Gastrite: o que é, sintomas, tratamentos e causas
- 1. O que é gastrite?
- 2. Possíveis causas da gastrite
- 3. Sintomas
- 4. Diagnóstico
- 5. Tipos de gastrite
- 6. Como funciona o tratamento
- 7. Cuidados com a saúde mental
- 8. Perguntas frequentes sobre gastrite
- 9. Especialidades envolvidas no tratamento de gastrite
- 10. Alimentação para quem tem gastrite
- 11. Programas Vitat para ter uma alimentação saudável
A gastrite é uma condição digestiva que pode causar muito incômodo. Contudo, não é raro que ela seja negligenciada por quem a possui, o que pode piorar as crises e os sintomas. A seguir, saiba tudo sobre ela, os tipos, os sinais e o tratamento:
O que é gastrite?
A gastrite ocorre quando a mucosa que reveste o estômago está inflamada, irritada ou com a presença de alguma infecção. Essa camada protetora é responsável por produzir muco e ácido clorídrico, que auxiliam na digestão dos alimentos. Contudo, quando ocorre a inflamação, ela pode ficar danificada, resultando em sintomas desconfortáveis.
Possíveis causas da gastrite
A principal causa da gastrite é o desequilíbrio entre a quantidade de ácido presente no estômago e as barreiras que a mucosa do órgão possui para se proteger do seu próprio ácido. Ou seja, quando há um excesso da substância no estômago, ou quando há uma diminuição da proteção dentro do órgão, ocorre a gastrite.
Esse desequilíbrio pode ser desencadeado por alguns fatores, como consumo excessivo de álcool, uso de medicamentos anti-inflamatórios e aspirina, estresse, tabagismo, intolerâncias alimentares, anemia por falta de vitamina B12, vômitos crônicos, gastrite autoimune (quando o próprio corpo produz anticorpos que combatem e agridem as células gástricas) e infecção por vírus ou bactérias.
A infecção pela bactéria Helicobacter pylori, por exemplo, é a causa mais conhecida e comum de gastrite. Isso porque o micro-organismo se multiplica na mucosa estomacal e libera uma enzima que altera o pH do estômago, que se torna extremamente ácido.
A transmissão do H. pylori ocorre por meio da ingestão de água e alimentos contaminados e de pessoa para pessoa. Assim, muitos indivíduos possuem a bactéria, mas ela não se manifesta quando as barreiras de defesa do estômago estão em ordem. Por isso é importante ter uma alimentação equilibrada, sem abuso de álcool, cafeína e alimentos gordurosos, condimentados e que contenham conservantes.
Leia também: Bactéria da gastrite é resistente aos três antibióticos mais usados
Sintomas
Os sintomas da gastrite são diversos, e variam de pessoa para pessoa. Confira os principais:
- Peso no estômago;
- Dor intensa;
- Perda de apetite;
- Dor constante no estômago;
- Barriga inchada e dolorida;
- Digestão lenta;
- Eructação (arroto) frequente;
- Vômitos e enjoos;
- Dor de cabeça;
- Mal-estar geral;
- Sangramento no estômago;
- Sensação de queimação.
Diagnóstico
O diagnóstico da gastrite geralmente baseia-se na investigação física e na análise do quadro clínico do paciente. Além disso, médico pode pedir exames específicos. Confira os principais:
Endoscopia digestiva alta
A endoscopia digestiva alta é um tipo de exame feito para identificar doenças no estômago, como a gastrite. Assim, o exame é realizado com uma câmera endoscópica e permite visualizar a mucosa do estômago.
Exame de sangue
Através do exame de sangue, o médico pode verificar se há anemia. Além disso, é possível detectar a presença da bactéria H. pylori.
Exame de fezes
Este tipo de teste pode identificar se há a presença de sangue nas fezes, ou seja, um sinal de sangramento no estômago.
Tipos de gastrite
Existem diferentes tipos de gastrite, cada um com suas próprias características e causas:
Gastrite aguda
A gastrite aguda é um quadro mais sério da doença. Assim, ocorre quando o paciente sente, constantemente, sintomas como dores na boca do estômago ou queimação.
Leia também: Gastrite aguda: conheça as causas, sintomas e tratamentos
Gastrite crônica
A gastrite crônica ocorre em função de uma inflamação da mucosa gástrica. Diferentemente da forma aguda da doença, aumenta progressivamente. No entanto, sua duração é prolongada. Por isso, se a inflamação da mucosa gástrica não for tratada, pode durar por anos ou até mesmo uma vida inteira. Além disso, se não houver o tratamento adequado, pode causar úlcera e câncer.
Leia também: Gastrite crônica: conheça as causas, os sintomas e o tratamento
Gastrite por Helicobacter pylori
A infecção pela bactéria H pylori consiste na causa mais comum de gastrite e úlcera péptica em todo o mundo, afirma o Manual MSD. Contudo, nem todas as pessoas que contraem o micro-organismo irão desenvolver a condição (a grande maioria, inclusive, não apresenta nenhum sintoma durante toda a vida).
