Sedar a gestante na cesárea é comum? Especialistas explicam

Gravidez e maternidade Saúde
13 de Julho, 2022
Sedar a gestante na cesárea é comum? Especialistas explicam

Em 2021, de acordo com o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma mulher foi estuprada a cada dez minutos no Brasil. Embora o dado revoltante seja do ano passado, acontecimentos diários mostram que a situação continua delicada para o público feminino. É o que evidencia o caso do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso após sedar a gestante na cesárea e estuprá-la. Entre as reflexões trazidas por este crime desumano, está o alerta a respeito de quando a sedação é realmente indicada durante este tipo de parto.

De acordo com a Dra. Luciana Delamuta, ginecologista e obstetra, especializada em gestação de alto risco, dificilmente a parturiente precisa de sedação para passar pela cesárea. Isso porque o intuito é que a mãe fique acordada para poder interagir com a equipe médica, conversar com o seu acompanhante e, claro, presenciar a chegada do seu bebê ao mundo, como lembra a Dra. Rejane Santana, também ginecologista e obstetra.

“Portanto, apenas em casos específicos precisa-se realizar a cesárea com anestesia geral. Nesta situação, a mulher é sedada e entubada, o que faz com que fique inconsciente durante o parto e não consiga ver o bebê nascer. Mas, ainda assim, sempre com o direito de ter um acompanhante ao seu lado durante o processo”, esclarece Luciana.

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Quando sedar a gestante na cesárea é necessário?

Ainda de acordo com a especialista em gestação de alto risco, indica-se a sedação durante a cesárea caso a gestante tenha alguma cardiopatia congênita, doença no coração ou use medicamentos anticoagulantes.

Dra. Rejane ainda completa dizendo que o sedativo pode ser necessário em urgências obstétricas, como uma cesárea de emergência devido ao descolamento de placenta, ou quando a cirurgia vai demorar mais tempo do que o esperado.

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A anestesia indicada na cesárea

Embora a sedação não deva ser feita durante o nascimento do bebê, outro tipo de analgesia é liberado. De acordo com a Dra. Ana Cláudia Galdez Monteiro, anestesiologista e coordenadora da equipe de anestesistas do Hospital Albert Sabin, a raquianestesia é a técnica mais usada na cesárea.

Ela explica que este método usa pouca medicação, mas age rapidamente. Inclusive, ele é mais ágil do que a peridural, que usufrui de mais anestésico para fazer efeito e, consequentemente, é mais lenta. Portanto, utiliza-se esta segunda opção apenas em casos específicos, como a paciente ser gravemente asmática.

“Aplica-se a raquianestesia na coluna. Injetamos o anestésico em um espaço chamado subaracnóideo”, explica a anestesiologista. Assim, após a injeção, a gestante perde a sensibilidade da parte de cima do umbigo para baixo bem como a musculatura da parede abdominal relaxa a fim de que a cirurgia seja possível.

O efeito da anestesia dura, em média, de três a quatro horas e pode causar algumas reações adversas. “A paciente pode sentir sonolência, náuseas e vômitos, além de coceira no corpo, dor de cabeça e abdominal, necessitando de outros medicamentos para controle do incômodo no pós-operatório”, explica Dra. Rejane.

Fontes: Dra. Luciana Delamuta, ginecologista e obstetra pela USP, especialista em gestação de alto risco, Dra. Rejane Santana, ginecologista e obstetra e Dra. Ana Cláudia Monteiro, anestesiologista e coordenadora da equipe de anestesistas do Hospital Albert Sabin

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