Pedra na vesícula (colelitíase): o que é, causas, sintomas e tratamento
Pedra na vesícula (colelitíase) é uma condição caracterizada pela formação de pequenas pedras na vesícula biliar. O órgão está localizado próximo ao fígado e é responsável por armazenar a bile produzida por ele — isto é, secreção que contribui para a digestão, a quebra de gorduras e a absorção de algumas vitaminas. Assim, entenda melhor:
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Afinal, o que é a pedra na vesícula?
A bile é formada por água, colesterol, sais biliares, bilirrubinato e lecitina. Quando estão em equilíbrio, essas substâncias mantêm a bile em estado líquido. Contudo, quando colesterol, sais biliares ou bilirrubinatos são produzidos em excesso, há precipitação de pequenos grânulos, que podem resultar em cálculos biliares na vesícula.
Causas
“Alguns fatores podem levar ao aparecimento da pedra na vesícula, por exemplo: obesidade, perda de peso em um curto espaço de tempo, pacientes que são submetidos à cirurgia bariátrica e pessoas que têm hipercolesterolemia (colesterol alto)”, explica o cirurgião do aparelho digestivo e bariátrico Gustavo Patury.
Além disso, a hipertensão, consumo de cigarros, vida sedentária, uso de estrogênio e predisposição genética também contribuem para o diagnóstico.
Principais fatores de risco
- Obesidade;
- Idade acima de 40 anos;
- Familiares com pedra na vesícula;
- Gravidez;
- Reposição hormonal e uso de anticoncepcional oral;
- Dislipidemia (colesterol alto);
- Ganho ou perda de peso repentinos, como na cirurgia bariátrica;
- Uso de medicamentos análogos da somatostatina;
- Diabetes;
- Além disso, baixo consumo de fibras e alto de açúcares refinados;
- Anemia falciforme e outras anemias hemolíticas;
- Nutrição parenteral prolongada;
- Doenças intestinais crônicas, como doença de Crohn Parasitas na vesícula biliar;
- Por fim, variações do microbiota intestinal.
Sintomas de pedra na vesícula
O médico afirma que até 80% dos indivíduos com a condição podem não apresentar sintomas durante boa parte da vida. Alguns acabam descobrindo em exames de rotina (ultrassom, por exemplo).
Mas a pedra na vesícula também dá sinais em certos casos. O principal é a cólica biliar ou “cólica na vesícula”: dor forte que começa na boca do estômago e irradia para o lado direito e para as costas, principalmente depois 30 a 90 minutos de uma refeição rica em gorduras.
“Outros sintomas acontecem justamente quando a pedra sai da vesícula, pois ela pode entupir o canal e inflamar o órgão. O quadro é chamado de colecistite aguda e exige internação e operação de emergência”, complementa o especialista. Confira outros sintomas:
- Febre;
- Pele e olhos amarelos ou esverdeados;
- Diarreia frequente;
- Vômitos;
- Náuseas.
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Complicações
Além disso, o médico alerta para uma complicação da condição. “Acontece quando as pedras descem e entopem o principal canal para o fígado, obstruindo também o canal do pâncreas. Isso impossibilita, assim, a eliminação das enzimas que o último órgão produz, e o quadro evolui para uma pancreatite aguda”, diz. Neste caso, a taxa de mortalidade é de 7% a 15% dos casos.
As pancreatites podem ser quadros mais leves, quando o paciente fica internado poucos (de 3 a 7) dias, em jejum absoluto, aguardando condições para a cirurgia da vesícula, ou até muito graves, quando o paciente não tem condições de cirurgia pela gravidade do quadro inicial. Nesses casos, as internações são em UTI, pode haver queda de pressão arterial , falha de múltiplos órgãos, como coração, pulmões e rins
Mas as complicações não param na pancreatite aguda. Veja:
- Colecistite aguda: quando um cálculo obstrui o ducto cístico, então, causando inflamação e acúmulo de pus, peritonite ou acúmulo de muco;
- Fístulas (perfurações): podem acontecer no intestino delgado ou cólon, e geram obstrução intestinal, sangramento e infecções;
- Colangite e papilites: inflamação das vias biliares, podendo haver icterícia (circulação de bilirrubinas no sangue, levando a olhos e pele amarelados);
- Coledocolitíase: ou seja, cálculos no ducto que transporta a bile.
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Tratamentos para pedra na vesícula
O tratamento se resume à cirurgia para a retirada da vesícula, mesmo para pacientes assintomáticos. O cirurgião avalia o tamanho do cálculo e avalia o risco de evolução da condição para quadros mais graves. Assim, essa cirurgia é feita por videolaparoscopia e necessita de anestesia geral. Assim, a recuperação tende a ser rápida e tem baixos riscos se comparado aos riscos de possíveis complicações.
Tratamentos com medicamentos que diluem o cálcio também funcionam, mas somente em quadros onde a causa da pedra na vesícula acontece por colesterol.
Qual profissional procurar?
O gastroenterologista é quem deve tratar o caso se houver suspeita de pedra na vesícula. No entanto, se houver uma emergência, é preciso ir a um pronto atendimento. Então, um clínico ou cirurgião geral irá avaliar.
Estilo de vida pós diagnóstico
A alimentação conta muito para o diagnóstico da doença. Por isso, manter uma dieta rica em fibras e com pouca gordura é o mais indicado. Afinal, alimentos gordurosos podem causar aumento do colesterol. Sendo assim, também é importante abandonar o uso do cigarro. Mantenha uma rotina ativa de exercícios físicos. Por fim, evite os jejuns por longos períodos.
Prevenção
- Evitar comer alimentos gordurosos;
- Realizar exames de colesterol regularmente e realizar o tratamento em caso de colesterol alto;
- Não fumar;
- Por fim, manter um estilo de vida saudável, com atividade física e rica em legumes, verduras e frutas.
Programas Vitat
Fonte: Gustavo Patury, cirurgião do aparelho digestivo e bariátrico; Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde.
Revisado por Monike Lourenço Dias Rodrigues, endocrinologista.
Referências: Clinica Médica na Prática Diária; Celmo Celeno Porto, 2a edição, 2022, Editora Guanabara & Koogan .