Citólise: entenda o que é e quando exige tratamento

Saúde
08 de Fevereiro, 2022
Citólise: entenda o que é e quando exige tratamento

Na medicina, o termo citólise significa morte celular. No corpo feminino, esse fenômeno acontece a todo momento em situações fisiológicas, ou seja, completamente naturais do organismo. Mas, quando muito intenso e persistente, pode ser causado por alguma doença, especialmente no espectro da ginecologia.

De acordo com Jan Pawel Andrade Pachnicki, mastologista, “essa ‘lise’ (rompimento das células e sua morte) acontece, principalmente, nas células epiteliais da camada intermediária do tecido que reveste o colo uterino e a vagina internamente. São células ricas em glicogênio e essa substância propicia a proliferação de lactobacilos vaginais, responsáveis pela quebra celular”.

Segundo o médico, a citólise ocorre quando essa camada cresce devido ao estímulo hormonal. Isso é comum, por exemplo, na etapa final do ciclo menstrual, período em que o epitélio começa a descamar. Nesse caso, a citólise é fisiológica. Ela aparece também no resultado do exame citopatológico do colo uterino realizado durante a gestação, por exemplo. “Alguns anticoncepcionais hormonais, com progesterona e no androginismo, podem aumentar a citólise”, afirma Jan.

Quando se preocupar com a citólise 

De maneira geral, não é preciso se preocupar com a presença do termo citólise nos laudos de exames citopatológicos. Conhecido como papanicolau e esfregaço cervicovaginal, esse tipo de teste detecta alterações celulares no colo do útero e avalia a possibilidade de lesões indicativas de câncer.

No entanto, se a paciente demonstrar sintomas clínicos é importante uma investigação mais criteriosa. “Devemos sempre observar nosso corpo. Em casos de corrimento em excesso, normalmente de cor amarelada ou acinzentada, ardência e incômodo durante a relação sexual, dor ao urinar e coceira na região genital, deve-se procurar urgentemente um ginecologista”, aponta Carla Iaconelli, ginecologista especialista em Reprodução Humana.

Dessa forma, são essas suspeitas que demandam maior cuidado quando há presença de citólise em amostras do exame de papanicolau. “A vaginose citolítica, principal doença relacionada ao achado, pode ser confundida com vulvovaginites micóticas devido à similaridade dos sintomas”, diz o mastologista Jan.

Entretanto, Bruno Leal Guimarães, ginecologista e obstetra da Meu Doutor Novamed, assegura que a vaginose citolítica é uma patologia rara, de existência ainda debatida. “Cursa com redução crônica de pH vaginal (hiperacidez vaginal), com consequente hiperproliferação de lactobacilos vaginais.” Tais bactérias são naturais da flora vaginal, porém, anormalmente aumentadas. “Essa proliferação de lactobacilos leva a uma destruição – citólise – das células epiteliais vaginais habituais e um aumento do fluxo vaginal.” 

Relação entre citólise, candidíase e vaginose citolítica

Outro problema facilmente confundido com a vaginose citolítica é a candidíase. A infecção é provocada por fungos e afeta cerca de 75% das mulheres em diferentes fases da vida. “Dependendo do grau de lise celular, e quando ocorre de forma exagerada (citólise acentuada), ela pode causar sintomas como prurido e ardor. Por isso, o correto diagnóstico e diferenciação entre as duas situações é fundamental”, alerta Jan.

O diagnóstico da vaginose citolítica é considerado a partir da exclusão. Isso significa que, diante de um quadro clínico suspeito, o médico precisa excluir outras causas de vaginites, especialmente candidíase, vaginose bacteriana e aquelas associadas a Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). 

Jan informa que, apesar de ser uma situação relativamente comum, é menos frequente que os corrimentos causados por micro-organismos. “Testes para clamídia, gonorreia, tricomonomas e demais ISTs que cursam com secreção vaginal aumentada podem ser realizados apenas para que se exclua a possibilidade de sintomas relacionados a uma infecção.” 

Diagnóstico e tratamento

Além das pesquisas infecciosas, outros exames podem ajudar a determinar o diagnóstico da citólise. São eles: coleta de esfregaço das células vaginais e avaliação do pH vaginal (que tende a estar acima de 4,5). 

Já o tratamento da condição pode ser feito com cremes vaginais, que, na maioria das vezes, promovem o fim dos sintomas. O tempo recomendado de aplicação tende a ser prolongado, atingindo, em média, de quatro a seis semanas. 

“É esperada a melhora completa das pacientes durante o tratamento, porém, no primeiro ano depois de sua finalização, um terço das mulheres pode vir a apresentar recorrência na vaginose citolítica”, detalha Jan, dizendo ainda que, nesses casos, o tratamento é repetido, geralmente com medicação diferente da usada anteriormente, e com altas chances de excelentes resultados. 

Fontes: Jan Pawel Andrade Pachnicki, mastologista e professor dos cursos de Medicina da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), UFPR, PUCPR e UP, vice-presidente da Região Sul da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e secretário da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) Regional Paraná; Carla Iaconelli, ginecologista especialista em Reprodução Humana; Bruno Leal Guimarães, ginecologista e obstetra da Meu Doutor Novamed.

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e educadores físicos.

Leia também:

mulher com pedra na vesícula preparando ovo para comer
Alimentação Bem-estar Saúde

Quem tem pedra na vesícula pode comer ovo?

A coleitíase ocorre quando há o acúmulo de depósitos sólidos na vesícula biliar.

mãos de mulher separando pílulas ao lado de um prato de salada
Bem-estar Saúde

Suplementar estas vitaminas na menopausa ajuda a aliviar sintomas e prevenir complicações

A partir do climatério, o organismo demanda um aporte de nutrientes ampliado. Confira quais são as melhores vitaminas para a menopausa

equipamentos para dieta enteral
Alimentação Bem-estar Saúde

Guia da dieta enteral (alimentação por sonda): tipos, como fazer e cuidados

Entenda a forma de alimentação para pacientes que não conseguem (ou não podem) comer pela boca