Hiperêmese gravídica: Os riscos do excesso de enjoos na gestação

Gravidez e maternidade Saúde
28 de Julho, 2021
Hiperêmese gravídica: Os riscos do excesso de enjoos na gestação

Entre os sintomas mais comuns da gravidez estão a náusea e o vômito, que chegam a acometer até 85% das gestantes. Esse quadro pode se apresentar em diferentes níveis, sendo que em 25% dos casos observa-se exclusivamente a náusea matinal. Além disso, em 90% das vezes, o enjoo na gravidez ocorre somente no primeiro trimestre, com melhora progressiva ao longo das semanas e também a partir de ajustes na alimentação. Contudo, quando o problema torna-se excessivo, ele recebe o nome de hiperêmese gravídica.

Cerca de 1% a 3% das grávidas podem sofrer com o excesso de enjoo e vômito por um período bastante prolongado. Esse foi o caso, inclusive, de personalidades como Kate Middleton, Fernanda Lima e Tatá Werneck. Somente no Brasil, a hiperêmese gravídica afeta quase 150 mil mulheres todos os anos.

“A hiperêmese gravídica consiste no grande número de eventos de vômito por um grande número de semanas. Mesmo após a adoção de cuidados ou medicamentos para atenuá-los, o que passa a comprometer a saúde da gestante”. A explicação é de Elis Nogueira, ginecologista e obstetra.

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Consequências da hiperêmese gravídica

De acordo com a médica, além do desconforto, essa condição pode gerar outras complicações para a gestante. Isso porque a gravidade dos vômitos pode ter um impacto direto sobre as funções do fígado e dos rins. Assim como levar à fraqueza, desidratação e até perda de peso. “Com a piora dos vômitos e sem a devida correção dos problemas metabólicos eventualmente já instalados, corre-se o risco de que o comprometimento afete o sistema cardiovascular (arritmias) e o sistema nervoso central, predispondo o aparecimento de alterações comportamentais e neurológicas de intensidades variadas, até mesmo graves”, alerta Elis.

A hiperêmese gravídica pode ainda prejudicar a evolução da gestação e o bem-estar do bebê, elevando as taxas de trabalho de parto prematuro, de crianças pequenas para a idade gestacional e de baixo peso ao nascer. O distúrbio também é considerado fator que interfere negativamente sobre o neurodesenvolvimento embrionário e fetal.

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Causas e fatores de risco

A ginecologista observa que não existe uma causa específica que, de forma isolada, explique os motivos que aumentam ou reduzem o grau de náuseas e vômitos na gravidez. Porém, há diferentes teorias que ajudam a destacar possíveis fatores de risco para o desenvolvimento da hiperêmese gravídica. Entre eles estão: alterações hormonais, infecção por H. pylori (um tipo de bactéria que causa gastrite e úlcera péptica), fatores genéticos e doenças psicossomáticas.

Por isso, é fundamental identificar — e tratar — outras doenças que possam causar náuseas e vômitos (gastroenterites, hepatites, apendicites, colecistites e obstrução intestinal, por exemplo).

Outro ponto importante é diferenciar os enjoos comuns durante a gravidez de um possível quadro de hiperêmese gravídica. Elis informa que isso é feito, principalmente, por meio da duração dos sintomas ao longo dos meses de gestação e das consequências dos episódios na saúde da mulher, independente do tempo gestacional.

“A maioria dos casos de náuseas e vômitos durante a gravidez é tratada sem medicamentos. Por outro lado, os de maior intensidade são tratados com medicamentos, dieta adequada, entre outros cuidados. No entanto, se após o tratamento os enjoos e vômitos continuarem impactando na capacidade da mulher de se nutrir e se hidratar, é muito importante a rápida avaliação da situação para identificar a hiperêmese gravídica e iniciar o tratamento adequado”, detalha.

Diagnóstico e tratamento da hiperêmese gravídica

O acompanhamento médico é determinante para que a gestante seja bem avaliada e tratada ao longo de toda a gravidez. O que não é diferente para os casos de sintomas como náuseas e enjoos. “Os raros casos de hiperêmese gravídica são inicialmente diagnosticados em consulta pela avaliação do nível de comprometimento do quadro geral da gestante. Além disso, da avaliação do grau de desnutrição e desidratação. São confirmados através de hemograma e exames complementares, que servem também para identificar outros possíveis quadros em que as náuseas e enjoos são causados por outros problemas de saúde”, esclarece Elis.

Quando há desnutrição e desidratação leves, o tratamento consiste em repouso, medicação, boa hidratação e dieta específica para corrigir as perdas de nutrientes e seus impactos no organismo.

Nos casos de hiperêmese gravídica, devido aos riscos de rápida evolução negativa do quadro da gestante, pode ser necessária uma internação. Dessa forma, o objetivo é reverter um cenário mais grave de desidratação e desnutrição e para administrar cuidados complementares.

Por fim, a médica diz que não existem orientações específicas que ajudem na prevenção do problema. A melhor saída é, de fato, apostar em hábitos saudáveis. Tanto para a questão física, com alimentação equilibrada e exercícios, quanto para a saúde emocional, com práticas como meditação. “No pré-natal, normalmente o obstetra recomenda uma dieta fracionada, evitando grandes porções e longos períodos em jejum. E deixando de lado alimentos muito gordurosos e condimentados, o que tende a diminuir a incidência das náuseas e enjoo na gravidez”, finaliza.

Fonte: Elis Nogueira, ginecologista e obstetra, membro da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e do corpo clínico de hospitais como Albert Einstein e ProMatre.

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