Está se sentindo esgotada, mãe? Pode ser burnout materno!
Equilibrar todos os pratinhos da vida materna soa recompensador e praticamente heróico, mas também a um passo do burnout materno. Isso porque mães vivem a pressão social de que devem dar conta de tudo, o que pode levá-las a este perigoso quadro psicológico.
“Burnout” significa “combustão completa” em tradução literal e passou a ser um termo usado para descrever uma síndrome de esgotamento tanto físico quanto mental pelo excesso de trabalho. “Ela prejudica não apenas o desempenho produtivo, mas também a própria capacidade de experimentar atividades de lazer e relaxamento”, explica a psiquiatra Paula Dione, da clínica Holiste Psiquiatria.
Já o termo associado ao público materno ganhou ênfase principalmente durante a pandemia causada pela Covid-19, no início de 2020. Isso porque o excesso de demandas no trabalho para a figura materna não se resume a atividades remuneradas, mas também aos cuidados com o lar e filhos. “Por conta destes acúmulos, a mãe entra de fato neste esgotamento”, reforça o psicólogo Filipe Colombini, especialista em clínica analítico-comportamental e diretor da Equipe AT.
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Atenção! Sinais que indicam burnout materno
Segundo Paula, é preciso sensibilidade para que a mãe lembre-se que cada pessoa tem o seu limite diante do que aguenta de situações estressantes. Caso ele seja ultrapassado consecutivas vezes, o resultado pode ser o burnout materno. Veja alguns dos sintomas do quadro psicológico:
- Sentimento de desamparo;
- Baixa autoestima;
- Irritabilidade;
- Tristeza;
- Vontade de fugir das situações;
- Queda do sistema imunológico;
- Dores frequentes de cabeça;
- Perda de apetite;
- Perda de perspectiva do futuro;
- Preocupação excessiva de não cumprir suas demandas;
- Queda de energia;
- Culpa profunda.
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O burnout materno exige tratamento multiprofissional!
A figura materna com sintomas associados ao burnout pode precisar tanto de tratamento psicológico quanto psiquiátrico. “A mãe, como qualquer outra pessoa, precisa ter espaço para mostrar suas vulnerabilidades e para isso é necessário ter uma rede de apoio”, enfatiza Filipe.
Assim, de acordo com Paula, o primeiro passo para o tratamento do quadro é recorrer a uma orientação especializada para que ela entenda que precisa de ajuda e como pedir. A consulta pode ser marcada tanto pela figura materna quanto por uma pessoa de sua confiança.
Filipe sugere também a divisão das tarefas para que a mãe consiga encaixar momentos de lazer e descanso durante o dia. Para isso, mais uma vez, é importante salientar que as pessoas no entorno desta figura materna devem estar atentas ao seu caminhar para que ela se sinta confiante em demandar.
“As estratégias para o burnout materno também envolve tratamentos médicos que pensem na saúde física da mulher, como uma boa alimentação acompanhada por uma nutricionista, atividades físicas preparadas por um educador físico, além de um check-up geral”, lista o psicólogo.
Por fim, é fundamental que a mãe tente dialogar sobre o quadro psicológico com a empresa em que trabalha. Isso porque a sobrecarga no local pode estar contribuindo para o burnout e pode ser necessário diminuir o ritmo para que ela consiga cuidar de si.
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Caso a mãe não procure por ajuda…
O tabu que ainda existe em torno da saúde mental pode fazer com que a figura materna não recorra à ajuda especializada ao perceber os sintomas de burnout. Isso pode trazer consequências perigosas a longo prazo, principalmente porque este estresse profissional pode gerar outros transtornos psicológicos.
“Os sentimentos amplificados acabam se tornando um conjunto de sintomas que podem se enquadrar num transtorno psiquiátrico, como ansiedade, depressão, transtorno bipolar e estresse pós-traumático”, explica Filipe. Há também o aumento de comportamentos impulsivos, como o consumo de bebidas alcoólicas e uso da internet para tentar fugir da realidade.
Fontes: Filipe Colombini, psicólogo, especialista em clínica analítico-comportamental e diretor da Equipe AT e Paula Dione, psiquiatra da Holiste Psiquiatria