Prisão de ventre (constipação): causas, tratamento e dicas
- 1. O que é a prisão de ventre?
- 2. Principais causas da prisão de ventre
- 3. Principais sintomas da prisão de ventre e quando procurar um médico
- 4. O que pode acontecer se a prisão de ventre for crônica?
- 5. O que fazer se tenho prisão de ventre frequente?
- 6. Tratamento para prisão de ventre
- 7. Exercícios para prisão de ventre
- 8. Alimentação para combater a prisão de ventre
- 9. Alimentos que causam ou pioram a prisão de ventre
- 10. Linhas de cuidado Vitat - Alimentação com comida de verdade
Prisão de ventre, constipação intestinal ou intestino preso. Sofrer com uma certa resistência para ir ao banheiro é normal em alguns momentos da vida, e acontece por diversas razões.
No entanto, como no caso que viralizou do humorista Abdiás Mello, que ficou 6 dias sem evacuar, pode ser perigoso. Na época, Mello relatou a situação após ficar preso em Portugal devido ao cancelamento repetido de voos para o Brasil. Durante uma entrevista para a emissora local do país, o humorista explicou que “só consegue fazer cocô em casa”, justificando a prisão de ventre.
Tal dificuldade para evacuar fora de casa chama-se parcopresis, que basicamente envolve o medo ou a insegurança de fazer as necessidades em um ambiente que não seja familiar. É difícil saber quantas pessoas possuem esse problema mais específico, embora ele seja, sim, uma das causas da constipação intestinal. A seguir, veja por que a prisão de ventre pode ser grave se for recorrente — e como melhorar a saúde do seu intestino.
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O que é a prisão de ventre?
Muita gente acha que a prisão de ventre é apenas ficar muitos dias sem ir ao banheiro. Contudo, a questão é mais abrangente: o Manual MSD caracteriza a constipação como uma condição que envolve defecações difíceis ou menos frequentes, fezes endurecidas demais ou até a sensação de não ter esvaziado completamente o intestino após ir ao banheiro (evacuação incompleta).
O problema pode ser dividido entre agudo (quadro súbito e perceptível) ou crônico (pode iniciar de forma gradual e persistir por meses ou anos).
Quantos dias sem evacuar é considerado prisão de ventre?
Se você desconfia que tem intestino preso por não fazer cocô todos os dias, pode ficar tranquilo: nem todo mundo vai ao banheiro diariamente, sabia?
À primeira vista, é aceitável ficar de dois a três dias sem ir ao banheiro, mas como explicamos, a sensação de esvaziamento também conta. Então, se você não vai ao banheiro todos os dias, mas ao ir percebe que evacuou completamente e não sente nenhum desconforto depois, não há problema nisso. O mesmo vale para o tamanho, a cor e a consistência das fezes.
Além disso, é considerado normal defecar até três vezes por dia.
Principais causas da prisão de ventre
Estudos estimam que a prevalência da constipação intestinal no Brasil varia entre 14% e 38% da população brasileira. As causas da prisão de ventre são variadas, mas basicamente tudo o que comemos e fazemos (ou deixamos de fazer) influencia no funcionamento do intestino. Logo, o trânsito lento pode ser fruto de sedentarismo, pouca hidratação e de uma dieta deficiente em fibras. Estresse, ansiedade e falta de rotina (viagens muito frequentes, por exemplo) também contribuem para o “intestino preguiçoso”. Entenda melhor as razões e situações que podem estar relacionadas à prisão de ventre:
1 – Uso contínuo de medicamentos laxativos
Além dos riscos de causar desidratação e outros problemas intestinais, consumir laxantes com frequência suprime a função natural motora do intestino (movimentos peristálticos). Remédios antidepressivos, anti-inflamatórios (corticoesteroides) e opioides também têm potencial de atrapalhar a rotina de evacuação.