Em alguns indivíduos, o H pylori se aloja na parede da mucosa interna do estômago, produzindo substâncias que o protegem do meio ácido e prejudicam o órgão. A transmissão pode acontecer de pessoa para pessoa ou por meio do consumo de alimentos e água contaminados.
Leia também: Gastrite por H pylori: sintomas, tratamentos e causas
Gastrite nervosa
A gastrite nervosa é uma doença muito comum nos dias atuais e afeta principalmente as mulheres. Embora não haja uma causa única, o estresse, a ansiedade e o estilo de vida interferem diretamente nos sintomas. O termo é usado pela população de forma geral para rotular sintomas de dor ou queimação na altura do estômago desencadeados após algum tipo de tensão emocional.
Leia também: Gastrite nervosa: o que é, sintomas e tratamentos
Gastrite enantematosa
No caso da gastrite enantematosa, as mucosas do estômago ficam mais avermelhadas. Ela pode ser causada por alcoolismo, bactérias, doenças autoimunes ou uso frequente de certos medicamentos. Assim como outras variações da gastrite, possui diversos graus, mas normalmente é mais leve, com vermelhidão no local e possíveis inchaços.
Leia também: Gastrite enantematosa: o que é, causas, sintomas e como tratar
Gastrite eosinofílica
Trata-se de um tipo bem mais raro da doença — também pode afetar o esôfago, mas nesse caso, recebe o nome de esofagite eosinofílica. Os eosinófilos são espécies de glóbulos brancos normalmente liberados no sangue quando um corpo estranho (bactéria, por exemplo) entra no organismo.
Quando uma pessoa sofre com a gastrite eosinofílica, há a liberação desses eosinófilos em quantidades excessivas, o que gera a inflamação.
Leia também: Gastrite eosinofílica: o que é, sintomas e tratamento
Como funciona o tratamento
Se o H. pylori for a causa da gastrite, o médico prescreverá antibióticos para combatê-lo. Além disso, o uso de outros remédios alivia os desconfortos e reequilibra o pH do estômago.
Durante o tratamento será necessário mudar alguns hábitos alimentares. Então, como já dito, você precisará:
- Evitar alimentos fritos, ricos em gorduras, conservantes e condimentos (como pimenta) que dificultam a digestão;
- Diminuir o consumo de cafeína;
- Evitar leite e seus derivados e glúten;
- Cortar o consumo de álcool e cigarro;
- Fazer refeições fracionadas a cada 3 horas;
- Beber muita água;
- Mastigar muito bem os alimentos;
- Por fim, avaliar a continuidade do uso de alguns tipos de medicamentos, caso você o faça.
E o principal: ter paciência e disciplina para tomar a medicação nos horários corretos e focar na mudança de hábitos. Mas, não deixe de retornar ao médico conforme as orientações do profissional para garantir o sucesso do tratamento.
Já o tratamento da gastrite nervosa deve ser feito de forma global, para que o médico entenda o que está causando a doença. Geralmente, após a consulta, o paciente é encaminhado para tratamento conjunto com nutricionista, psicólogo e, se necessário, um psiquiatra.
Cuidados com a saúde mental
Como já dito, além da mudança de hábitos alimentares, também é fundamental cuidar da mente para evitar a gastrite nervosa, por exemplo.
De acordo com Júlio Veloso, gastroenterologista do Hospital Anchieta de Brasília, a prática de atividade física regular e a determinação de horários contribuem para a melhora da saúde global do indivíduo. “Para aqueles indivíduos mais estressados, eu sempre recomendo a busca de terapias alternativas, tais como meditação, yoga e, exercícios de relaxamento. E, em vários casos, um psicólogo pode ajudar muito.”
Desse modo, existe uma série de coisas que podem ser alteradas no dia a dia para reduzir os quadros de estresse e ansiedade. “Primeiro, oriento que o paciente tente achar o que mais lhe atinge para tentar mudar. Atividade física ajuda muito na liberação de endorfinas, então vale caminhada, meditação, yoga. E sempre tenha na sua semana, na sua rotina, encontros com pessoas e atividades que causem calma e prazer. Vale encarar as coisas de modo leve e entender que todos têm ‘leões’ para enfrentar e que devagar os venceremos.”
Perguntas frequentes sobre gastrite
Gastrite tem cura?
Esta é uma das principais dúvidas de pessoas que têm sobre a doença. Segundo Carlos Machado, médico especialista em medicina preventiva e nefrologista, não há cura para gastrite, mas a boa notícia é que há tratamento. “Imagine um indivíduo de pele muito clara, que se queima facilmente ao se expor no sol se não usar protetor solar. O mesmo se aplica ao estômago. Ou seja, é preciso ter um estilo de vida saudável e, claro, consumir bebidas e alimentos ultraprocessados com moderação”, esclareceu o médico em entrevista anterior à Vitat.
Quem tem gastrite deve evitar alimentos ácidos?
