Dieta vegana e queda de cabelo: o que comer e dicas de cuidados
Muitas pessoas acham que há uma relação entre a dieta vegana e queda de cabelo. Mas, afinal, isso faz algum sentido?
De acordo com a dermatologista Jaqueline Zmijevski, cerca de 85% do cabelo é formado de queratina, que é uma proteína. É por isso, então, que seu consumo é tão importante para fios saudáveis.
“A queda vai depender muito mais dos macros e micronutrientes que o paciente consome do que se ele é de fonte animal ou vegetal”, ela explica.
A seguir, a médica fala sobre a relação entre a dieta vegana e a queda de cabelo e dá dicas de cuidados para evitá-la.
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Dieta vegana e queda de cabelo: qual é a relação?
Jaqueline explica que o cabelo é um tecido de excreção formado de aminoácidos sobressalentes para essa função. A proteína, por sua vez, é formada por um conjunto de aminoácidos.
“Se não houver a sobra de aminoácidos na dieta, não há boa síntese de queratina. Além disso, minerais como ferro e zinco, além de vitaminas do complexo B, também participam da manutenção da saúde do cabelo”, ela aponta.
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“As proteínas das fontes animais têm alto valor biológico. Elas contam com os nove aminoácidos essenciais (triptofano, fenilalanina, leucina, valina, isoleucina, lisina, treonina, metionina e histidina)”, explica.
E continua: “No caso das fontes vegetais, contudo, elas têm que ser combinadas para garantir os aminoácidos essenciais”.
O que comer na dieta vegana para ter fios saudáveis
Quando pensamos em construção do fio de cabelo, dois aminoácidos são mais relevantes: a metionina e a lisina. Assim, a dieta vegana precisa contar com fontes como feijão, lentilha, brotos, soja, grão de bico, quinoa, amêndoa, nozes, etc.
“O prato tradizional de feijão com arroz, portanto, é uma boa pedida para ter os dois, já que o arroz é rico em metionina e deficiente em lisina, enquanto o feijão é rico em lisina e deficiente em metionina”, afirma a médica.
Além das proteínas, outro ponto a considerar em dietas veganas é o consumo de ferro.
“Ele é o mineral que tem mais relação com a queda de cabelos, principalmente para as mulheres, que têm maior perda desse nutriente por conta do fluxo menstrual”, explica Jaqueline.
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“O ferro de origem animal é até cinco vezes mais absorvido, já que ele está ligado a proteínas. Outro motivo para a dificuldade de absorção do ferro vegetal é a presença de antinutrientes como os fitatos, mas deixá-los de molho entre 8 e 24 horas e o cozimento são estratégias que diminuem a presença de fitatos”, ela esclarece
E continua: “Evitar o consumo de café, chá preto e verde próximo às refeições também otimiza a absorção de ferro. O paciente também pode associar alimentos ricos em Vitamina C, que aumenta a absorção desse mineral”.
No caso do zinco, as principais fontes vegetais são: feijão, amendoim, semente de abóbora e grão de bico.
A Vitamina B12 também é uma preocupação, já que as principais fontes são de origem animal (carnes, ovos e laticínios) e sua deficiência é uma das principais causas de queda capilar em veganos e vegetarianos.
“Nesse caso, suplementos orais ou alimentos enriquecidos podem ajudar. Ambos utilizam vitamina b12 produzida a partir de cultura de bactérias em laboratório”, conta a médica.
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E o que não comer?
A médica ressalta que uma alimentação equilibrada e natural, com menor consumo de ultraprocessados, também pode ajudar no crescimento dos fios.
“Evite aqueles alimentos que ‘simulam’ as proteínas de origem animal, mas são feitos com combinação de plantas e aditivos químicos. Em sua maioria, eles são considerados alimentos ultraprocessados, com adição de substâncias sintetizadas em laboratório (com corantes, aromatizantes, conservantes e aditivos)”, aponta ela.
“Esse processamento é o que torna tais alimentos mais agradáveis ao paladar e similares aos produtos que se propõem a substituir, mas quando consumidos em excesso também podem inflamar o corpo, afetando também a saúde capilar”, finaliza.
Fonte: Jaqueline Zmijevski, dermatologista, do Mato Grosso do Sul.