2 – Postergar a evacuação
Às vezes, não conseguimos ir ao banheiro no primeiro sinal do intestino, seja porque estamos em um compromisso, reunião ou outro motivo. Contudo, se essa prática for frequente, confundimos o cérebro sobre o envio desse estímulo, que passa a ser desregulado.
3 – Longos períodos sem se alimentar ou não se alimentar o suficiente
Ambos os hábitos podem alterar o trânsito intestinal. Se o jejum for intencional, com acompanhamento profissional, é preciso observar se o intestino sofreu mudanças em sua rotina: alterações na dieta, com redução de refeições, inclusão ou exclusão de alimentos, podem melhorar ou piorar a prisão de ventre. Entenda a ligação entre dietas e constipação!
4 – Doenças variadas
Hipotireoidismo, síndrome metabólica, doença de Parkinson, de Chagas, endometriose, diabetes, síndrome do intestino irritável, entre outras, podem mexer com o trânsito intestinal. Por isso, é necessário diagnosticá-las e tratá-las corretamente para restabelecer a rotina de evacuação.
5 – Gravidez
Normalmente, a gestação promove uma série de mudanças no corpo da futura mamãe, e o intestino não passa despercebido. Devido ao crescimento do bebê e à ação hormonal, é natural que o intestino fique comprimido e o trânsito fique mais lento por conta disso. Por outro lado, é importante que a prisão de ventre seja controlada para evitar hemorroidas e outros desconfortos. Saiba mais sobre o assunto.
6 – Sedentarismo
Os exercícios físicos estimulam o peristaltismo, isto é, o movimento feito pelo intestino para empurrar o bolo alimentar em direção ao reto. Além disso, eles ajudam a promover as mudanças hormonais que acabam facilitando o funcionamento do órgão – e do metabolismo como um todo.
7 – Dieta pobre em fibras
As fibras são as partes dos vegetais que o nosso corpo não consegue digerir. Sendo assim, elas passam praticamente intactas pelo nosso trato gastrointestinal, o que promove uma série de benefícios:
- Potencializam o funcionamento do intestino;
- Evitam picos de glicose (açúcar) no sangue;
- Diminuem a absorção de gorduras;
- Estimulam a sensação de saciedade;
- Contribuem com o sistema imunológico;
- Ajudam na prevenção do câncer de cólon.
8 – Pouca hidratação
Se mesmo comendo fibras de forma adequada, você ainda sofre com o intestino preso, o problema pode estar na ingestão insuficiente de líquidos.
Isso porque a água serve tanto como um lubrificante para a movimentação das fezes, como também faz parte da formação do bolo fecal. Logo, se você não anda se hidratando adequadamente, pode ter problemas para evacuar (bem como perceber as fezes mais endurecidas).
9 – Estresse
Você sabia que o intestino é considerado o segundo cérebro? Por lá, centenas de milhões de neurônios revestem o trato digestivo. Eles são responsáveis por produzir mais de 30 neurotransmissores diferentes – como a serotonina, famosa por ser o “hormônio da felicidade”.
Por conta dessa estreita ligação, dá para entender por que fatores como estresse e ansiedade excessivos influenciam a nossa digestão.
10 – Mudanças na rotina
Algumas mudanças na rotina também podem afetar o nosso relógio biológico, o que altera o funcionamento do intestino. Quando estamos viajando ou de férias, por exemplo, geralmente praticamos menos exercícios físicos e descuidamos da alimentação e da hidratação. É por isso que a constipação pode ser mais comum em algumas épocas do ano! Saiba mais aqui.
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Principais sintomas da prisão de ventre e quando procurar um médico
Se a vontade de ir ao banheiro for intensa e se as tentativas de evacuar sem sucesso ultrapassarem três dias, é desejável ir ao médico para avaliar o que está acontecendo. Pouca quantidade de fezes após muitos dias de constipação intestinal também indica algum tipo de obstrução no órgão, o que exige investigação profissional. Outros sinais que sugerem anormalidade no sistema digestivo:
- Excesso de gases;
- Distensão abdominal – ou seja, barriga inchada;
- Cólicas abdominais;
- Fezes muito duras, com aparência ressecada e escassas;
- Sangue ou alteração na cor das fezes;
- Sensação de estufamento mesmo após ir ao banheiro.
