Fim de ano e depressão: Como evitar os gatilhos emocionais da época?

Bem-estar Equilíbrio
20 de Dezembro, 2021
Fim de ano e depressão: Como evitar os gatilhos emocionais da época?

O Natal e o Ano Novo despertam emoções, lembranças e reflexões que podem mexer com a saúde mental — especialmente depois de dois anos de pandemia da Covid-19, que deixou as pessoas mais fragilizadas. Por isso, no fim de ano, quem já passou por quadros de depressão precisa estar mais atento a um possível retorno dos sintomas.

De acordo com Vanessa Favaro, psiquiatra e coordenadora dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/FMUSP), mesmo que os cuidados com os transtornos mentais sejam indicados a todas as pessoas, aquelas com o diagnóstico de depressão podem estar mais vulneráveis nesse período, e demandam mais atenção.

O cuidado com a saúde mental perpassa diferentes abordagens, por exemplo:

  • Psicoterapia;
  • Medicamentos, quando necessário;
  • Exercícios físicos regulares;
  • Encontros com amigos e familiares;
  • Atividades que contribuam para o bem-estar emocional.

Segundo Favaro, por meio dessas atitudes, o paciente é capaz de desenvolver o autoconhecimento necessário para avaliar os próprios sentimentos e, dessa forma, evitar que os sintomas se tornem dominantes ou prejudiquem a qualidade de vida. “Você consegue, assim, fazer as medidas que vão cursar com uma melhoria daquela situação ou daquela tendência”, destaca.

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Fim de ano e recaídas da depressão

Por ser uma doença crônica, os pacientes diagnosticados com depressão têm períodos de melhora dos sintomas e, caso parem de tomar a medicação, podem ter uma recaída e o retorno do quadro depressivo.

Os sinais que devem chamar atenção variam de acordo com cada indivíduo: alguns podem ficar mais retraídos e não querer mais sair de casa, e outros podem ter dificuldades de concentração ou uma tristeza sem origem definida. Os mais comuns são:

  • Mudança no apetite: comer demais, muito além do habitual e ganhar peso, ou então não comer o necessário para se manter bem, e perder peso;
  • Alterações no sono: dormir demais, muito além do que está acostumado, ou, por outro lado, dormir pouco e passar a noite em claro;
  • Mudança no comportamento: deixar de fazer as atividades que antes eram importantes, como passeios e encontros com amigos.

A especialista explica que essas alterações na rotina não ocorrem de um dia para outro, mas levam semanas ou meses. Ainda assim, identificar esses sinais é o primeiro passo.

O segundo, de acordo com Favaro, é avisar as pessoas próximas, familiares, amigos, médico psiquiatra ou psicólogo e pedir ajuda. Em algumas situações, pode ser necessário ajustar a medicação, alterar o remédio ou mesmo aumentar a dose.

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Amigo com depressão: o que eu posso (e o que não posso) fazer?

Estar perto de alguém com depressão pode gerar sentimentos de impotência e frustração, e uma dificuldade em aceitar a própria limitação. Contudo, isso não significa que não há nada que possa ser feito.

Segundo Favaro, ser um ouvido atento, ter um olhar amoroso e se municiar de argumentos que façam sentido para a pessoa são algumas atitudes indicadas. “[Para ajudar o familiar ou o amigo, a pessoa deve] ver quais são as entradas possíveis. Ficar atento para ver o que faz sentido, qual argumento, qual momento em que você pode falar que vai segurar a pessoa na busca por uma vida melhor, ou por uma vida mais gostosa”, explica.

A principal atitude na lista do que “não fazer” é: não subestimar os sentimentos do amigo ou familiar com depressão. Isso fará com que a pessoa se sinta mais incompreendida e se afaste. Por mais que seja difícil compreender os motivos para ela estar assim, a especialista explica que é importante entender que os sentimentos são inevitáveis, aceitar o que está acontecendo e buscar ajuda.

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Fim de ano ou depressão?

Nem todo sentimento de tristeza ou melancolia é, necessariamente, um sinal do transtorno. Isso porque o período de fim de ano traz o balanço emocional dos últimos meses e pode carregar essas sensações — o que pode confundir com a depressão.

“Existem sentimentos que são necessários. Se você perdeu um familiar neste ano, lógico que estará mais triste no fim de ano, porque você sempre se reunia com essa pessoa. Vão brotar muitas memórias”, explica Favaro. Sentir essa tristeza é permitido, porque isso dará tempo e ritmo de cura para a sua mente, segundo a especialista. “Sentir tristeza não é algo ruim, necessariamente”, completa.

Se eles se tornarem dominantes, vale maior atenção. De acordo com a Vanessa, para fazer o diagnóstico de depressão os especialistas se baseiam nos prejuízos causados pelo sofrimento, como a perda de possibilidades, oportunidades e satisfações; a duração em que ocorre e o impacto que exerce nas pessoas próximas.

São também considerados sinais relevantes para a doença a perda de interesse em atividades que antes traziam prazer e aliviavam os sentimentos de tristeza, como encontros com amigos, passeios ao ar livre e distrações cotidianas. “A pessoa que está com depressão não é capaz de correr atrás e usufruir das possibilidades de saída, que muitas vezes são através dos outros relacionamentos, das coisas positivas que trazem uma elevação para o nosso ânimo”, explica a especialista.

Fonte: Agência Einstein, sob orientação da jornalista Amanda Milléo.

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