Estudo com voluntários infectados de propósito com Covid traz novos dados sobre a doença

Saúde
04 de Fevereiro, 2022
Estudo com voluntários infectados de propósito com Covid traz novos dados sobre a doença

Cada vez mais, cientistas se debruçam em pesquisas que buscam entender melhor o funcionamento do coronavírus no organismo. Não é um desafio fácil investigar o vírus, já que ele evoluiu bastante desde o início da pandemia, ainda mais com o surgimento de novas cepas, como a ômicron. Agora, um estudo da Imperial College London, no Reino Unido, com voluntários infectados de propósito, indica mudanças no comportamento do vírus.

Como resultado, a pesquisa revela onde e quando o vírus se instala no corpo – e que algumas pessoas resistem à infecção.

Estudo com voluntários infectados é pioneiro

Esse foi o primeiro estudo realizado com voluntários infectados de propósito com a covid-19. A pesquisa teve como resultado novas informações sobre os estágios iniciais da doença.

Para realizar a pesquisa, cientistas infectaram de propósito 36 voluntários jovens, saudáveis ​​e não vacinados no hospital Royal Free, em Londres. Cada um dos voluntários, com idades entre 18 e 30 anos, recebeu uma carga viral idêntica de Covid – equivalente à quantidade em uma única gota lançada do nariz de alguém durante o pico da infecção por Covid.

Resultado traz novos dados sobre o coronavírus

Como resultado, pesquisadores descobriram que, dos 36 voluntários, apenas metade foi infectada. O fato, inclusive, será o foco de novas pesquisas, já que os cientistas querem entender como os demais – não vacinados e sem imunidade de infecções anteriores – resistiram ao vírus.

Naqueles que desenvolveram uma infecção, o vírus avançou rapidamente: os primeiros sintomas e os resultados positivos dos testes apareceram em apenas 42 horas. Vale lembrar que, atualmente, sabe-se que o tempo de exposição ao vírus até desenvolver os primeiros sintomas é de cerca de cinco dias.

Além disso, a quantidade de vírus atingiu o pico cerca de cinco dias após a infecção e permaneceu detectável até 12 dias depois. Vale lembrar que, aqui no Brasil, recentemente, o Ministério da Saúde reduziu o tempo de quarentena de 10 para 7 dias de isolamento. Os sintomas foram leves, mas alguns voluntários tiveram uma perda prolongada do olfato.

O estudo mostrou também que, embora o vírus se instale na garganta, uma quantidade ainda maior pode ser encontrada no nariz, levando os pesquisadores a enfatizar a importância do uso de máscaras.

Vale destacar que o vírus usado no estudo foi uma variante retirada de um paciente no início da pandemia. Novos estudos do tipo devem explorar variantes mais recentes.

A ciência agradece

O estudo feito com voluntários infectados revela que é relativamente segura a infecção por covid para fins de pesquisa, já que abre novos caminhos para estudar a infecção. Outros semelhantes produziram avanços na medicina, como uma nova vacina contra febre tifoide. Agora, espera-se que a mesma abordagem possa levar a uma nova geração de vacinas e antivirais contra a Covid. Espera-se, também, que se descubram novas informações sobre os estágios iniciais de uma infecção, mesmo antes do desenvolvimento de sintomas.

Ademais, as descobertas foram publicadas online, mas ainda não passaram por peer review, ou seja, não foram formalmente revisadas por outros cientistas. “Este importante estudo forneceu mais dados importantes sobre a Covid-19 e como ela se espalha, o que é inestimável para aprender mais sobre esse novo vírus, para que possamos ajustar nossa resposta”, disse Jonathan Van-Tam, principal conselheiro médico do governo do Reino Unido.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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