O que pode acontecer se a prisão de ventre for crônica?
Além dos desconfortos abdominais (gases, estufamento etc), ficar muito tempo sem ir ao banheiro pode causar enfermidades dolorosas, sendo algumas até graves. Por exemplo:
Hemorroidas
São dilatações dos vasos localizados na região do ânus, que podem ser internas ou mais aparentes, perceptíveis ao alcance do toque. Por se tratar de uma área mais sensível, é comum que o inchaço incomode e cause dores ao ir ao banheiro ou ao se sentar.
Geralmente, os motivos que incentivam o aparecimento dos edemas são diversos, mas os mais corriqueiros são forçar muito a evacuação, permanecer sentado no vaso sanitário por longos períodos e alimentação muito rica em condimentos e pimentas.
Diverticulite
É uma inflamação no intestino que provoca o aparecimento de pequenas bolsas (divertículos) com sangue e fluidos no tecido interno do órgão, o que atrapalha o trânsito das fezes.
Porém, a diverticulite pode ser grave se os sacos estiverem grandes ou muito inflamados, pois há o risco de desencadear um quadro hemorrágico caso essas bolsas se rompam. Embora seja mais comum em pessoas a partir dos 40 anos, a condição é favorecida pelo esforço ao evacuar, típico da prisão de ventre.
Torção do cólon (volvo)
Popularmente chamado “nó no intestino”, a torção do cólon é literalmente um nó que se forma em uma das alças do órgão, que dificulta a passagem das fezes e do sangue. A constipação crônica é uma das responsáveis, e se não for tratado, pode levar à necrose da região e causar outras complicações mais graves.
Câncer colorretal
Atualmente, esse é o segundo tipo de câncer mais comum nas mulheres e o terceiro mais frequente nos homens, e tem a prisão de ventre ou a diarreia como um de seus sinais. Perda de peso, febre, dores abdominais também integram o quadro clínico da doença.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a cada ano, são diagnosticados cerca de 44 mil novos casos de câncer de intestino no Brasil. É importante ressaltar que a prisão de ventre não é uma causa do problema, mas um sintoma que não deve ser negligenciado, sobretudo se for crônico.
O que fazer se tenho prisão de ventre frequente?
Antes de mais nada, procure ajuda médica e relate todos os sintomas, há quanto tempo está com dificuldade para evacuar, se as crises são recorrentes e como é o seu estilo de vida. Assim, o médico terá mais facilidade para avaliar o que está havendo e se a constipação intestinal é indício de alguma enfermidade.
A fim de descartar ou confirmar suspeitas, são solicitados exames de imagem, como ultrassom e ressonância magnética, e exames laboratoriais.
Tratamento para prisão de ventre
O tratamento é prescrito de acordo com a causa da constipação, pois é essencial identificar a presença de outras doenças que podem estar provocando o problema. No entanto, se a prisão de ventre for um incômodo isolado, o médico poderá sugerir mudanças de hábitos, a começar pela alimentação.
Ao mesmo tempo, o profissional pode recomendar alguns medicamentos laxativos para aliviar o desconforto. Contudo, tais remédios são utilizados temporariamente, apenas com a finalidade de estimular a musculatura intestinal para a evacuação — o uso prolongado é capaz de gerar o efeito contrário, enfraquecendo as funções naturais do órgão.
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Exercícios para prisão de ventre
Todas as modalidades são bem-vindas para quem sofre com prisão de ventre. Dessa forma, é importante escolher um tipo de atividade física que gere prazer, e não obrigação. Também é ideal procurar ajuda profissional para evitar lesões e avaliar possíveis restrições físicas.
