Saiba tudo sobre o hipertireoidismo: causas, os sintomas e tratamento
Você provavelmente já ouviu o termo hipertireoidismo. Apesar do nome comprido e difícil de escrever, ele diz respeito a uma disfunção da glândula tireoide, que começa a trabalhar excessivamente. As mulheres e as pessoas que fumam geralmente são os grupos mais acometidos pela condição, que gera sintomas nada agradáveis, mas pode ser controlada com o tratamento correto. Por isso, saiba tudo sobre o assunto:
O que é hipertireoidismo?
Primeiramente, vale conhecer melhor a tireoide: é uma glândula pequena (com cerca de 10g) localizada na região do pescoço. Ela é composta por três partes: lobo direito, lobo esquerdo e istmo. Apesar do tamanho reduzido, ela é muito poderosa, uma vez que controla todos os aspectos do nosso metabolismo.
Em todas as células do nosso corpo, existem receptores dos hormônios produzidos pela glândula, que é controlada pela hipófise (outra glândula pequena, mas localizada na base do cérebro). A hipófise também produz hormônios. Entre eles, está o TSH, que estimula a tireoide a produzir o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina, também denominada tetraiodotironina). As principais funções desses dois hormônios são:
- Contribuir para o desenvolvimento dos tecidos do cérebro;
- Metabolizar gorduras, carboidratos e proteínas;
- Além disso, ajudar a regular os batimentos cardíacos;
- Participar da respiração celular;
- Por fim, controlar o ciclo menstrual.
As doenças relacionadas à tireoide acontecem quando há alguma alteração no funcionamento da mesma. Assim, no hipertireoidismo, há a produção exagerada de T3 e T4.
Hipertireoidismo pode matar?
Essa é a preocupação de muitos que são diagnosticados com o problema. Assim, se não tratada, a doença pode acarretar, a longo prazo, quadros mais graves, como comprometimento da visão, cegueira, osteoporose e até arritmias cardíacas, que elevam bastante o risco de morte. Por isso, é essencial o diagnóstico correto e o tratamento adequado.
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Principais causas do hipertireoidismo
A maior causa do hipertireoidismo é a doença de Graves (70% a 80% dos casos): na condição autoimune e geralmente hereditária, a pessoa começa a fabricar anticorpos que atacam a tireoide e acabam estimulando a mesma a fabricar os tais hormônios. Contudo, existem outras possíveis causas da condição:
Bócio multinodular tóxico (doença de Plummer)
Nele, muitos nódulos (pequenos caroços) estão presentes na região. Desse modo, um ou mais podem começar a produzir e secretar os hormônios tireoidianos em excesso. O distúrbio ocorre com mais frequência com o avançar da idade.
Nódulo tóxico (hiperativo) da tireoide
Quando ocorre um crescimento anormal de tecido na tireoide. Esse tecido produz as substâncias mesmo sem estimulação do TSH.
Tireoidite
Inflamação da tireoide que pode ser causada por uma infecção viral, por uma inflamação autoimune pós-parto ou por uma inflamação autoimune crônica chamada de tireoidite de Hashimoto.
No início de todas, há o hipertireoidismo porque os hormônios armazenados são liberados pela glândula inflamada. Mas, depois, ocorre o hipotireoidismo, uma vez que os hormônios se esgotam.
Medicamentos e iodo
A sobrecarga de iodo pode acontecer em pessoas que tomam determinados expectorantes ou, então, que recebem meios de contraste com iodo para alguns exames. Já os medicamentos que podem gerar o quadro e hipertireoidismo são:
- Amiodarona;
- Interferon-alfa;
- Nivolumabe;
- Por fim, pembrolizumabe.
Hipófise hiperativa
Por fim, a hipófise hiperativa fabrica o TSH em excesso, que, por sua vez, estimula os hormônios da tireoide.
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Sintomas do hipertireoidismo
Na maioria dos casos, ocorre um aumento da glândula ou o surgimento de nódulos no local. Em pessoas com tireoidite, a região pode ficar dolorida. Assim, os principais sintomas podem ser descritos como:
- Aumentos da frequência cardíaca e da pressão arterial;
- Palpitações devido a ritmos cardíacos anormais (arritmias);
- Sudorese excessiva e sensação de calor;
- Tremor;
- Ademais, nervosismo e ansiedade;
- Insônia;
- Perda de peso, apesar do aumento no apetite;
- Aumento do nível de atividade apesar da fadiga e fraqueza;
- Evacuações frequentes, ocasionalmente com diarreia;
- Alterações na menstruação;
- Por fim, impressão de olhar fixo.
