Depressão: o que é, sintomas, causas e tratamento

Bem-estar Equilíbrio
10 de Junho, 2022
Depressão: o que é, sintomas, causas e tratamento

Provavelmente você conhece ou é próximo de alguém diagnosticado com depressão, afinal, é um dos distúrbios psicológicos mais comuns nos dias atuais. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior taxa de depressão da América Latina, afetando 5,8% da população. 

O que é depressão?

A depressão é uma doença que pode afetar tanto a saúde mental quanto a física. Assim, o distúrbio surge quando ocorrem desequilíbrios nos neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer e bem-estar: serotonina, dopamina, noradrenalina e melatonina.

Antes de mais nada, a doença provoca sentimentos de tristeza e perda de interesse em coisas que normalmente se tinha prazer em fazer. Além disso, o transtorno leva a uma variedade de problemas, incapacitando a pessoa de realizar tarefas simples. Como por exemplo, limpar a casa. 

Ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será a doença mais incapacitante em todo o mundo até 2020, afetando mais de 300 milhões de pessoas. Assim, no Brasil, 5,8% da população tem a doença.

Sintomas da depressão: físicos

Distúrbios do sono

Geralmente, pessoas deprimidas costumam ter problemas com o sono. Seja pela dificuldade em conseguir dormir, por ter diversos pensamentos ao mesmo tempo, ou dormir como uma forma de “fuga”.

Cansaço ou fadiga

O cansaço ou fadiga é um dos sintomas físicos mais comuns da depressão, que ocorre pela falta dos neurotransmissores. Inclusive, muitas pessoas acabam confundindo com outras condições físicas. Assim, realizar tarefas diárias como tomar banho ou fazer tarefas domésticas, se tornam quase impossíveis.

Problemas na visão

Segundo um estudo realizado em 2010, na Alemanha, a depressão também pode afetar a visão. Dessa maneira, os resultados mostraram que as pessoas deprimidas tiveram dificuldade em diferenciar as cores preto e branco.

Dor de cabeça

A depressão também pode ser o motivo para as dores de cabeça, tipo cefaleia. Caracterizada pela National Headache Foundation como “cefaléia tensional”, esse tipo de dor de cabeça pode ser parecida com uma leve sensação de latejamento –  especialmente ao redor das sobrancelhas.

Imunidade baixa

O estresse causado pelo transtorno também pode fazer com que o sistema imunológico seja afetado. Isso porque, quando não estamos bem emocionalmente, ocorre uma liberação descontrolada de hormônios, afetando as células de defesa.

Sintomas da depressão: psicológicos

  • Falta de motivação;
  • Tristeza excessiva;
  • Irritabilidade;
  • Pensamentos negativos;
  • Falta de prazer em atividades que antes eram consideradas agradáveis;
  • Baixa autoestima.

Causas

Existem diversos fatores – tanto internos quanto externos – que contribuem para o desenvolvimento da depressão. Por isso, é importante que pessoas com o transtorno façam acompanhamento psicológico para identificar a causa. 

Dessa forma, saiba quais são os fatores mais comuns que podem desencadear a depressão:

  • Traumas emocionais, como bullying, por exemplo;
  • Acontecimentos traumáticos (incluindo divórcio, perda de ente querido, etc);
  • Alterações hormonais;
  • Uso de medicações;
  • Doenças crônicas (AVC, câncer, diabetes, entre outros)

Tipos de depressão

Depressão psicótica

Segundo estudos, a depressão psicótica afeta cerca de 15% dos casos de depressão maior. Neste distúrbio, os indivíduos podem apresentar alucinações, delírios, tristeza, sentimentos de culpa e até mesmo comportamentos autolesivos. 

