Fake news: Carne crua não aumenta a fertilidade e não melhora a digestão

Alimentação Bem-estar
01 de Abril, 2022
Fake news: Carne crua não aumenta a fertilidade e não melhora a digestão

Recentemente, dois casos envolvendo o consumo de carne crua viralizaram na internet. O primeiro deles aconteceu com a atriz estadunidense Heidi Montag, que publicou um vídeo mordendo um pedaço de fígado de boi.

Apesar das críticas, a personagem da da série The Hills: New Beginnings deu uma entrevista à revista People defendendo o hábito. “Estou tentando engravidar há mais de um ano e meio, e por isso, estou disposta a tentar coisas diferentes”, declarou. “É uma ótima fonte de nutrientes. Eu comecei a me sentir incrível depois de começar essa dieta. Muito mais energia, clareza, aumento da libido e melhora geral na dor crônica que tive.”

Em seguida, foi a vez do preparador físico Weam Breiche, de 31 anos, contar que consome cerca de 4500 calorias por dia, sendo 90% carnes cruas como fígado, cérebro, rins e testículos. Para ele, o maior benefício desse tipo de dieta seria a melhora da digestão. “Com uma refeição assim, você pode comer quase 1200 calorias e cinco minutos depois ir treinar sem ficar arrotando e sentindo que você não consegue se mover”, disse.

As duas declarações logo levantaram muitas dúvidas a respeito do assunto. Será mesmo que comer carne crua pode trazer as vantagens citadas? Veja o que diz uma especialista:

Comer carne crua aumenta a fertilidade?

De acordo com a nutricionista Adriana Stavro, “não há evidências que comprovem que uma dieta com carne ou vísceras cruas seja capaz de beneficiar a fertilidade. Não há dados e nem teorias confiáveis para sustentar tal hipótese.”

Atualmente, muitos casais sofrem com a infertilidade, problema que pode acometer tanto o homem quanto a mulher. E alguns fatores que envolvem o estilo de vida podem afetar a questão, por exemplo:

  • Alimentação;
  • Peso;
  • Sedentarismo;
  • Ademais, estresse;
  • Tabagismo;
  • Uso de drogas ilícitas;
  • Além disso, álcool em excesso.

Estudos mostram que uma nutrição adequada pode sim ser importante para a fertilidade. Nesse caso, um cardápio rico em alimentos de origem vegetal, carboidratos de baixo índice glicêmico, gorduras insaturadas e ingredientes fontes de ácido fólico e ferro faz muito mais sentido do que a carne crua.

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Comer carne crua melhora a digestão e potencializa a hipertrofia?

Aqui, é a mesma coisa: “não existe comprovação científica que comer carne crua aumenta o ganho de massa muscular”, afirma a nutricionista.

Na verdade, o que pesquisas mostram é que a velocidade de digestão das proteínas pode afetar o anabolismo proteico (isto é, síntese de moléculas complexas, nesse caso, os músculos).

“Após o exercício, as proteínas rápidas estimulam a síntese proteica de forma mais eficiente do que as proteínas lentas. Foi demonstrado que a carne pode ser uma fonte de proteínas rápidas”, explica Adriana Stavro.

Contudo, o tempo e a temperatura de cozimento também determinam a rapidez com que a carne será digerida pelo organismo. Ou seja, acontece exatamente o contrário do que Weam Breiche descreveu: carne crua não só atrapalha a digestão, como pode tornar a síntese proteica menos eficiente.

Riscos

Além disso, a especialista faz um alerta a respeito dos riscos que o consumo de carne crua (e até mal passada, viu?) pode trazer. “O alimento pode abrigar vários tipos de bactérias ruins, como Salmonella, Clostridium perfringens, E. coli, Listeria monocytogenes e Campylobacter.”

Desse modo, a ingestão desses micro-organismos pode levar a doenças como intoxicação alimentar, que gera sintomas nada agradáveis — dor de estômago, náuseas, diarreia e vômitos. Eles podem aparecer 30 minutos ou até uma semana depois do consumo da carne crua contaminada.

Um bom meio de eliminar esses bichinhos é através da cocção correta dos alimentos. “As carnes devem ser cozidas a uma temperatura interna de pelo menos 63°C, deixando descansar por 3 minutos antes de cortar ou comer. Enquanto a carne moída deve ser cozida a pelo menos 71°C”, recomenda.

Fonte: Adriana Stavro, nutricionista, mestre e especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

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