Há, ainda, o hipertireoidismo apático, que geralmente acomete idosos. Nele, o paciente não apresenta os sintomas já citados, mas pode se tornar mais fraco, confuso, retraído e deprimido.
Tempestade tireoidiana
Trata-se de uma atividade repentina e extrema da glândula que configura uma emergência médica e traz risco elevado de morte. Nela, as funções do corpo ficam aceleradas, o que inclui os batimentos cardíacos (arritmia). Além disso, podem ocorrer febre, fraqueza extrema, agitação, alterações de humor, confusão, consciência alterada (inclusive coma) e aumento do fígado com icterícia leve (coloração amarelada da pele e nos brancos dos olhos).
A tempestade tireoidiana geralmente acontece por conta do hipertireoidismo não tratado ao longo do tempo, e é desencadeada por infecções, lesões, algumas cirurgias, diabetes mal controlado, gravidez, parto, interrupções na medicação ou grandes esforços físicos.
Diagnóstico do hipertireoidismo
O médico poderá desconfiar de um possível quadro de hipertireoidismo com base nos sintomas do paciente e algumas investigações físicas — por exemplo, o aumento da frequência cardíaca e a pressão arterial alta. Mas os exames laboratoriais irão confirmar o diagnóstico.
Principais exames
- Dosagem de TSH: na maioria dos casos, se a tireoide estiver hiperativa, as taxas de TSH estarão baixas. Por outro lado, em situações mais raras, o TSH constará normal ou alto;
- T4 livre;
- T3 total ou livre;
- Anticorpos Antiperoxidase (Anti TPO), Anticorpos Antitireoglobulina (Anti-Tg), Anticorpos Anti-receptores de TSH (TRAb): detectam doenças tireoidianas autoimunes, como a doença de Graves e a tireoidite de Hashimoto;
- Exames de imagem e biópsias: quando há suspeita de um nódulo na região.
Quais profissionais procurar?
O profissional mais indicado para tratar casos de hipertireoidismo é o médico endocrinologista. Isso porque a especialidade médica é voltada para o diagnóstico e o tratamento de doenças e distúrbios hormonais e metabólicos, quase sempre relacionados à alimentação. As atribuições envolvem cuidar de doenças ósseas — osteoporose, por exemplo —, diabetes e obesidade.
Além disso, entram na lista alterações na tireoide, colesterol, triglicérides, diabetes, tumores que produzem hormônios em excesso e doenças autoimunes. Existem pacientes que não sentem fome, outros sentem fome o tempo todo, entre outros distúrbios.
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Tratamento do hipertireoidismo
O tratamento pode variar de acordo com a causa principal do hipertireoidismo:
Principais medicamentos
- Betabloqueadores: servem para amenizar os sintomas, como frequência cardíaca aumentada, tremores e ansiedade. Portanto, não diminuem a produção dos hormônios tireoidianos em si, sendo necessária a combinação com outros remédios;
- Metimazol e a propiltiouracila: esses sim trabalham para reduzir a fabricação dos hormônios em questão;
- Iodo: mais usado por quem precisa de uma intervenção rápida, e não deve ser ingerido a longo prazo;
- Iodo radioativo: serve para neutralizar parte da tireoide. Assim, durante e após cinco dias do tratamento, recomenda-se ao paciente ficar longe de bebês pequenos, não dormir ao lado do parceiro e não engravidar por cerca de seis meses. Normalmente, quem faz esse tratamento precisa repor hormônios tireoidianos pelo resto da vida.
Quando a cirurgia é indicada?
Denominada tireoidectomia, trata-se do procedimento cirúrgico para a remoção da tireoide (inteira, ou uma parte dela). A estratégia é mais indicada para pessoas jovens ou que são alérgicas aos medicamentos.
Esse tipo de tratamento é eficaz, mas ele também leva ao hipotireoidismo (já que a glândula é retirada). Por isso, o paciente precisa fazer a reposição dos hormônios tireoidianos.