Dançar durante o trabalho de parto facilita o nascimento do bebê?

Gravidez e maternidade Saúde
28 de Abril, 2023
Dançar durante o trabalho de parto facilita o nascimento do bebê?

Ao estar à espera de um bebê e ser uma usuária assídua do TikTok, você provavelmente já se deparou com vídeos surpreendentes de gestantes dançando enquanto aguardavam a chegada do filho. Só que mais do que chamar atenção, este tipo de produção também traz o questionamento: dançar durante o trabalho de parto realmente traz benefícios para o nascimento do pequeno?

Segundo Shirley Silva, enfermeira obstétrica, a resposta é positiva. A especialista explica que o ato de dançar ameniza a ansiedade. Isso porque os movimentos ritmados levam o coração e os músculos a gastar adrenalina e cortisol. Como resultado, o cérebro libera hormônios como endorfina, serotonina e dopamina. “Estas substâncias levam à sensação de prazer e relaxamento”, completa Shirley. Além disso, a dança ajuda a trabalhar o assoalho pélvico, grupo muscular pouco conhecido pelas mulheres, é uma estrutura fundamental na gestação

Carolina Curci, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, também lembra que a dança melhora a propriocepção do quadril, ou seja, faz com que ele fique mais “solto”, facilitando a descida e o encaixe do bebê para o seu nascimento. Além disso, ela atua nas articulações da gestante.

Leia mais: Conheça três técnicas de respiração para a hora do parto

Existe uma dança específica para este momento?

Já a escolha pelos movimentos que serão colocados em prática, de acordo com a doula Samara Barth, dialoga diretamente com a autonomia da grávida durante seu trabalho de parto. Portanto, a gestante deve ter liberdade para escolher os passos que trazem conforto e segurança a ela.

“O que recomendo é que, antes do parto, a grávida experimente movimentos diferentes, atenta onde sente o bebê, e com eles sempre alinhados à respiração correta”, completa Samara. Segundo a educadora e terapeuta somática, Angélica Costa, as danças que trazem um menor impacto físico para o assoalho pélvico são as mais indicadas.

Dessa forma, até mesmo as coreografias que estão bombando no TikTok podem ser usadas a favor das gestantes, como mostra os seguintes vídeos da Shirley:

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@shirleyrdoula #reels #retençao #viralizar #nurse #resposta #partohumanizadogoiania #desenrolaejogadeladinho #partonormal ♬ SYON TRIO Desenrola Devagarinho – SYON TRIO

Leia mais: Fases do trabalho de parto: entenda cada etapa do parto normal

Dançar durante o trabalho de parto: quando é hora de parar?

Embora a decisão de parar de dançar caiba a cada gestante, a enfermeira obstetra explica que os passos ritmados costumam ser suspensos com a chegada dos oito centímetros de dilatação. “Isso ocorre devido ao aumento da frequência e intensidade das contrações”, completa Shirley.

Neste momento, outras medidas não farmacológicas podem ser usadas para aliviar a dor e trazer relaxamento à mãe, visto que o parto está cada vez mais próximo. As especialistas citam acupuntura, aromaterapia, massagem, musicoterapia bem como caminhadas, agachamentos e o manuseio da bola suíça. “Por exemplo, a gestante senta-se sobre ela e faz movimentos circulares”, detalha a enfermeira obstetra.

Leia mais: Afinal, como diferenciar as contrações de braxton hicks das verdadeiras?

Não se recomenda a dança durante o trabalho de parto caso…

dança

Como lembra Carolina, não são todas as pacientes que vão se sentir confortáveis para dançar. Inclusive, o nascimento do bebê não deixará de acontecer caso a gestante opte por não se movimentar dessa forma. Como explicamos anteriormente, há outras medidas que auxiliam no trabalho de parto.

Além do querer, a obstetra também lembra que partos de emergência ou que a mãe já chegou à maternidade com a dilatação próxima dos dez centímetros podem fazer com que a dança não seja recomendada.

De acordo com Shirley, outras situações que podem vir a impedir que a dança aconteça são:

  • Sangramento (deve-se saber a causa);
  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Bolsa Rota;
  • Caso o bebê esteja muito alto ou pélvico, podendo ocorrer prolapso do cordão umbilical;
  • Placenta prévia;
  • Gestantes com alguma cardiopatia;
  • Pré-eclâmpsia grave.

Outras formas de acelerar o trabalho de parto

Por fim, para contribuir com o trabalho de parto, a nutricionista Bel Fagundes recomenda que gestantes caprichem na ingestão de alimentos quentes, como canela e gengibre. Essa estratégia para acelerar o parto pode começar a partir da 36º semana gestacional, em que o bebê já está totalmente formado. 

Segundo a nutricionista Michelle Ferreira, além das tâmaras, o abacaxi também é uma das frutas mais capazes de induzir o parto. Ele contém bromelaína, que “amadurece” o colo do útero e é um dos segredos do processo. Além disso, confira à seguir outras dicas para acelerar o parto de forma segura:

  • Fazer caminhadas longas;
  • Consumir óleo de rícino e tâmaras;
  • Ter relações sexuais;
  • Praticar exercícios;
  • Estimular os mamilos;
  • Tomar banho morno;
  • Fazer acupuntura.

Fontes:

Dra. Carolina Curci, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana;

Shirley Rose Silva, enfermeira obstétrica

Samara Barth, doula.

Angélica Costa, psicóloga perinatal, psicoterapeuta, bailarina, educadora e terapeuta Somática.

Bel Fagundes, nutricionista clínica funcional e integrativa da Clínica Mantelli.

Michelle Ferreira, nutricionista no Instituto Nutrindo Ideais, especialista em nutrição na saúde da mulher e fertilidade.

 

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