Bioimpedância: o que é, como é feita, resultados e preparo

Bem-estar Saúde
05 de Janeiro, 2024
Leticia Ramirez Naper de Souza
Revisado por
Nutricionista • CRN-3 63183
Bioimpedância: o que é, como é feita, resultados e preparo

Se o seu objetivo é alcançar o emagrecimento, definir a musculatura, ganhar massa magra ou você simplesmente está buscando hábitos mais saudáveis, a compreensão de sua composição corporal é um excelente ponto de partida. Nesse contexto, a bioimpedância surge como uma ferramenta valiosa para analisar detalhadamente a quantidade de água, músculos e gordura no corpo.

Nos consultórios de médicos, nutricionistas e profissionais de educação física, é cada vez mais comum encontrarmos a balança de bioimpedância. O aparelho não é novo, mas se popularizou de uns tempos para cá por auxiliar os profissionais na hora de montar e prescrever cardápios individualizados e treinos de acordo com cada objetivo. 

Por meio do teste, é possível definir, por exemplo, se os seus níveis de gordura e massa muscular estão adequados para a sua idade e sexo. Também dá para verificar a hidratação do organismo, entre outras características. 

O procedimento é completamente indolor e muito rápido. Ele utiliza uma corrente elétrica fraca e que atravessa todo o corpo. No entanto, para não atrapalhar os resultados, é preciso seguir algumas recomendações antes de realização do teste. Saiba tudo sobre a bioimpedância a seguir:

O que é a bioimpedância?

A bioimpedância é um teste preciso e eficaz que visa analisar a composição corporal, uma vez que fornece informações cruciais sobre as quantidades de água, músculos e gordura presentes no organismo. 

Assim, os elementos detectados no teste oferecem insights valiosos para orientar planos alimentares, exercícios e até mesmo identificar questões de saúde. Por exemplo, a medição da quantidade de água pode indicar a necessidade de uma hidratação mais eficaz.

A bioimpedância é amplamente utilizada em academias e como um complemento essencial em consultas de nutrição. Desse modo, sua aplicação visa avaliar os resultados de planos de treino e dietas, proporcionando uma visão mais holística do progresso. Recomenda-se realizar o teste a cada três ou seis meses para possibilitar comparações e ajustes nos objetivos estabelecidos.

Leia também: Gordura subcutânea: veja os riscos à saúde e como eliminá-la

Como funciona

Existe mais de um tipo de balança de bioimpedância. Alguns, por exemplo, exigem que a pessoa fique deitada e que sejam colocados quatro eletrodos nas mãos e nos pés. Contudo, no tipo mais comum, o paciente deve ficar em pé e descalço em cima do objeto, com as solas estrategicamente apoiadas em duas placas de metal. 

Além de pisar nesses sensores da balança, o indivíduo segura duas hastes que auxiliam na captura de informações por meio de correntes elétricas indolores que passam pelo corpo todo. 

Funciona mais ou menos assim: a gordura e os ossos são estruturas que possuem pouca água, o que dificulta a passagem da corrente elétrica. Por outro lado, os músculos são tecidos mais hidratados, permitindo que a corrente passe por eles facilmente. É com o cálculo da resistência e da velocidade da corrente elétrica que o aparelho consegue identificar qual região é composta pelo quê. 

Tipos de balança de bioimpedância

Como já explicamos, existem três tipos principais de balança de bioimpedância. Veja um pouco mais sobre as diferenças entre eles: 

  • Total: avalia o corpo todo e geralmente é feita com o paciente deitado de barriga para cima; 
  • Regional: analisa, de forma separada, a região superior ou inferior do corpo;
  • Segmentada: avalia membros superiores, inferiores e tronco individualmente, e é considerado o tipo mais preciso de teste de bioimpedância.

Leia também: Afinal, como tirar medidas do corpo para registrar o seu progresso?

Precisa de preparo para a bioimpedância?

Nem todo mundo sabe, mas para que o teste seja eficaz, é preciso um certo preparo. Isso porque se a pessoa estiver desidratada, por exemplo, o volume de massa gorda pode dar alterado — indicando maior do que o normal. Já ingerir água em excesso antes do procedimento pode alterar as taxas de massa magra. Assim, para evitar essas discrepâncias no resultado, confira o que fazer: 

  • Evite comer, beber café ou fazer exercícios físicos pelo menos quatro horas antes do teste; 
  • Esteja de bexiga vazia;
  • Não ingira bebidas alcoólicas 24h antes; 
  • Não passe creme nos pés ou nas mãos antes do exame; 
  • Retire objetos metálicos;
  • Use roupas leves. 