Alimentação para combater a prisão de ventre
É fato que os alimentos têm um papel importante na saúde do intestino. Portanto, incluir alimentos ricos em fibras no cardápio facilita a formação do bolo fecal e impacta no bom funcionamento do órgão.
A regra de ingerir bastante líquidos aliada à boa alimentação é essencial, pois a água é responsável pela hidratação das fezes e a passagem delas pelo intestino até sua excreção. Veja alguns alimentos que não podem faltar em seu cardápio:
Alimentos que combatem a prisão de ventre: laxantes naturais
- Mamão: além de carregar fibras e água, a fruta também é rica na substância papaína, excelente para a digestão;
- Aveia: proporciona saciedade e atua no aumento da microbiota intestinal, uma vez que serve de alimento para as bactérias boas do órgão;
- Ameixa: muito conhecida por seu poder laxante, a ameixa pode ser consumida na versão fresca ou seca;
- Laranja: outra fruta rica em água e fibras (quando consumida com o bagaço, e não em forma de suco);
- Folhas: alface, couve, escarola, agrião e repolho são opções fibrosas que você pode adicionar ao cardápio;
- Probióticos: os micro-organismos benéficos que vivem no intestino também são encontrados em alimentos como iogurtes, kefir, leite fermentado e kombucha;
- Azeite: fonte de gordura saudável, funciona como um emulsificante das fezes;
- Chás: algumas plantas e ervas são conhecidas por suas propriedades laxativas. Veja quais.
Lembre-se de que é necessário equilibrar as refeições com o objetivo de combinar os alimentos e nutrientes. Afinal, a variedade é uma estratégia nutricional para atingir todas as necessidades diárias, inclusive as fibras, fundamentais para a saúde das fezes. Uma dica é acrescentar sucos com propriedades laxativas naturais e que ao mesmo tempo hidratam o organismo. Confira algumas receitas aqui!
Leia também: Lanches ricos em fibras que são amigos do intestino
Alimentos que causam ou pioram a prisão de ventre
Primeiramente, precisamos esclarecer que, se você mantém uma dieta equilibrada na maior parte do tempo – com vegetais, cereais e água –, comer os alimentos a seguir de forma moderada provavelmente não causará constipação. Afinal, o problema pode ser resultado de uma combinação de vários fatores, e o equilíbrio alimentar é fundamental para evitar a condição.
Por outro lado, uma alimentação nada saudável pode aumentar as chances de prisão de ventre, principalmente se ela for rica nos seguintes itens:
- Grãos e farinhas refinados: eles levam esse nome porque tiveram o farelo, o germe e o endosperma retirados durante o processo de fabricação, o que resulta em alimentos com menos fibras e nutrientes. Pães, arroz branco, tortas e bolos são alguns exemplos;
- Açúcar: o ingrediente prejudica o funcionamento do intestino;
- Carne vermelha em excesso: a carne vermelha é de difícil digestão e pobre em fibras. Isso faz com que o corpo tenha dificuldade de eliminá-la;
- Ultraprocessados: geralmente esbanjam carboidratos refinados, gorduras e açúcares, itens que prejudicam o trato gastrointestinal. Além disso, os aditivos químicos presentes nesse tipo de alimento não são nada legais para o órgão.
Linhas de cuidado Vitat – Alimentação com comida de verdade
Especialistas aconselham que o caminho para a prevenção de diversos problemas é reduzir ou parar de consumir alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras e açúcares e pobres em nutrientes. Então, se você está em busca de uma alimentação mais equilibrada e farta em opções de “comida de verdade”, veja aqui nosso programa da dieta páleo, de apenas duas semanas. Como resultado, tenha mais disposição, melhoria da prisão de ventre e mais consciência sobre escolhas saudáveis em seu prato!
Referências: Instituto Nacional de Câncer (INCA); Hospital Sírio-Libanês; Rede D’Or São Luiz; e Federação Brasileira de Gastroenterologia.