Exercícios para o cérebro: dicas de como estimular o órgão no dia a dia
Sabe quando você está super envolvido em uma atividade, e do nada, parece que se perdeu ou até esqueceu por que estava ali? Pois é. Esse episódio pode ser comum de vez em quando, mas se acontece com frequência, é um sinal de que um dos principais órgãos do corpo está sobrecarregado e precisando de um estímulo diferente. A boa notícia é que exercícios diários e simples para o cérebro já fazem uma diferença e tanto para a qualidade de vida a curto, médio e longo prazo.
Por isso, neste primeiro episódio da terceira temporada do podcast De bem com você, da Vitat, Cris Dias conversa com o neuropsicólogo Prof. Dr. José Roberto Wajman para entender como cuidar do cérebro!
Conheça o convidado
Prof. Dr. José Roberto Wajman (CRP 72.951-06) é neuropsicólogo com título de especialista em Neuropsicologia pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), pós-doutor junto à Universidade de São Paulo (USP), pesquisador associado (Research Fellow – Summer Internship) junto ao Translational Neuroimaging Laboratory – TNL (McGill University) e professor associado da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
O que é o cérebro e qual a sua importância?
Para entendermos melhor a função do cérebro para o organismo como um todo, vale pensarmos no órgão como o maestro de uma orquestra — é ele quem conduz e rege outros instrumentos. Dentro dele, há diferentes módulos que harmonizam o funcionamento de todos os sistemas do próprio cérebro e de outros processos orgânicos.
Para você ter uma ideia, até hoje, as ciências ainda tentam desvendar algumas relações entre ele e questões como sentimentos e até o que chamamos de inteligência. “Quando você pensa nas áreas destinadas ao estudo do cérebro, você logo lembra da psicologia e da psiquiatria. Mas também existem outras relacionadas, como a própria nutrologia e a educação física — o que abre um campo imenso de discussão sobre o estilo de vida em prol do bom funcionamento do órgão”, complementa o neuropsicólogo.
Isso acontece porque antes, falava-se muito das sinapses entre os neurônios — processo de “comunicação” entre um neurônio e outro que gera uma informação. Mas o especialista afirma que hoje, já se sabe que sinapses acontecem também de um neurônio para um osso, um músculo e até uma víscera. Isso sem falar na intensa ligação entre o cérebro e o intestino (conhecido como eixo intestino-cérebro). É por isso que hábitos como alimentação, exercícios físicos, sono e nível de estresse afetam diretamente a nossa mente.
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Exercícios para o cérebro: como o órgão se desenvolve?
“Antigamente, a gente chamava essa característica de plasticidade, isto é, a nossa capacidade não só de se desenvolver, como também de se adaptar ao ambiente. Quando a gente fala nessa plasticidade aplicada ao cérebro, trata-se da neuroplasticidade, que acontece já em etapas embrionárias”, explica o profissional.
Durante a gestação, por exemplo, o ácido fólico ingerido pela mãe ajuda na boa formação do tubo neural e do sistema nervoso do feto, o que vai gerar uma criança mais saudável. Ou seja, desde muito cedo até muito tarde, a neuroplasticidade está presente: conseguimos estimular o cérebro até em idades mais avançadas.
Contudo, e assim como todas as outras estruturas do corpo humano, o cérebro também está suscetível à oxidação (envelhecimento), que começa mais cedo do que imaginamos: a partir dos 30 anos. “Mas é possível você fazer desse envelhecimento, um envelhecimento saudável. O que significa manter as doenças degenerativas longe e lidar de maneira mais natural com aquelas que fazem parte do desenvolvimento”, diz José Roberto Wajman.
Exercícios para o cérebro: quando começar a cuidar do órgão?
O especialista indica a regra do “se”: se os lapsos de memória ou outros problemas relacionados começarem a ficar muito intensos e frequentes, é hora de procurar um médico.
Mesmo assim, você não precisa chegar a esse ponto para começar a cuidar do seu cérebro! De acordo com o neuropsicólogo, alguns hábitos podem ajudar a retardar bastante o aparecimento de doenças crônico-degenerativas, como o Alzheimer. “Alimentação mais equilibrada, qualidade do sono, práticas físicas, manejo do estresse e atividades sociais e ocupacionais”, exemplifica.
Além disso, a facilitação de algumas tarefas do dia a dia (como pedir comida e até interagir com outras pessoas) pode nos dar a entender que o cérebro ficará mais “preguiçoso”. Mas o especialista ressalta a importância de buscarmos um equilíbrio. “É essencial saber aproveitar o que a tecnologia traz de bom”, afirma.
Portanto, por que não passar menos tempo nas redes sociais, e priorizar o aprendizado de algo novo na internet — uma língua, um instrumento musical…? Essas práticas também funcionam como verdadeiros exercícios para o cérebro. “É aquela velha história da esponja: o cérebro é como o objeto. Ele sempre vai absorver alguma coisa, nem que seja umidade caso você o deixe parado.”
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Sobre o De Bem Com Você
No podcast da Vitat, Cris Dias conduz conversas descomplicadas com especialistas e convidados para você descobrir como ficar de bem com você. A cada semana, um episódio novo será lançado. Confira os outros temas aqui!
E tem para todos os gostos: os bate-papos também ficarão disponíveis nas plataformas de áudio Spotify, Deezer, Google e Apple.