O que o grazing, ato de “beliscar” sem fome, diz sobre a nossa saúde mental
É comum sentirmos vontade de “beliscar” algum alimento entre as refeições de vez em quando, e isso pode acontecer por diversos motivos: almoço que não foi suficiente, ansiedade, nervosismo, snacks fáceis de acessar… Contudo, adotar o hábito de forma compulsiva tem um nome: grazing.
O que é o grazing?
De acordo com o psicólogo Alexander Bez, o grazing é considerado um transtorno alimentar. Nele, a pessoa tem a necessidade de consumir alimentos constantemente ao longo do dia.
“Essas ingestões normalmente são quantidades pequenas, mas padronizadas. Trata-se de uma ação essencialmente obsessiva-compulsiva de aspecto inconsciente. Ou seja, não há intenção na ação, é como se ela acontecesse naturalmente”, complementa o especialista.
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Quando o grazing é um sinal de alerta
Como já dito anteriormente, sentir vontade de beliscar uma coisinha ou outra de vez em quando não é um problema. O sinal de alerta está nas consequências que esse ato pode trazer se adotado com frequência — ou, então, descontroladamente.
Por isso, vale prestar atenção a alguns sinais e sintomas que podem acompanhar:
- Sensações de estufamento e/ou mal-estar, geradas pelo excesso de alimentação;
- Baixa autoestima;
- Sentimentos depressivos ou ansiosos;
- Estresse excessivo;
- Histórico de transtornos alimentares;
- Culpa depois do consumo do lanchinho.
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Como lidar ou prevenir?
Primeiramente, Alexander Bez explica que é preciso identificar os motivos que levaram a pessoa a beliscar compulsivamente. Isso pode ser feito com a ajuda da psicoterapia, que também é uma grande aliada no tratamento dos gatilhos. Em alguns casos, também pode ser necessário um acompanhamento com um psiquiatra, com o possível uso de medicamentos.
“Quando o estresse e a ansiedade estão presentes na rotina do paciente, compulsões alimentares (como o grazing) aparecem, e há a tentativa de compensar esses sentimentos por meio da ingestão de frituras, doces e itens calóricos. Isso se dá principalmente porque o cortisol [conhecido como hormônio do estresse] foi lançado na corrente sanguínea, demandando essa ingestão energética e favorecendo o transtorno”, explica o psicólogo.
Por isso, é importante também adotar hábitos em prol da saúde mental. O que inclui a prática regular de atividade física, sono de qualidade, reforço da vida social, entre outros. Além disso, vale fazer trocas mais saudáveis na hora de beliscar: frutas, castanhas e chips de coco (sem açúcar) costumam ser melhores do que salgadinhos e sobremesas industrializados.
Fonte: Alexander Bez, psicólogo, especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM), em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA) e em Saúde Mental.