Laqueadura: o que é, vantagens, desvantagens e recuperação
- 1. O que é laqueadura?
- 2. Como é feito o processo de laqueadura?
- 3. Exames necessários para realizar o procedimento
- 4. Como é a recuperação?
- 5. Laqueadura pelo SUS e convênio
- 6. Qual a idade mínima para fazer laqueadura?
- 7. Afinal, quais são as vantagens e desvantagens da laqueadura?
- 8. É possível engravidar mesmo tendo feito laqueadura?
A laqueadura é um procedimento de anticoncepção feminina definitiva com 99% de eficiência para evitar gestações indesejadas, porém, caso a mulher se arrependa, as chances de reverter o procedimento são baixas. A seguir, saiba tudo sobre esse processo, como as vantagens, desvantagens, recuperação e outras informações.
Para isso, conversamos com a Dra. Rita de Cássia Alam Machado, médica ginecologista e obstetra, que realiza a coordenação da Saúde da Mulher de Diagnósticos do Salomão Zoppi.
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O que é laqueadura?
De acordo com a especialista, a laqueadura ou ligadura tubária é um processo cirúrgico onde as tubas uterinas têm seu trajeto anatômico interrompido, com o principal objetivo relacionado à contracepção, ou seja, infecundidade voluntária.
“Trata-se de um método seguro, altamente eficaz e geralmente permanente. Sendo assim, é importante uma longa reflexão sobre o método, tanto que é previsto por lei um intervalo mínimo de 60 dias entre a manifestação do desejo e o ato cirúrgico em si”, indica a ginecologista.
Por isso, nesse momento de reflexão, é importante lembrar da existência de outros métodos contraceptivos reversíveis e também de alta eficácia.
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Como é feito o processo de laqueadura?
De acordo com a médica obstetra, a ligadura tubária é uma cirurgia simples, que tem como objetivo principal interromper o encontro entre os gametas no interior da tuba uterina.
“Existem várias técnicas para causar esta obstrução, desde o corte da ligadura da trompa, cauterização, uso de anel até clip. O procedimento pode ser feito através de uma incisão direta no abdômen ou através da laparoscopia”, informa.
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Exames necessários para realizar o procedimento
Para realizar uma laqueadura é necessário fazer exames pré-cirúrgicos que podem variar de acordo com o perfil de saúde da mulher. No entanto, a Dra. Rita diz ser comum a solicitação de exames laboratoriais simples, sorologias, e avaliação cardiológica.
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Como é a recuperação?
Os casos de laqueadura feitos por laparotomia abdominal podem apresentar riscos de um pós-cirúrgico semelhante ao de uma cesariana, como os perigos de infecção no local e hematoma, além de um pouco de sangramento interno. No entanto, essa fase da recuperação pós-laqueadura pode ser de cinco dias em média.
Quando a cirurgia é feita por via vaginal ou laparoscópica, a recuperação é mais tranquila, em torno de um a dois dias no hospital, caso não haja complicações. Assim, em uma semana, a paciente já está bem e pode voltar com sua rotina normal.
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Laqueadura pelo SUS e convênio
Para a realização da laqueadura pelo SUS, a mulher deverá procurar uma unidade básica de saúde (UBS) e solicitar o procedimento. A documentação apropriada deverá ser preenchida e a paciente será encaminhada para um grupo multidisciplinar que a orientará sobre o procedimento e a possibilidade de outros métodos.
Mantida a decisão de laqueadura, será encaminhada para a rede hospitalar onde aguardará a possibilidade de realização do procedimento.
“Se após todas essas informações, o casal ou a paciente desejar realizar a laqueadura, esta poderá ser feita tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde, visto que esse procedimento está previsto para ser coberto pelos planos (lei nº 9.656/98)”, comenta a especialista consultada.
No serviço particular/convênio, todo o esclarecimento deverá ser exposto à mulher ou casal, como no SUS, e, mantendo-se o desejo do procedimento, a intervenção cirúrgica poderá ser realizada em hospitais credenciados no plano, após este trâmite legal.
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Qual a idade mínima para fazer laqueadura?
Diversas mulheres têm dúvidas sobre a idade mínima para fazer laqueadura e, por isso, é importante saber que a ligadura tubária está prevista na Lei do Planejamento Familiar do Ministério da Saúde (lei federal 9.263/96).
Essa lei indica que a laqueadura é permitida em mulheres acima de 25 anos, que possuem pelo menos dois filhos vivos ou quando existe risco à vida da mulher ou do concepto em futuras gestações.
“Durante o período gestacional, evoluindo para parto ou aborto, a laqueadura só poderá ser realizada se houver risco materno em futura gravidez, por exemplo, quando a paciente já tem múltiplas cesáreas. Quando não há risco de vida materno, a laqueadura só poderá ser realizada após o 42º dia após o parto ou aborto”, exemplifica a ginecologista.
Por fim, para realizar este procedimento, usualmente solicita-se a assinatura de um termo de consentimento informado, em que constarão as principais informações do método e o esclarecimento da possibilidade de utilização de outros métodos anticoncepcionais.
“Quando há a chamada sociedade conjugal, há a necessidade da concordância do parceiro, devendo este também assinar a solicitação da anticoncepção definitiva”, adiciona.
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Afinal, quais são as vantagens e desvantagens da laqueadura?
Apesar da laqueadura tubária ser o método mais efetivo, afinal, ela possui uma eficácia de cerca de 99%. Em outras palavras, isso significa que uma a cada 100 mulheres, que realizam o procedimento, engravida. Porém, a literatura médica relata uma falha de 0,41% por efeitos de eventual formação de fístula ou recanalização de uma das trompas.
Veja as vantagens do método:
- A taxa de falha é mínima;
- Não interfere na libido;
- A mulher não precisa se lembrar de tomar o anticoncepcional;
- Não introduz hormônio no organismo;
- Não causa efeito colateral em outros órgãos;
- Economia relacionada aos possíveis gastos com outros anticoncepcionais;
- Não interfere no processo de amamentação;
- Raríssimas complicações para realização cirúrgica desse procedimento.
Desvantagens da laqueadura tubária:
- Arrependimento do procedimento no futuro;
- É muito difícil reverter, mas é possível fazer uma cirurgia de reversão da laqueadura e obter sucesso;
- Como em qualquer procedimento cirúrgico, pode haver complicações, como aderências e infecções internas;
- É um procedimento cirúrgico com riscos anestésicos;
- Há possibilidade de desenvolvimento da síndrome pós-laqueadura. Neste caso, ocorre alteração do fluxo menstrual e dor na região pélvica.
No entanto, a Dra. Rita ressalta que por se tratar de uma cirurgia simples, as complicações são incomuns: “casos de infecção ou sangramento podem ocorrer ou eventual alergia ao anestésico utilizado”, retoma a especialista.
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É possível engravidar mesmo tendo feito laqueadura?
Por fim, a obstetra comenta que, em casos de arrependimento pós-laqueadura, é possível tentar uma reversão do procedimento. “As chances de sucesso vão depender do aspecto geral das trompas e da técnica utilizada na cirurgia. Se não houver a possibilidade de reverter a laqueadura, resta ao casal técnicas de reprodução assistida, ou seja, fertilização in vitro”.
Fonte: Dra. Rita de Cássia Alam Machado, médica ginecologista e obstetra, que realiza a coordenação da Saúde da Mulher de Diagnósticos do Salomão Zoppi.