Anemia aplástica: o que é, sintomas, causas e tratamento
Você sabe o que é a anemia aplástica,? Conhecida também como aplasia medular, ela causa uma alteração na medula. O médico onco hematologista Celso Arrais explica quais são as causas, os sintomas e os tratamentos da condição.
O que é anemia aplástica?
Segundo o especialista, a anemia aplástica acontece quando existe uma diminuição no tamanho e quantidade dos componentes do sangue — hemácias, plaquetas e leucócitos. Isso desencadeia uma alteração na medula óssea.
A medula óssea é o tecido encontrado no interior dos ossos, também conhecido popularmente por tutano. Sua função é produzir células-tronco, ou seja, células jovens para conseguir se diferenciar em diversas linhagens celulares.
Causas
Existem duas formas de se originar a anemia aplástica: adquirida ou congênita. “A congênita, a pessoa já nasce com a doença, sendo geralmente diagnosticada pelos médicos já nos primeiros meses de vida”, comenta. Além disso, o médico ressalta que as causas nos casos congênitos estão associadas às questões fisiológicas, próprias do organismo da criança.
“Já em casos adquiridos pode estar ligado ao uso de alguns tipos de medicamentos, neoplasias no sangue, exposição a radiação ou outras substâncias químicas”, esclarece.
Quais são os sintomas da anemia aplástica?
De acordo com o médico, os principais sintomas da anemia aplástica são:
- Perda de apetite;
- Cansaço;
- Palidez;
- Surgimento de manchas pelo corpo;
- Enfraquecimento de unhas;
- Queda de cabelo.
Outros sintomas podem estar relacionados com a anemia aplástica, por exemplo, infecções frequentes, hematomas sem causa aparente, hemorragias excessivas em pequenos cortes, falta de ar, taquicardia, hemorragia na gengiva, tontura, dor de cabeça e erupção na pele. Além disso, vale destacar que tais efeitos da anemia aplásica costumam se desenvolver lentamente ao longo de semanas ou meses.
Diagnóstico
O especialista explica que não é tão fácil identificar a presença da anemia aplástica, uma vez que os sinais e sintomas da condição podem ser confundidos com outros quadros clínicos. Entretanto, o processo de detecção da anemia aplástica começa pelo mesmo caminho que a detecção de qualquer outro problema relacionado às doenças do sangue: por meio do hemograma.
“É nele que o médico poderá observar se há algum tipo de alteração que mereça ser investigada com mais afinco. No caso da anemia aplástica, com o hemograma tradicional é solicitado também o mielograma que avalia a produção das células pela medula”, informa.
Além do hemograma, ainda é possível diagnosticar por meio de biópsia da medula óssea, raio-x dos ossos, dosagem da vitamina B12, teste da ferritina, sorologia para infecções virais, exames bioquímicos, estudo citogenético e coombs direto e indireto.
Quais os tratamentos da anemia aplástica?
Existem algumas maneiras de tratar a anemia aplástica e elas variam de acordo com o perfil do paciente. “Essas formas são prescritas conforme o quadro médico e até mesmo a idade que o paciente apresenta. Geralmente, são utilizados medicamentos que ajudam a estimular a medula óssea, que normaliza a produção dos componentes necessários”, explica.
Além disso, é possível trilhar também um tratamento a base de transfusão de sangue ou até mesmo o transplante de medula óssea. No entanto, de qualquer forma, deve ser feita uma análise individualizada dos casos.
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Tipos de transplantes para portador de anemia aplástica
Os tipos de transplantes de medula óssea indicados para o portador de Anemia Aplástica Severa e muito Severa são:
- Transplante Alogênico: utiliza-se a medula óssea de um doador compatível;
- Transplante Singênico: utiliza-se a medula óssea de um irmão gêmeo idêntico;
- Transplante de Cordão: quando há o uso de células do sangue de cordão umbilical. Acontece nos casos em que não existe um doador compatível. Assim, recorre-se ao banco de medula óssea, com chances muito reduzidas de ser encontrado um doador. Nesses casos, muitos pacientes passam anos cadastrados sem encontrar doador compatível.
Como viver com anemia aplástica?
O médico comenta que, normalmente, a anemia aplástica não chega a afetar a vida do paciente de forma drástica. “Nesses casos, o tratamento é simples e possibilita que o paciente viva normalmente”, diz.
No entanto, se existe a presença de outras doenças, como a leucemia, os cuidados são maiores, necessitando de Transplante de Medula Óssea (TMO) e outros tipos de tratamentos mais agressivos.
“Nesses casos mais graves, o paciente costuma passar por um período de internação para os procedimentos necessários, de recuperação pós-TMO. Mas ainda assim, após a cura, ele segue com a vida tranquilamente”, tranquiliza.
Cuidados para quem vive com a anemia aplástica
Existem, ainda, alguns cuidados que devem ser levados em consideração por aqueles que vivem com anemia aplástica. Por exemplo:
- Evitar exposição com multidões, que podem ter casos de resfriados, ou doenças contagiosas;
- Boa higiene, principalmente, lavar as mãos, escovar os dentes regularmente, tomar banho diariamente e prestar mais atenção às áreas difíceis de limpar, como as dobras da pele e em torno do ânus;
- Evitar ter cortes e arranhões na pele;
- Evitar atividades que possam causar hematomas;
- Não entrar em contado com instrumentos afiados como pregos, lâminas e facas;
- Usar sapatos de sola grossa e calças compridas de tecido grosso;
- Usar escovas de dente macias;
- Alguns medicamentos podem afetar a capacidade de coagulação do sangue, portanto, é importante evitar medicamentos que contenham ácido acetil salicílico ou produtos semelhantes, a menos que o médico prescreva o uso desses remédios;
- Avisar todos os sinais que indicam que a contagem de plaquetas está baixa, como hematomas, sangramento nasal ou da gengiva, sangue na urina ou petéquias (pequenas manchas nos braços ou pernas);
- Procurar dormir mais e descansar entre atividades, a fim de que o corpo conserve mais energia;
- Realizar exercícios leves como caminhadas para dar mais energia ao paciente com anemia aplástica;
- Gastar energia apenas para realizar tarefas importantes;
- Por fim, quanto menos transfusão o paciente receber, melhor para ele.
Fonte: Celso Arrais, onco hematologista do hospital Nove de Julho