Sintomas

Os sintomas da depressão psicótica podem variar de pessoa para pessoa. Mas os mais comuns incluem:

  • Mudanças no humor: Uma das principais características da depressão maior é o humor triste, na depressão psicótica não é diferente. Ataques de raiva sem motivo aparente também são comuns;
  • Baixa autoestima: Há um grande sentimento de culpa, insegurança e falta de amor próprio. Por isso, pessoas com esse tipo de transtorno tendem a ter delírios acreditando fielmente que não são amados;
  • Alterações no sono: Apresentar insônia, como por exemplo dormir durante o dia e permanecer acordado durante a noite;
  • Alucinações: Os indivíduos podem ouvir vozes que dizem, por exemplo, que um determinado familiar não as ama. Contudo, pessoas com depressão psicótica sabem que isso não é normal e optam por guardar isso para si mesmo, o que dificulta o diagnóstico;
  • Despreocupação com a higiene pessoal: Não tomar banho, não trocar de roupa, entre outros;
  • Não se relacionar ou se comunicar com as pessoas ao seu redor: Deixar de interagir, de se preocupar com os demais e manter uma relação saudável. 

Tratamento para depressão psicótica 

O diagnóstico costuma ser difícil na maioria das vezes. Inclusive, em casos mais graves o sofrimento é tanto que as pessoas acabam recorrendo à automutilação ou até mesmo ao suicídio.

A boa notícia é que assim como outros transtornos, há tratamento para a depressão psicótica, que consiste em antidepressivos e antipsicóticos. Mas o mais importante é realizar a psicoterapia para obter bons resultados.

Distimia 

A distimia, também conhecida como distúrbio distímico, é uma forma crônica de depressão, mas com sintomas menos intensos. Trata-se de uma doença psiquiátrica que, segundo a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), afeta quase 11 milhões de pessoas no país.

Desse modo, esse transtorno permanece por no mínimo dois anos, às vezes começando na infância, e pode se estender pelo resto da vida.

Sintomas

  • Tristeza ou mau humor na maior parte do dia;
  • Perda de prazer nas atividades que antes eram agradáveis;
  • Grande mudança em peso;
  • Perda ou aumento do apetite;
  • Insônia ou sono excessivo;
  • Inquietação;
  • Fadiga ou perda de energia;
  • Sentimentos de desesperança, inutilidade ou culpa excessiva;
  • Problemas de concentração;
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio;

Tratamento

Após o diagnóstico, o método de tratamento irá depender de cada caso. Nesse sentido, a maneira mais comum é com a psicoterapia, que ajuda a tratar o emocional do paciente, examinando os padrões de pensamentos e ajudando a resolver conflitos internos. Ademais, em casos mais graves, é necessário o uso de medicamentos que serão recomendados pelo psiquiatra.

Depressão pós-parto 

A depressão pós-parto surge após o parto, quando as mulheres vivenciam sintomas como tristeza, cansaço e irritabilidade excessivamente. Pode ocorrer de semanas a meses após o parto. Estima-se que 85% das novas mães sentem tristeza após o nascimento do bebê. Entretanto, para 16% das mulheres, essa tristeza é grave o suficiente para ser diagnosticada como um tipo de depressão. 

Sintomas

Os sintomas variam de pessoa para pessoa. Mas, geralmente, os mais comuns incluem:

  1. Tristeza; 
  2. Inquietação; 
  3. Pessimismo;
  4. Dor de cabeça;
  5. Alterações na alimentação (falta de apetite ou excesso de fome); 
  6. Perda de prazer em fazer atividades diárias; 
  7. Alterações no sono (insônia ou sono excessivo); 
  8. Cansaço; 
  9. Choro frequente; 
  10. Sentimento de culpa;
  11. Ansiedade
  12. Dificuldade de concentração;
  13. Pensamentos suicidas, delírios e alucinações.

Depressão refratária

A depressão refratária – também conhecida como depressão resistente – refere-se aos indivíduos resistentes ao tratamento da depressão comum.

