Quais os efeitos do jejum intermitente no corpo?
Concentrar a ingestão de calorias em um curto período (de algumas horas) no dia. Essa é a essência do jejum intermitente, estratégia alimentar que visa promover o emagrecimento — e outas vantagens. Mas além de seus efeitos benéficos para o corpo, você sabia que o jejum intermitente pode trazer algumas consequências menos agradáveis, principalmente se feito sem a supervisão de um especialista? Saiba mais:
Como funciona e quais os efeitos benéficos do jejum intermitente?
De acordo com a médica endocrinologista Jacqueline Montalvão, do Grupo HealthSculp, os períodos de jejum (ou seja, nos quais a pessoa fica sem comer) podem variar de 10 a 24 horas, dependendo do protocolo seguido.
“Podem ser úteis para o equilíbrio de parâmetros metabólicos e em estratégias para controle de peso corporal, sobretudo em pacientes com objetivo de emagrecimento”, afirma.
Isso acontece porque, segundo ela, quando passamos muito tempo sem alimentação, a insulina, o hormônio que leva o açúcar do sangue para dentro das células, tende a diminuir. Ademais, há um aumento do glucagon, outra substância responsável por quebrar a gordura para transformá-la em glicose.
“Isso, em teoria, além de poder favorecer a perda de peso, leva a outros efeitos metabólicos. Como redução do apetite, controle da glicemia e melhora da resistência insulínica. Alguns outros efeitos que ainda carecem de mais estudos para comprovação seriam melhora da cognição e prevenção de algumas doenças crônicas”, complementa.
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E quais os efeitos menos agradáveis do jejum intermitente?
Especialmente se não for feito com a indicação e o acompanhamento de um profissional capacitado, o jejum intermitente pode trazer alguns prejuízos nada agradáveis para o organismo — e até atrapalhar o emagrecimento. A endocrinologista cita, então:
Dor de cabeça e queda da energia
“Quando estamos em jejum, nosso corpo entra em estado de cetose. Ou seja, começa a produzir energia a partir de outros substratos que não o carboidrato, como a gordura e a proteína”, explica Jacqueline.
Esse processo gera a liberação de corpos cetônicos. O que pode causar sintomas como dor de cabeça, queda de energia, dificuldade de concentração e mau humor.
Perda de massa muscular
“Também pela cetose, o jejum pode favorecer a redução da massa muscular. O que é justamente o contrário do que buscamos em um emagrecimento saudável, em que se almeja a diminuição de gordura corporal e o aumento de músculos para manutenção do metabolismo — já que o músculo é o tecido que gasta mais energia.”
Isso acontece principalmente se a alimentação durante a janela alimentar (isto é, momento em que se pode comer) for rica em carboidratos refinados (como pães, massas, bolos, biscoitos e açúcar) e pobre em proteínas.
Redução de nutrientes importantes para o corpo
Como são poucas as horas nas quais é permitido ingerir alimentos, é preciso pensar muito bem no cardápio para que haja a oferta adequada de nutrientes para o organismo. Caso contrário, a médica afirma que pode haver uma redução de substâncias importantes, desencadeando, assim, efeitos como a deficiência nutricional e a desidratação.
“Pacientes que usam determinados medicamentos para diabetes, por exemplo, podem sofrer hipoglicemia.”
Gatilho para compulsão alimentar
A estratégia geralmente também não é indicada para pessoas com histórico de transtornos alimentares. Isso porque o jejum serve de gatilho para a compulsão alimentar, já que o indivíduo pode querer compensar os períodos de jejum com exageros na dieta.
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Importância do acompanhamento para evitar os efeitos desagradáveis do jejum intermitente
Por todos os motivos citados acima, nunca comece o jejum intermitente sem contar com a ajuda de um profissional. “É importante frisar que a adoção ou não da estratégia requer indicação médica, uma vez que o jejum não é indicado para todos e, dependendo de condições de saúde e até mesmo de questões comportamentais, tal estratégia pode levar a efeitos colaterais e não desejáveis.”
Além disso, há a contraindicação do método para gestantes, pessoas em fase de crescimento, idosos e pacientes com algumas doenças crônicas e que fazem uso de alguns medicamentos. Em todo caso, sempre consulte o seu médico.
Fonte: Jacqueline Montalvão, médica endocrinologista do Grupo HealthSculp.