Essencial para grávidas, ingestão alimentar de folato pelos brasileiros é deficiente

Gravidez e maternidade Saúde
10 de Fevereiro, 2022
Essencial para grávidas, ingestão alimentar de folato pelos brasileiros é deficiente

Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP analisou a ingestão de folato (vitamina B9) pela população brasileira. Como resultado, o estudo concluiu que há uma deficiência no consumo alimentar desse nutriente. Baixos níveis de folato no organismo materno podem resultar em complicações tanto para a gestante como para o feto. Parto prematuro, baixo peso ao nascer e defeitos de fechamento do tubo neural, que comprometem o desenvolvimento da coluna vertebral/medula espinhal e do cérebro da criança, por exemplo, são algumas das complicações.

Onde encontrar o folato 

O folato é encontrado em alimentos como feijões, vegetais verde escuros, frutas cítricas como a laranja, ovos, fígado, carnes, frutos do mar, entre outros. No Brasil, é realizada a fortificação mandatória (obrigatória) das farinhas de trigo e milho com ácido fólico, que é a forma sintética do folato. Assim, alimentos à base destas farinhas como pães, massas, bolos, pizzas, sanduiches, salgados, bolachas, biscoitos também são fontes desta vitamina.

Resultados da pesquisa

Os pesquisadores da USP descobriram a deficiência no consumo alimentar do folato durante o projeto de pós-doutoramento da nutricionista Cecilia Zanin Palchetti. O estudo comparou a ingestão alimentar desse nutriente pela população brasileira em 2008/09 e 2017/18. Segundo o trabalho, aumentou a porcentagem de pessoas que não atingiram as necessidades diárias de folato, estabelecidas de acordo com sexo e idade. Entre as mulheres em idade reprodutiva, que são o público-alvo da fortificação de alimentos com ácido fólico, aproximadamente 30% em 2008/09. Já em 2017/18, 40% não atingiram a recomendação de ingestão desta vitamina.

A região Norte do Brasil foi a que apresentou maior porcentagem de pessoas que não atingiram a ingestão necessária de folato, tanto para os homens quanto para as mulheres, nos dois períodos do estudo. A pesquisa resultou no artigo Prevalence of inadequate intake of folate in the post-fortification era: data from the Brazilian National Dietary Surveys 2008-2009 and 2017-2018publicado no British Journal of Nutrition. Foi, também, considerado como “O Artigo Científico do Mês” (Paper of the Month of January 2022) pela The Nutrition Society.

Importância das fontes naturais de folato

De acordo com a pesquisa, os grupos alimentares que mais contribuíram para a ingestão de folato no Brasil foram feijões, pães, massas e pizza, bolos e biscoitos, e bebidas não alcoólicas nos dois períodos estudados. Em ambos os períodos, os alimentos fortificados representaram aproximadamente 40% da ingestão total do nutriente pela população brasileira. Já as fontes naturais representaram aproximadamente 60%, destacando-se o grupo dos feijões.

“Sem dúvida, a fortificação mandatória de alimentos com ácido fólico contribuiu para aumentar a ingestão alimentar desta vitamina não apenas nas mulheres em idade reprodutiva, como também na população em geral. Entretanto, é importante destacar que alguns dos alimentos à base de farinhas fortificadas com ácido fólico também possuem alto teor de gorduras e/ou açúcares em sua composição. Portanto, devem ser consumidos com moderação”, alerta Cecília.

De acordo com a pesquisadora, é preciso estimular o consumo de alimentos naturalmente fontes de folato, como o feijão, tradicionalmente utilizado na culinária brasileira. “Apesar de ser um dos alimentos mais consumidos pela nossa população, houve redução do consumo de feijões em 12,8% comparando os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 com os da (POF) 2008-2009”, diz a nutricionista.

Os órgãos de Saúde recomendam que mulheres em idade fértil e que desejam engravidar façam suplementação com ácido fólico. Entretanto, muitas gestações não são planejadas. Desta forma, a fortificação de alimentos com ácido fólico é uma estratégia global para diminuir a ocorrência de defeitos de fechamento do tubo neural.

A pesquisa foi realizada sob supervisão da professora Dirce Marchioni, do Departamento de Nutrição da FSP, dentro do Programa de Pós-Graduação em Nutrição em Saúde Pública da FSP. Cecília foi bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Fonte: Jornal da USP

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