Se você já fez algum exame de sangue, provavelmente já deve ter visto a palavra ferro sérico. Mas você sabe o que isso significa?
De acordo com o Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil, hematologista do Hospital Santa Paula, o ferro é um dos elementos mais importantes do nosso corpo. “Não por acaso, duas consultas mais frequentemente observadas nos consultórios de hematologia geral são pela falta de ferro e excesso de ferro”, informa.
Cerca de 70% do total de ferro que está em nosso corpo é encontrado dentro dos glóbulos vermelhos ‘depositados’ em uma molécula chamada hemoglobina.
“Isto ocorre porque nós temos cerca de 5 a 6 milhões de glóbulos vermelhos em cada microlitro de sangue, em cada um destes glóbulos vermelhos existem cerca de 250 milhões de moléculas de hemoglobina e em cada molécula de hemoglobina encontramos um íon de ferro”, esclarece o hematologista.
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A presença do ferro ligado à hemoglobina no interior dos glóbulos vermelhos é fundamental para a vida devido a sua facilidade em se ligar ao oxigênio.
Segundo o Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil, quando há falta de ferro, a captação do oxigênio por parte da hemoglobina se torna muito reduzida.
“Em consequência da diminuição da captação de oxigênio por parte da hemoglobina, teremos a redução de oferta adequada de oxigênio aos vários órgãos, tecidos e células do corpo”, informa o especialista.
Dessa forma, o hematologista do Hospital Santa Paula informa o que acontece quando temos a falta de ferro em nosso corpo. Portanto, confira abaixo:
A confirmação da falta de ferro pode ser feita através de um simples exame de sangue. No entanto, de acordo com o especialista, não é a dosagem de ferro no sangue o exame mais adequado para esta situação.
“Isto porque o ferro sérico, por apresentar muitas variações durante o dia, é um exame pouco confiável. Assim, o melhor exame para detectar a falta de ferro é a dosagem da ferritina sérica”, informa o hematologista.
Assim, a ferritina é uma proteína que mostra a quantidade de ferro estocado em nosso corpo. Sua maior quantidade está no fígado, mas sua porção no sangue reflete melhor a falta de ferro.
O Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil indica que a falta de ferro tem alguns estágios. Saiba quais são eles:
“O estágio inicial mostra hemoglobina normal, a ausência de anemia. Porém, o paciente já apresenta ferritina sérica reduzida”, comunica o especialista.
Neste caso, o paciente pode apresentar alguns sintomas como unhas quebradiças e excesso de queda de cabelo e algum cansaço, porém sintomas discretos.
O estágio final é a anemia ferropriva, onde o paciente irá apresentar muitos dos sintomas do estágio inicial, mas na intensidade proporcional à queda do valor da hemoglobina e a velocidade em que esta queda ocorreu.
“O valor da hemoglobina pode ser verificado em um simples hemograma. Muitos pacientes se preocupam com o fato da anemia ferropriva pode levar à leucemia, mas isso não ocorre”, tranquiliza o hematologista do Hospital Santa Paula.
A anemia ferropriva pode agravar a falta de ar, o cansaço e tornar a indisposição mais acentuada, mas será sempre uma anemia por falta de ferro.
Segundo o Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil, a causa da falta de ferro pode ser resumida em um desequilíbrio entre a menor quantidade de ferro ingerida e a maior quantidade de ferro perdida. Além disso, o problema pode ser causado pelos seguintes fatores:
O tratamento da falta de ferro se sustenta sobre dois pilares, saiba mais sobre eles:
De acordo com o especialista, a reposição de ferro deve ser feita, preferencialmente, por via oral, por ser a mais natural e fisiológica, através de comprimidos que possuem sais de ferro que diferem quanto a possibilidade de maior absorção e menor quantidade de efeitos colaterais.
“Esses comprimidos nunca devem ser administrados mais do que 2 vezes ao dia e tem de ser consumidos após ingestão alimentar”, indica o hematologista.
Frequentemente, se solicita uso de ferro pela veia que estão hoje disponíveis em duas modalidades: o sacarato de hidróxido férrico e a carboximaltose férrica.
Entretanto, o Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil afirma em quais casos é solicitado o uso de ferro de administração intravenosa:
“A duração do tratamento dependerá da correção da causa que levou o paciente a desenvolver a falta de ferro e estará somente completo quando o paciente não mais apresentar anemia e a ferritina sérica atingir valores normais”, recomenda o especialista.
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Segundo o Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil, o ferro solto e livre consegue reagir quimicamente com muitos outros elementos – e os mais temidos são os que chamamos de radicais livres. Ao se juntar aos radicais livres, o ferro pode se tornar tóxico para vários órgãos e tecidos, principalmente para o coração, pâncreas e fígado.
“No coração, poderá provocar arritmia, no pâncreas poderá provocar diabete e no fígado poderá levar a cirrose. Contudo, estes comprometimentos são incomuns no dia a dia. Isso porque, para levar a comprometimento e lesão em órgãos, a ferritina deve estar persistentemente acima de 1500 ng/mL”, finaliza o hematologista.
Fonte: Dr. Sergio Augusto Buzian Brasil, hematologista do Hospital Santa Paula.