Síndrome de dumping: o que é, quando ela acontece e como tratar
Passar por uma cirurgia bariátrica não é simples, por isso são necessários tantos cuidados e acompanhamento médico. A síndrome de dumping, por exemplo, é uma das complicações que podem surgir como decorrência desse procedimento.
O que é síndrome de dumping?
“O dumping é a chegada do alimento mal processado ao intestino delgado“, explica o cirurgião do aparelho digestivo Dr Rodrigo Barbosa. “Ele acontece principalmente nos pacientes que fizeram bariátrica, mas também pode acontecer em outros pacientes que fizeram gastrectomia, ou seja, retiradas do estômago com ou sem desvio no intestino.”
Quando um pedaço do intestino é retirado, ou quando é feito um desvio nessa região, a comida chega mais rapidamente e de forma mal processada ao intestino delgado, fazendo com que o corpo tenha reações inesperadas.
“Para as pessoas que sofrem com esse mal, principalmente os pacientes que fazem bypass, um tipo de bariátrica, é uma sensação desesperadora, porque pode causar diversos sintomas”, relata.
Leia também: Como a poluição sonora interfere na sua saúde — e o que fazer para evitar
Sintomas da síndrome de dumping
O dumping, segundo o médico, também pode ser visto como um sinônimo de hiperosmolaridade. Nesses casos, o alimento mal processado, quando chega no intestino delgado, “chama” a água do sangue para ajudar na quebra das grandes moléculas.
Ou seja, a água do sangue, convocada para ajudar na digestão desses alimentos, principalmente do açúcar refinado, dos carboidratos simples e da gordura, gera alguns sintomas bastante perceptíveis. São eles:
- Tontura;
- Mal-estar;
- Fadiga;
- Diarreia explosiva.
Mas, calma, o dumping não aparece imediatamente depois da cirurgia, logo na primeira refeição que o paciente faz pós-bariátrica. “É comum depois que o paciente faz aquela refeição de uma feijoada, quando come um pouco mais de gordura e depois precisa correr para o banheiro… É o paciente que passa mal por comer um alimento mal processado.”
Tratamento para a síndrome dumping
A primeira coisa que o paciente de bariátrica precisa fazer para evitar o dumping é evitar os alimentos que fazem mal. Não ingerir os alimentos que mais gostamos (e que, muitas vezes, são os menos saudáveis) pode ser complicado. Por isso, o médico dá algumas dicas para lidar com a vontade e as guloseimas:
- Coma lentamente: dessa forma, o alimento chega ao intestino delgado mais devagar, dando tempo ao organismo de processar o que está acontecendo;
- Mastigue bem: quanto mais você mastigar, mais as enzimas que estão na boca vão digerir os alimentos — a boa mastigação facilita a digestão;
- Aumente a ingestão de fibras: se vai comer um alimento “proibido”, ingira outros com alto teor de fibras junto — por exemplo, uma salada.
O Dr Rodrigo explica, também, que é possível suplementar a fibra para evitar, principalmente, a diarreia explosiva. Para isso, é possível polvilhar o suplemento de fibra em uma sobremesa, o que vai aumentar o tempo de digestão e reduzir a necessidade do corpo de fazer a hiperosmolaridade.
Aqui, vale um parênteses: o dumping que gera diarreia é, via de regra, conhecido como tipo 1. O chamado dumping tipo 2 é um pouco diferente e também recebe um tratamento diferente.
Leia também: Síndrome de Ehlers-Danlos: saiba tudo sobre a rara condição
Dumping tipo 2
Nesse caso, o dumping é sinônimo de hipoglicemia, porque o açúcar não ingerido corretamente faz com que o pâncreas gere insulina para ajudar na absorção dessa substância — que, por estar mal digerida, não é captada. Por conta desse processo, o mal-estar acontece até 4 horas depois da refeição e os sintomas são um pouco mais extremos, com forte tontura, às vezes seguida de desmaio, palidez e sudorese — todos sintomas comuns da falta de açúcar no sangue.
Aqui, a solução, de acordo com o médico, é aumentar o ritmo alimentar. “Ou seja, se você tem esse tipo de dumping, tem que entender que a cada duas, três horas, precisa ingerir algum tipo de alimento, preferencialmente com carboidratos complexos e proteína”, explica.
Essa é a melhor forma de fazer com que o corpo capte melhor a energia derivada da digestão e absorção do açúcar — em resumo, o segredo, aqui, é diminuir o espaçamento das refeições.
Mesmo com tudo isso, pode acontecer ainda da síndrome de dumping não passar. A partir daí, é necessário um tratamento medicamentoso e um acompanhamento especial. “Porém, somente em uma consulta com especialista e fazendo os exames apropriados, é que vamos poder definir a conduta”, finaliza.
Fonte: Dr Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo.