Mudar hábitos é difícil para você? Teste estas ferramentas
Emagrecer envolve muito mais do que “fechar a boca” e consumir menos calorias todos os dias. Primeiramente, é preciso apostar em uma verdadeira reeducação alimentar: isto é, transformar a sua relação com a comida. Isso porque somente após uma mudança de hábitos alimentares é possível passar pelo processo de forma segura e consistente — sem sofrimentos, culpa ou o famoso “efeito sanfona”.
Esse é o grande intuito, aliás, da chamada Nutrição Comportamental. “Na abordagem, o foco do atendimento não será apenas na prescrição sobre o que comer com relação aos nutrientes, sem levar em consideração os fatores que estão por trás desse comer — que, muitas vezes, fazem com que o paciente não consiga aderir ao tratamento. O terapeuta nutricional possui conhecimentos de psicologia, psiquiatria e de técnicas da terapia cognitivo-comportamental”, explica a nutricionista Flora Santos Edler, especialista no assunto.
Ao atuar de forma empática, colaborativa e flexível, o profissional cria um vínculo com a pessoa, e a ajuda a viver em paz com a comida, a lidar com as falhas do processo e a respeitar o seu tempo, o seu corpo e a sua mente. “Ele é um facilitador, e não apenas o prescritor que dita o que deve ou não ser feito.”
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Mas é claro que ele não atua sozinho. Existem diversas ferramentas de mudanças de hábitos que podem contribuir para a jornada do paciente. Entenda as principais a seguir:
Ferramentas de mudança de hábitos alimentares
Tratam-se de “exercícios” para avaliar a importância de mudar um hábito. “As ferramentas são fundamentais, pois elas irão tornar a consulta diferente”, explica a nutricionista.
1 – Balanço decisório
A primeira ferramenta é o balanço decisório. Com ela, o paciente pode analisar os prós e os contras de optar pela reeducação alimentar. Veja um exemplo:
No lado esquerdo, coloca-se todos os benefícios que uma transformação na alimentação pode proporcionar. Por exemplo:
- Emagrecer;
- Ter mais disposição no dia a dia;
- Melhorar os indicadores de saúde (como colesterol e pressão arterial);
- Diminuir os riscos de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer);
- Por fim, garantir mais autoestima.
Já o lado direito deve ser preenchido com os possíveis prejuízos que uma reeducação alimentar pode gerar:
- Ter que abrir mão de comer coisas gostosas (mas gordurosas e calóricas) todos os dias;
- Precisar diminuir o consumo de bebidas alcoólicas (o que pode ser difícil para algumas pessoas);
- Ter que reservar um tempinho na agenda para preparar as próprias refeições (em vez de pedir delivery).
Ao final, a pessoa faz um balanço e entende melhor porque a mudança de hábitos pode ser benéfica para ela. “Os objetivos do balanço decisório são: gerar uma percepção de que as vantagens superam as desvantagens e trabalhar a motivação do paciente para mudar efetivamente”, complementa a profissional.
2 – Roda da vida
Em um primeiro momento, o gráfico em formato de pizza e os números podem assustar. Mas a roda da vida também é uma ferramenta bastante prática.
Com ela, é possível fazer uma autoavaliação da própria vida, elencar prioridades e entender quais pilares merecem mais atenção. Afinal, com a correria do dia a dia, é normal deixarmos algumas coisas de lado, como a vida social ou a saúde mental. Confira um exemplo:
Para preencher a roda, é preciso classificar quanta atenção é dada para cada “fatia” do círculo e, então, dar uma nota que vai de 0 a 10 (sendo 0 nenhuma atenção, e 10 muita atenção). Assim, o paciente consegue olhar para todas as facetas de sua vida (incluindo aquelas que não envolvem a saúde ou a nutrição) de forma mais racional.
3 – Ferramentas de mudança de hábitos: diário alimentar
O diário alimentar nasceu com a ideia de anotar tudo o que se consome — para, desse modo, calcular quantas calorias e quais nutrientes foram ingeridos. Contudo, Flora ensina um método que, segundo ela, é mais fácil de ser aplicado: assim que a fome dá as caras, o paciente escreve no caderno o que está sentindo, por que está se sentindo assim e o que ele pode fazer para diminuir o sentimento sem recorrer à comida.
“É uma forma de monitorar o comer emocional, identificar os sentimentos envolvidos nesse momento e tentar buscar outra forma de lidar com eles”, ela diz. Como resultado, também dá para identificar padrões no comportamento e evitar possíveis episódios de compulsão alimentar.
Fonte: Flora Santos Edler, nutricionista (CRN 10 5332) capacitada em Nutrição Comportamental pelo Instituto de Nutrição Compostamental.