado saudável, ele deve ser composto apenas por frutas e legumes.
Realmente, os vegetais geralmente constituem a base de uma dieta balanceada. Mas ela não se resume a apenas isso, é claro. “Para uma alimentação ser considerada saudável, ela precisa respeitar as necessidades nutricionais do seu corpo. Isso porque o excesso traz sobrecarga — como o sobrepeso —, assim como a falta traz carências nutricionais — como a anemia. Além disso, ela precisa ser de qualidade”, afirma a especialista.
Outra questão importante é a combinação correta entre os alimentos. “Um exemplo simples é o consumo de frutas ricas em vitamina C como sobremesa no almoço e no jantar. A vitamina C ajuda na absorção do ferro presente na carne e nos feijões. Como último princípio, temos a necessidade da alimentação se adequar a fatores como dia a dia da pessoa, cultura, idade, atividade física, entre outros. Então, uma alimentação saudável não precisa ser cara, precisa ser acessível e trazer benefícios ao nosso corpo — além de ser prazerosa e gostosa”, finaliza Irani.
A seguir, a nutricionista destaca alguns princípios para um padrão alimentar mais equilibrado:
Padrão alimentar brasileiro: como deixá-lo mais saudável?
1 – Diminuindo os ultraprocessados
Cabe aqui entendermos o que significam alimentos in natura, minimamente processados e ultraprocessados. Atualmente, a maioria dos produtos que a gente consome são industrializados, isto é, já passaram por algum processo na indústria alimentícia.
Por outro lado, os alimentos in natura ou minimamente processados são aqueles que consumimos como encontrados na natureza (como frutas, verduras, legumes, vegetais…). Já os alimentos processados são aqueles que sofreram alguma alteração em suas composições originais devido à adição de ingredientes como sal e açúcar.
Por fim, os alimentos ultraprocessados têm várias alterações realizadas em suas composições originais, e muitas delas são prejudiciais à saúde, aumentando os riscos de hipertensão arterial, diabetes, obesidade, aumento do colesterol, entre outras doenças. Esses alimentos são ricos em sal (sódio), açúcar, gorduras, conservantes, aromatizantes, realçadores de sabor, entre outros.
Para entender melhor a diferença entre eles, veja o exemplo abaixo:
- Espiga de milho (alimento in natura ou minimamente processado);
- Milho em conserva (alimento processado);
- Salgadinho de milho (alimento ultraprocessado).
É importante entender que nosso corpo precisa de vários nutrientes, e que essa necessidade varia muito de acordo com características como idade, condição de saúde, sexo biológico… “Os alimentos em nossa vida são mais potentes quando estão juntos e combinados. Nenhum terá tudo que nosso corpo precisa, mas com a combinação correta, eles fornecem nossa necessidade de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais.”
2 – Hidratando-se adequadamente
De acordo com a especialista, o nosso corpo é composto por 70% a 75% de água. Por isso, hidratar-se significa manter esse nível sempre adequado.
“A falta de água pode trazer cansaço, tontura, dor de cabeça, prejuízo no funcionamento do coração, perda de raciocínio, memória e concentração, prejudicar o funcionamento do intestino e reduzir a absorção de nutrientes, além de dificultar o processo de emagrecimento”, alerta.
Cada faixa etária exige uma quantidade específica de líquidos, podendo variar de 700 ml (no caso de bebês e crianças) a 3800 ml (para atletas e lactantes, por exemplo) por dia. “Para adultos sem restrições, podemos fazer uma conta simples: 30 ml X peso atual. Esse será o quanto precisará tomar de água por dia.”
3 – Padrão alimentar brasileiro: reduzindo o consumo de açúcar
Ao nascermos, nosso paladar não está adaptado ao consumo do açúcar. Com o passar dos anos, esse alimento nos é ofertado — e assim, quanto mais consumimos, mais queremos.
“Porém, junto com o excesso de açúcar, também podem surgir diversos malefícios. Por exemplo, excesso de peso, aumento do triglicerídeos, diabetes, entre outros. Sempre oriento que, assim como aprendemos a gostar muito de açúcar, podemos reduzir aos poucos sem exclusões radicais, somente adaptando nosso paladar a uma pequena quantidade.”
4 – Priorizando os integrais
Alimentos integrais são importantes para o nosso organismo, pois são ricos em fibras. “As fibras, além de nos proporcionarem mais saciedade, ajudam na redução de peso, reduzem a absorção de glicose e colesterol e fortalecem nosso intestino ajudando na absorção de nutrientes e na proteção do corpo.”
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Fonte: Irani Gomes dos Santos Souza, nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Santa Marcelina.