Gravidez molar: O que é, causas, sintomas e tratamentos
Para a maioria das pessoas, a descoberta de uma gravidez representa a realização de um sonho. Mas existem algumas complicações que podem levar à interrupção desse momento tão especial. É o caso, por exemplo, da gravidez molar, também conhecida como mola hidatiforme e gravidez em mola.
Essa é uma alteração genética bastante rara, que acomete apenas uma entre 200 e 400 gestações no Brasil. De acordo com a ginecologista e obstetra Cynthia van Tol Duarte, da Clínica VidaBemVinda, a condição pode acontecer por conta de uma variação no momento da fecundação, quando ocorre o crescimento de células anormais dentro do útero. “Dependendo do nível de gravidade, pode até evoluir para um tumor maligno, colocando em risco a vida da mulher”, alerta a médica.
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Causas da gravidez molar
A ciência ainda não sabe ao certo porque a gravidez molar acontece, no entanto, acredita-se que as principais causas são: dois espermatozoides diferentes fecundando o mesmo óvulo; ou então a fecundação de um óvulo saudável por um espermatozoide imperfeito.
A gravidez molar se divide em dois tipos diferentes, a completa e a parcial. No primeiro caso, está presente somente o tecido anormal da placenta, que apresenta formato parecido com um cacho de uva, sem óvulo de núcleo ativo. Contudo, trata-se do tipo mais frequente e perigoso da doença.
Na gravidez molar parcial ou incompleta, também há presença de tecido fetal, mas, por consequência da fecundação de um óvulo com núcleo ativo por dois espermatozoides, as células contêm 69 cromossomos ao invés dos 46 que constituem uma gestação normal.
Cynthia esclarece que, infelizmente, o desenvolvimento do embrião é inviável nas duas situações.
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Sintomas e diagnóstico
Os sintomas da gravidez molar, logo no início, são os mesmos de uma gravidez normal. Isto é, enjoo, vômito e dor na lombar. Entretanto, há outros sinais de alerta muito importantes:
- Sangramento vaginal;
- Inchaço abdominal, uma vez que há crescimento mais rápido do útero;
- Cistos no ovário pelo aumento do hormônio HCG;
- Aumento da pressão arterial;
- Anemia;
- Alteração de hormônios da tireoide.
“O diagnóstico é feito por um ultrassom transvaginal em que são visualizadas vesículas (“bolinhas”) dentro do útero, com a presença ou não de embrião, normalmente entre seis e nove semanas de atraso menstrual. Além disso, os níveis séricos de HCG podem estar mais aumentados que o normal”, explica a obstetra.
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Tratamento da gravidez molar
De acordo com Cynthia, o principal tratamento do problema consiste no esvaziamento uterino por meio de um processo chamado de curetagem. Também requer acompanhamento da dosagem do hormônio HCG. Isso é importante para checar se existe alguma evolução maligna, já que, se eliminadas de forma inadequada, as células anormais podem se tornar um tumor na parede uterina.
“Em casos mais graves, quando há evolução para tumor maligno, o tratamento pode ser com cirurgia para retirada completa do útero e até mesmo quimioterapia.”
A boa notícia é que, após a remissão completa da doença, é possível engravidar novamente, mas o indicado é que isso aconteça depois de, pelo menos, seis meses do tratamento. “A chance é de 98% de ter uma gravidez normal”, diz Cynthia.
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Fonte: Cynthia van Tol Duarte, ginecologista e obstetra da Clínica VidaBemVinda.