Anestesia peridural: o que é, quando é indicada e possíveis riscos

Saúde
05 de Outubro, 2022
Anestesia peridural: o que é, quando é indicada e possíveis riscos

Graças à anestesia, os médicos podem realizar cirurgias e procedimentos invasivos sem causar dor no paciente. Isso porque essa técnica visa bloquear temporariamente a capacidade do cérebro de reconhecer um estímulo doloroso. Vale entender, ainda, que existem vários tipos de anestesia, um exemplo é a peridural, também conhecida como anestesia epidural.

O que é anestesia?

João Manuel da Silva Júnior, anestesiologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) explica que a anestesia baseia-se em quatro ações: retirar a consciência, os movimentos, dor e o estímulo simpático proveniente do sistema nervoso.

Lembrando que a anestesia pode ter ação local, regional ou geral. Dessa forma, aplica-se a anestesia local no lugar exato onde a injúria está ocorrendo, através do bloqueio dos receptores da dor presentes na pele.

O bloqueio da dor também pode ser feito na medula espinhal, impedindo um sinal doloroso vindo de um nervo periférico, congestionando que o mesmo continue seu trajeto e chegue ao cérebro.

Além disso, a anestesia geral impede que o cérebro reconheça os sinais dolorosos que chegam a si, com o intuito de manter o paciente em estágio de inconsciência, relaxamento muscular e analgesia.

O que é anestesia peridural?

A anestesia peridural, de acordo com o anestesiologista, é a aplicação direta no sistema nervoso central de anestésicos que terão ação na sensibilidade, propriocepção e mobilidade. 

“Esse tipo de anestesia é realizada no neuroeixo, no ponto escolhido para melhor poder anestésico da coluna vertebral”, detalha.

O neuroeixo é composto pelo cérebro e pela medula espinhal. Sendo assim, pode-se definir a anestesia do neuroeixo como a interrupção temporária da condução de impulsos nas raízes dos nervos e na medula espinhal.

Onde acontece a aplicação?

De acordo com o médico do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), a anestesia peridural é aplicada na coluna e depende da cirurgia para escolher o nível mais adequado.

Vale lembrar que a anestesia peridural bloqueia a dor de apenas uma região do corpo, geralmente da cintura para baixo que inclui abdômen, costas e pernas, mas a pessoa ainda pode sentir o toque e a pressão. 

Tempo do efeito da peridural 

Cada tipo de anestesia possui um tempo de duração. João avisa que a anestesia peridural pode atingir o período de 24h e a perda de mobilidade de 2 até 6 horas, dependendo da quantidade injetada de anestésico. Além disso, é possível sentir o alívio das dores a partir de 10 a 15 minutos após a aplicação da anestesia peridural. 

Quando é indicada a anestesia peridural?

O especialista informa que indica-se a aplicação da peridural em cirurgias torácicas e abdominais que podem acarretar muita dor aos pacientes minimizando as necessidades de aplicação intravenosa de anestésicos e, com isso, menores efeitos colaterais com maior eficiência. O profissional cita alguns procedimentos cirúrgicos que utilizam a anestesia peridural. Por exemplo: 

  • Cesariana;
  • Reparo de hérnias;
  • Cirurgias gerais na mama, estômago ou fígado;
  • Cirurgias ortopédicas de quadril, joelho ou fraturas pélvicas; 
  • Cirurgias ginecológicas como histerectomia ou pequenas cirurgias no assoalho pélvico;
  • Cirurgias urológicas como remoção da próstata ou de pedras nos rins;
  • Cirurgias vasculares como amputação ou revascularização de vasos sanguíneos das pernas;
  • Cirurgias pediátricas como hérnia inguinal ou cirurgias ortopédicas;
  • Parto normal, em casos que a mulher tiver muitas horas de trabalho de parto ou que sinta muitas dores.

Como funciona

A anestesia peridural é realizada com um kit próprio de agulha e cateteres: “geralmente, com o paciente sentado é encontrado o melhor ponto da punção na coluna para realizar com método asséptico a punção”, esclarece.

Além disso, o especialista acrescenta que o anestésico é injetado e, após isso, passa um cateter que servirá para complementar anestésico, caso o paciente continue com dor.

Medicamentos utilizados na anestesia peridural 

Normalmente, utiliza-se anestésicos locais e opioides em doses baixas, de acordo com o profissional. Isso porque, nesse tipo de anestesia, o médico que controla quais medicamentos irá utilizar, a quantidade de anestésico e o tempo de duração.

Vantagens e desvantagens da anestesia peridural 

O médico anestesiologista indicou quais são as vantagens e desvantagens da anestesia peridural.

  • Vantagens: tem uma melhor analgesia comparada as outras técnicas e com menores quantidades de anestésicos minimizando efeitos colaterais;
  • Desvantagens: existem potenciais riscos, sendo o principal furar a dura-máter (meninge mais externa, formada de tecido conjuntivo denso), trazendo como consequência dores de cabeça de forte intensidade, entretanto melhoram em torno de 7 dias.

Cuidados antes e após a anestesia peridural 

Existem alguns cuidados que devem acontecer antes e depois da anestesia peridural: “os cuidados são os mesmos para toda anestesia. É importante o paciente estar hidratado e tranquilo para o procedimento em jejum de 8 h para dietas sólidas”, recomenda o especialista.

Lembrando que esse procedimento deve ser feito por profissional treinado no centro cirúrgico com técnica asséptica. Já os cuidados após a anestesia peridural consistem em evitar andar desacompanhado no primeiro dia e, caso tenha cateter, evitar movimentos bruscos que possam removê-lo

“Não há problemas com a questão de mobilização desde o primeiro dia, apenas é preciso se atentar aos cuidados descritos anteriormente”, ressalta.

Possíveis riscos da anestesia peridural

Os possíveis riscos da anestesia peridural, de acordo com o anestesiologista, podem acontecer em pacientes com distúrbios de coagulação, riscos de punção acidental da dura-máter com consequente cefaleia grave e risco de intoxicação pelo anestésico local na corrente sanguínea. “Entretanto, os riscos são baixíssimos em comparação aos benefícios”, tranquiliza.

Outros tipos de anestesia (geral, local e raquidiana)

Por fim, o médico diferencia os outros tipos de anestesia: a geral, local e raquidiana.

  • Anestesia geral: realiza-se com injeção dos anestésicos intravenosamente ou inalatória, ou de ambas formas em conjunto;
  • Anestesia local: é muito simples e dependente do volume de anestésico. Ela pode ser aplicada por qualquer médico não anestesista, tem poucos efeitos colaterais e na maioria são leves. Assim, aplica-se o anestésico diretamente no local da lesão ou do procedimento;
  • Raquianestesia: é semelhante à peridural, entretanto, com menos anestésicos e com injeção diretamente na coluna espinhal. Assim, ela é muito mais potente do que a peridural, porém com duração inferior.

“Ambas as técnicas anteriores proporcionam boa analgesia e imobilizam os pacientes, mas apenas a anestesia geral remove totalmente a consciência”, finaliza.

Fonte: João Manuel da Silva Júnior, anestesiologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).

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