Quais os resultados mostrados no teste de bioimpedância? 

Além do peso corporal, a bioimpedância geralmente calcula:

Massa gorda 

Dependendo do aparelho, ele pode mostrar a quantidade de massa gorda em % ou em kg. Esse número diz respeito ao total de gordura acumulada no corpo, e estar com um valor acima do considerado normal pode aumentar o risco de diversas condições de saúde, como diabetes e problemas cardiovasculares. 

Vale lembrar que a massa gorda ideal varia de acordo com características como sexo, altura e idade. Mas, no geral, a quantidade de gordura corpórea para mulheres adultas fica entre 20% e 24%, e para homens adultos fica entre 16% e 20% do peso total.

Massa magra

Já a massa magra, em contraponto à massa gorda, é tudo o que é livre de gordura. Isso inclui água, ossos, órgãos e músculos, por exemplo — lembrando que algumas balanças mais modernas já conseguem diferenciar cada estrutura. 

Também existem números considerados ideais de massa magra, e eles dependem dos mesmos fatores. Normalmente, atletas e praticantes de exercícios físicos têm índices maiores, enquanto pessoas sedentárias, menores. 

Massa muscular

A massa muscular, em % ou em kg, corresponde à proporção ou ao peso que o conjunto de cerca de 600 músculos exerce no corpo. Estudos mostram que quanto mais massa muscular um indivíduo tem, menor é o seu risco de desenvolver doenças como sobrepeso, diabetes e infarto. Além disso, ele tem mais chances de ter uma velhice com autonomia e movimento. 

Nível de hidratação

Os níveis de hidratação geralmente são dados em %, e os números ideais ficam entre 40 e 65%. Estar com uma quantidade adequada de água no corpo é essencial para garantir a saúde geral. 

Densidade óssea 

Trata-se da quantidade de minerais (cálcio e fósforo) presente em um volume de tecido ósseo. Esse valor identifica a saúde dos ossos, sendo uma boa medida para predizer e avaliar questões como osteopenia e osteoporose.

Gordura visceral 

A gordura visceral é aquela armazenada entre os nossos órgãos vitais. Ela é considerada perigosa, uma vez que taxas altas dela estão associadas a diversos problemas de saúde, como pressão alta e insuficiência cardíaca. 

Taxa metabólica basal ou idade metabólica 

Por fim, algumas balanças de bioimpedância também indicam a taxa metabólica basal: quantidade de energia (em calorias) que o corpo gasta só para se manter vivo com funções vitais como respirar, digerir alimentos, manter os batimentos cardíacos e equilibrar a temperatura corporal. Para isso, o aparelho pode pedir algumas informações adicionais sobre o paciente, como idade, sexo e atividade física. 

Além disso, os testes mais modernos fornecem a chamada idade metabólica. Ela nada mais é do que uma estimativa da idade correspondente à sua taxa metabólica. 

Leia também: Emagrecimento saudável: 30 dicas para perder peso com saúde

Diferença entre bioimpedância e IMC

Entre as maneiras de medir a composição corporal e entender se você está dentro do “peso saudável”, existe o Índice de Massa Corporal, também chamado de IMC.

O cálculo é feito com o peso (em quilos) dividido pela altura (em metros) ao quadrado (IMC = peso / altura²). Desse modo, um IMC com resultado a partir de 25 já é considerado sobrepeso e, acima de 30, já é considerado obesidade.

Contudo, ao contrário da bioimpedância, o IMC não leva em consideração a composição do corpo. Ou seja, o quanto de gordura ou músculo a pessoa tem.

Leia também: Como calcular o IMC

Contraindicações

É importante ressaltar, contudo, que a bioimpedância não é recomendada para todos. Dessa forma, esse exame é contraindicado para pacientes com marca-passo, pois o sinal emitido pelo aparelho de bioimpedância pode interferir no funcionamento do mesmo. Além disso, o teste não deve ser realizado em gestantes.

Referência: SILVA, M, Gabriella Elisa et al. Bioimpedância elétrica na avaliação da composição corporal: uma revisão dos princípios biofísicos, diferentes tipos, aspectos metodológicos, validade e aplicabilidade de suas medidas. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.

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