Na verdade, alguns alimentos ácidos podem agravar os sintomas da gastrite, mas nem todos os alimentos ácidos são prejudiciais. Por exemplo, apesar de algumas frutas cítricas serem naturalmente ácidas, elas podem ser bem toleradas por algumas pessoas com gastrite. Portanto, o mais importante é observar quais alimentos específicos desencadeiam seus sintomas e adaptar sua dieta com base nisso.
A gastrite pode se tornar uma úlcera?
Se não tratada corretamente, a lesão no estômago gerada pela gastrite pode sim se transformar em uma úlcera. Esta, por sua vez, é uma inflamação mais intensa, grave e profunda no estômago, com maior risco de complicações — como perfuração e sangramento. Por isso, é muito importante seguir as recomendações do médico.
A gastrite pode se transformar em câncer de estômago?
Embora a gastrite crônica possa aumentar o risco de desenvolver câncer de estômago em alguns casos, nem todas as pessoas com gastrite desenvolverão essa condição. Dessa forma, é fundamental tratar adequadamente a gastrite crônica, especialmente se for causada pela bactéria H. pylori, para reduzir o risco de complicações a longo prazo.
Pode pular o café da manhã?
Há quem diga que pular o café da manhã ajuda no processo de emagrecimento. Entretanto, para pessoas que têm gastrite, o hábito é ainda mais prejudicial. Por isso, é crucial realizar várias refeições ao dia e alimentar-se de forma correta.
Assim, a fim de proteger o estômago e minimizar os efeitos da irritação, não é interessante investir em dietas de jejum intermitente ou pular refeições ao longo do dia.
É possível prevenir a gastrite?
Com todos os hábitos já citados, é possível diminuir o risco da doença — ou pelo menos evitar quadros mais intensos. É por isso que os especialistas sempre reforçam a necessidade de mudanças na alimentação, no sono, nos níveis de estresse… E por aí vai.
Quais as diferenças entre gastrite e refluxo gastroesofágico?
Enquanto a gastrite é uma lesão no revestimento do estômago, o refluxo gastroesofágico, por sua vez, é caracterizado pelo retorno do conteúdo gástrico para o esôfago, o que gera sintomas como azia e queimação. Saiba mais sobre as diferenças aqui!
Leia também: Suco de batata ajuda a melhorar a gastrite?
Especialidades envolvidas no tratamento de gastrite
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Gastroenterologia: são médicos responsáveis por realizar exames diagnósticos e prescrever medicamentos para o tratamento adequado da gastrite e outros problemas do sistema digestivo;
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Clínica médica: os clínicos gerais, também conhecidos como médicos de medicina interna, desempenham um papel importante no diagnóstico e no tratamento inicial da gastrite. Geralmente, eles avaliam os sintomas do paciente, solicitam exames laboratoriais e iniciam o tratamento inicial. Dependendo da gravidade da gastrite, eles podem encaminhar o paciente a um gastroenterologista para um acompanhamento mais especializado;
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Nutricionista: contribui para a orientação alimentar. Nesse sentido, o nutricionista ajuda a desenvolver um plano de dieta adequado para reduzir os sintomas da gastrite, evitando alimentos irritantes e recomendando opções que sejam suaves para o estômago;
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Psicólogo ou psiquiatra: o estresse e a ansiedade podem agravar os sintomas da gastrite em algumas pessoas. Por isso, profissionais de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, podem ser envolvidos no tratamento para ajudar a gerenciar o estresse e melhorar o bem-estar emocional do paciente.
Alimentação para quem tem gastrite
Aguns alimentos podem favorecer a secreção de ácido gástrico e, consequentemente, piorar os sintomas e o quadro geral da gastrite. Para evitar que isso aconteça, o ideal é não consumir alimentos que aumentam a acidez estomacal, como chocolate, molho de tomate, café, refrigerante, bebidas alcóolicas, frutas cítricas ou ácidas, leite e chá mate. Saiba mais o que não comer com gastrite clicando aqui!
No lugar deles, opte por alimentos naturais e saudáveis que ajudam a controlar a gastrite, incluindo legumes e verduras, frutas, sardinha e ervas calmantes (confira os melhores chás para a condição). Ter uma alimentação balanceada é essencial para evitar não só a gastrite, como também outros problemas gastrointestinais. Conheça os melhores alimentos para quem tem gastrite aqui.
Leia também: Café da manhã para quem tem gastrite: dicas, o que evitar e receitas
Programas Vitat para ter uma alimentação saudável
A Vitat possui diversos programas de saúde e bem-estar. Alguns, inclusive, são focados em alimentação e oferecem dicas, receitas e até mesmo lista de compras. Assim, através deles você pode adotar hábitos mais saudáveis, o que pode ajudar a reduzir os sintomas da gastrite.
Fontes
- Dra. Denise Carvalho, médica cirurgiã;
- Dra. Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo;
- Carlos Machado, médico especialista em medicina preventiva e nefrologista.
Referências