Desejos de grávida são sinais de deficiências nutricionais?
Laranja com vinagre, coxinha com chantilly, arroz cru com iogurte, tijolo, carvão e reboco de parede. Consegue imaginar todas essas combinações fazendo parte do seu cardápio? Pois acredite se quiser: esses são apenas alguns dos desejos de grávida que muitas mulheres sentem (ou sentiram) durante a gestação.
As vontades são tão curiosas que até bombaram recentemente no TikTok. Por lá, o desafio é provar todas as receitas inusitadas que as futuras mamães mandam para os usuários, e avaliar com uma nota que varia de um a dez.
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Mas por que isso acontece? É verdade que os desejos estranhos indicam deficiências nutricionais na mulher? Entenda:
Desejos de grávida: quando a vontade em questão não é de alimento
De acordo com a nutricionista Fernanda Larralde, parceira da Bio Mundo, é realmente verdade que algumas gestantes têm desejos peculiares. Mas eles nem sempre são sinais de falta de nutrientes.
Na verdade, a condição é considerada um transtorno alimentar que leva o nome de picamalácia. A mulher ingere persistentemente substâncias inadequadas com pequeno ou nenhum valor nutricional (ou, então, ingredientes comestíveis, mas de forma nada habitual).
“Há estudos que apontam uma relação com o aspecto nutricional (voltado para a deficiência de ferro e zinco, por exemplo). Mas isso está muito mais baseado em teorias”, diz a especialista. Ou seja, é possível perceber a picamalácia em gestantes que possuem dietas insuficientes e/ou inadequadas, mas essa não é necessariamente uma regra.
Isso porque fatores emocionais também têm o seu peso. “O problema pode estar relacionado à ansiedade, à depressão, ao estresse e ao nervosismo. Tudo isso acaba vindo à tona com a gestação, e ela transfere para as substâncias não convencionais a necessidade de cuidado e acolhimento”, diz a nutricionista.
Os desejos de grávida, então, podem ser dos mais diferentes:
- Tijolo;
- Giz;
- Cinzas de carvão;
- Fósforo apagado;
- Reboco de parede;
- Detergente.
E o hábito de comer esses itens não é tão inofensivo quanto parece. “As substâncias, que são tóxicas, podem ultrapassar a barreira da placenta, ir para o feto e prejudicar o desenvolvimento do mesmo. Em casos extremos, elas podem levar ao aborto”, alerta a profissional.
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Mas e quando a vontade é de comida?
Nesse caso, Fernanda Larralde afirma que há duas explicações. Quando a vontade por coisas cítricas aparece (abacaxi com sal, manga verde e laranja com vinagre, por exemplo), ela pode significar uma busca do corpo para o alívio dos enjoos.
“O enjoo é mais comum no primeiro trimestre de gravidez, mas há mulheres que sofrem com ele a gestação inteira. Elas relatam uma sensação de buraco no estômago, como uma falsa fome”, diz a especialista.
No caso das receitas mais gordurosas (como coxinha com chantilly), a associação é com a fome emocional. “O que demanda cuidado e atenção, uma vez que comer compulsivamente pode acarretar em hipertensão, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, colocando as vidas da mãe e do bebê em risco”, ressalta.
É por isso que o acompanhamento nutricional é essencial nessa fase. “Muitas vezes, a mulher tem vergonha de contar para o médico ou o nutricionista que ela está passando pela situação. Aí, cabe ao profissional colocar a sensibilidade em prática para avaliar se o ganho de peso está saudável, se os exames estão em dia e como anda a saúde emocional da gestante”, finaliza.
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Fonte: Fernanda Larralde, nutricionista parceira da Bio Mundo.