Vacina da poliomielite: para que serve, quem deve tomar e em qual idade

Saúde
29 de Novembro, 2022
Vacina da poliomielite: para que serve, quem deve tomar e em qual idade

A paralisia infantil é uma doença erradicada no Brasil desde 1990, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. No entanto, a baixa cobertura vacinal contra a doença chama a atenção de especialistas. Em 2012, por exemplo, 96,55% das crianças tomaram a vacina contra poliomielite. Contudo, em 2021, o número caiu para 67,71%.

Hoje, das 11,5 milhões de crianças que são público-alvo das campanhas, mais de 52% já se vacinaram

O valor é bem diferente da meta anual, que é ter 95% de todas as crianças vacinadas contra a pólio. No entanto, os dois anos de pandemia de Covid-19 registraram os piores índices desde 2012. A queda nos índices de vacinação é grave, e coloca a saúde do Brasil em risco. Além disso, mais recentemente, a doença ressurgiu em Israel e também teve uma nova cepa no Malaui, sudeste da África, aumentando ainda mais o risco de a variante chegar em solo brasileiro.

Leia mais: Afinal, o que é a poliomielite e como preveni-la?

O que é a poliomielite?

A poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é uma doença infectocontagiosa viral aguda. A doença costuma ter acometimento inicial inespecífico, com sintomas como febre, mal-estar e dor de cabeça. Pode haver paralisia ou não.

Suspeita-se da pólio quando o paciente perde força muscular subitamente. Ou seja, ele não consegue manter os músculos contraídos. Pode acometer os membros inferiores, de forma assimétrica, cursando com flacidez muscular, sensibilidade preservada e ausência de reflexos do segmento acometido.

O poliovírus fica no intestino. Quando sai pelas fezes, pode contaminar redes de esgoto e água, aumentando as chances de transmissão. Portanto, o devido saneamento básico e as boas condições de higiene são importantes para prevenir a doença.

Na maioria das vezes, a infecção não tem grandes repercussões na saúde, mas há uma parcela de acometidos. Principalmente crianças com menos de cinco anos, que desenvolvem formas graves. O início é repentino e a evolução do déficit motor ocorre, em média, em até três dias.

Quem deve tomar a vacina da poliomielite?

A vacina é a única forma de proteção contra a pólio pelo vírus dos tipos 1, 2 e 3. Por isso, todas as crianças brasileiras a partir dos 2 meses de vida, devem tomar a vacina, sob esquema de cinco doses. As três primeiras são feitas com o imunizante injetável. Depois, os dois reforços, geralmente em forma de gotinhas, são dados entre os 15 e os 18 meses e aos 5 anos de idade.

Além disso, viajantes adolescentes e adultos com destino a países onde a doença é endêmica devem receber o imunizante. Por exemplo, Paquistão e o Afeganistão, ou em locais onde há risco de transmissão e registro de casos de poliomielite causada pelo vírus vacinal.

Leia mais: Vacinas para crianças: afinal, quais são as principais?

Vacinas disponíveis:

Atualmente, existem dois tipos de vacinas contra a poliomielite:

  • VOP (vacina oral poliomielite, “gotinha”): é uma vacina oral atenuada bivalente, ou seja, composta pelos vírus da pólio tipos 1 e 3, vivos, mas “enfraquecidos”.
  • VIP (vacina inativada poliomielite): imunizante trivalente e injetável, composto por partículas dos vírus da pólio tipos 1, 2 e 3. Cada dose da vacina corresponde a duas gotas.

Existem, ainda, as pentavalentes e hexavalentes, DTPa-VIP/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada e Haemophlilus influenzae tipo b) e DTPa-VIP-HB/Hib (tríplice bacteriana acelular combinada às vacinas poliomielite inativada, hepatite B e Haemophlilus influenzae tipo b), respectivamente.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que o Brasil utilize a vacina inativada (VIP), sempre que possível. Nesse sentido, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) indica a vacina VIP nas três primeiras doses do primeiro ano de vida (aos 2, 4 e 6 meses de idade) e a VOP no reforço e campanhas anuais de vacinação.

Além disso, vale reforçar que as vacinas podem ser administradas simultaneamente com as demais vacinas dos calendários de vacinação do Ministério da Saúde.

Esquema vacinal

A imunização contra a poliomielite deve começar a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade. Confira a especificidade de cada vacina:

  • VIP: aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade. Na rede pública as doses, a partir de um ano de idade, são feitas com VOP.
  • VOP: na rotina de vacinação infantil nas Unidades Básicas de Saúde, é aplicada nas doses de reforço dos 15 meses e dos 4 anos de idade e em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos.

Cuidados antes, durante e após a vacina da poliomielite:

Para ambas as vacinas:

  • Em crianças com febre moderada a alta (acima de 38ºC), a vacinação precisa esperar até que o quadro clínico melhore.
  • Qualquer sintoma grave ou súbito após a vacinação precisa de atenção médica.
  • Sintomas de eventos adversos graves ou persistentes requerem investigação. Dessa forma, é possível verificar outras causas.

VOP

  • Diarreia e vômitos leves não impedem a vacinação, mas recomenda-se adiá-la ou repetir a dose após quatro semanas.
  • É aconselhável interromper a amamentação por uma hora antes e depois da administração da vacina. Se o bebê vomitar, não é preciso repetir a dose.
  • Por fim, a VOP não deve ser administrada em bebês que se encontram hospitalizados. Também é contraindicada em crianças que convivem com imunodeprimidos.

Onde tomar a vacina da poliomielite?

A vacina injetável está disponível nas Unidades Básicas de Saúde para as três primeiras doses do esquema infantil de rotina. Já as demais doses para a prevenção da poliomielite (vacina VOP), estão disponíveis nos serviços privados de vacinação, nas Unidades Básicas de Saúde, para as doses de reforço, e nas campanhas de vacinação.

Referências:

Sociedade Brasileira de Imunização

Biblioteca Virtual em Saúde

Ministério da Saúde

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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