Sintomas

Não há como saber previamente se uma pessoa possui depressão refratária. Entretanto, é fundamental estar atento se o paciente realizou o devido tratamento por completo e não obteve resultados. Se os sintomas melhoraram o mínimo possível e a pessoa ainda possui sinais de depressão, pode ser que ela tenha depressão refratária. 

Apesar de ser mais difícil de tratar, este tipo de depressão tem tratamento e pode ser evitada. Portanto, o ponto mais importante é buscar a orientação de um psiquiatra para que ele possa auxiliá-lo com a melhor abordagem.

Tratamento depressão refratária

As técnicas de tratamento para a depressão refratária podem incluir:

  • Psicoterapia: a psicoterapia é fundamental para o tratamento de depressão e qualquer outra condição de saúde mental. Durante as sessões o terapeuta auxiliará o paciente a mudar os hábitos, aumentando o prazer e a produtividade da sua rotina. 
  • Troca da medicação: trocar os medicamentos pode ajudar no processo de tratamento. Existem diversas pessoas com resistência a certos tipos de remédios, por isso, o psiquiatra deve receitar outro medicamento até o paciente se adequar.
  • Eletroconvulsoterapia: na eletroconvulsoterapia, o paciente passa por um procedimento onde ele recebe choques elétricos em partes específicas do cérebro, e isso promove uma melhora de alguns sintomas da depressão.

Depressão sorridente

A depressão sorridente – ou atípica – é um tipo de depressão que está presente mesmo quando o paciente apresenta sinais de bom humor.

Ou seja, quando pessoas com esse problema vivenciam situações positivas, podem demonstrar bom humor e uma certa felicidade. No entanto, assim que o impacto acaba, retorna  com a mesma potência ao estado deprimido.

Sintomas

  • Oscilação de humor;
  • Sono excessivo;
  • Problemas de concentração ou para tomar decisões do dia a dia;
  • Fadiga; 
  • Ganho de peso;
  • Sensibilidade a críticas;
  • Uma melhora temporária do estado de ânimo;
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Tratamento para depressão sorridente

Assim como para os outros tipos de depressão citados, o tratamento para a depressão sorridente consiste em psicoterapia, onde o terapeuta irá auxiliar o paciente a lidar melhor com os sintomas. Mas em casos mais graves, o psiquiatra indica o uso de medicamentos.

Depressão pós-férias

A depressão pós-férias consiste em um conjunto de sintomas como frustração e desânimo, que ocorre no retorno ao trabalho. Assim, esta condição pode surgir por diversos motivos. Como por exemplo, um relacionamento ruim com chefes e colegas e a desmotivação por atuar em uma área indesejada.

Uma pesquisa conduzida pela Associação Internacional de Gestão do Estresse (Isma), em 2012, mostrou que 23% dos brasileiros têm depressão pós-férias.

Sintomas

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Contudo, os mais comuns incluem:

  • Dor muscular;
  • Dor de cabeça;
  • Dificuldade para dormir;
  • Cansaço;
  • Raiva
  • Desânimo;
  • Angústia;
  • Ansiedade;
  • Culpa.

Dicas para se livrar da depressão pós-férias

É essencial buscar ajuda profissional quando os sintomas estão prejudicando a sua qualidade de vida. Porém, existem algumas dicas que podem ajudar:

Dividir as férias em 3 períodos

Uma das diversas formas de driblar a tristeza pelo fim das férias é dividi-las em 3 períodos. Dessa maneira, você pode aproveitar o seu tempo de descanso em momentos diferentes.

Seja grato

A gratidão é um sentimento de reconhecimento por algo bom que lhe trouxe benefícios. Além disso, geralmente, quando as pessoas agradecem, as situações fluem de uma maneira melhor.

O ato de agradecer pode descartar pontos negativos e sentimentos ruins da sua vida, fazendo focar sua atenção apenas em coisas boas e positivas.

Prepare sua volta das férias

A ideia de voltar para o trabalho com as atividades totalmente desorganizadas pode ser frustrante. Portanto, antes de as suas férias acabarem, planeje sobre quais projetos e ações você irá conduzir na empresa, para voltar com todo gás.

Especialidades envolvidas no tratamento de depressão

  • Psicólogo: é responsável por encontrar as raízes do problema e ajudar o paciente a retomar a vida social e profissional. 
  • Psiquiatra: recomenda os tratamentos indicados para cada caso, seja psicoterapia, medicamentos ou eletroconvulsoterapia, por exemplo.
  • Clínico geral: antes de o paciente ser indicado para um psiquiatra, ele precisa realizar exames para que o clínico geral descarte qualquer tipo de doença física.

Perguntas frequentes sobre depressão

Tem cura?

A depressão tem cura e mais de 80% dos indivíduos com transtornos depressivos melhoram com tratamento. Em primeiro lugar, o psiquiatra, juntamente com o psicólogo, busca entender quais são as razões da condição, que pode estar relacionada a diversos fatores. Depois, o especialista prescreve o medicamento de acordo com o caso de cada paciente. 

É necessário tomar antidepressivos pelo resto da vida?

De fato, algumas pessoas com o transtorno tomam antidepressivos por muitos anos para controlar seus sintomas. No entanto, raramente os remédios são prescritos para o resto da vida.

Na maioria das vezes, são necessárias de 2 a 4 semanas para os antidepressivos começarem a fazer efeito. Após 6 a 12 meses, as pessoas fazem um plano de “desmame” para reduzir ou parar totalmente a dosagem. Isso porque o medicamento não deve ser interrompido de uma hora para outra.

Exercícios físicos no tratamento da depressão

Incorporar exercícios na rotina pode reverter o quadro de depressão. Assim, praticar atividades físicas 4 horas por semana (cerca de 35 minutos por dia) pode diminuir episódios depressivos em 17%. É o que diz um estudo publicado no Depression and Anxiety. 

Qualquer modalidade, seja de baixo ou alto impacto como a natação, caminhada, corrida, exercício aeróbico, dança, yogapilates, e até mesmo tarefas domésticas, como subir escadas, conta.

Além disso, os exercícios físicos liberam hormônios como a serotonina, noradrenalina e dopamina, que estão ligadas a sentimentos de bem-estar e felicidade.

Sendo assim, a boa saúde física melhora o bem-estar da saúde mental, afinal, as duas estão relacionadas. O recomendado é que se encontre uma atividade para praticar diariamente. 

Como a alimentação saudável pode reduzir a depressão

De acordo com um estudo feito na Universidade Macquarie, na Austrália, ter uma alimentação saudável pode ajudar a aliviar sintomas da depressão.

Os pesquisadores procuraram por 77 jovens com idade entre 17 e 35 anos, que tinham sintomas elevados de depressão, e uma dieta calórica. Sendo assim, os participantes foram divididos em dois grupos, um que iria seguir uma rotina de dieta saudável e outro que manteria a dieta atual. Por três semanas o grupo de intervenção foi instruído a seguir uma dieta nutritiva que incluía vegetais, frutas, grãos integrais, e proteína magra.

Desse modo, eles avaliaram os sintomas depressivos antes e depois da dieta, e descobriram que 38 pessoas de cada grupo tiveram sintomas significativamente menores. Três meses após, eles continuaram observando os participantes para saber quais impactos a longo prazo uma dieta poderia ter sobre os sintomas depressão. Com isso, os pesquisadores viram que o grupo que tinha uma dieta saudável teve melhorias nos sintomas de depressão, enquanto o outro grupo continuou na linha de base.

Portanto, opte por alimentos como:

Programas Vitat – Linha de cuidados para quem tem depressão

Jornada de leveza

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Xô, tristeza

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Técnicas de respiração

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Links úteis

Biblioteca Virtual em Saúde

Cuidados pela Vida

Fontes

 Fonte: Dr. Fernando Gomes, médico neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de SP.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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